Viajante Responsável

Quais os impactos do turismo nos oceanos e o que podemos fazer para protegê-los?

impactos do turismo nos oceanos
Foto: Alex D'Alessio
Escrito por Ana Duék

Os mares e oceanos ocupam cerca de 70,7% da superfície do planeta e abrigam entre 500.000 e 10 milhões de espécies marinhas. Especialistas e a ONU consideram os oceanos os verdadeiros pulmões do planeta, já que produzem, através de plantas marinhas, a maior parte do oxigênio que respiramos. Mas nossos mares e oceanos, aqueles que fazem parte de muitas das nossas viagens, estão em perigo. Embora muitas vezes distantes de nossas vistas, os impactos negativos nos oceanos, que vão do excesso de lixo, à pesca predatória, derramamentos de óleo, branqueamento de corais e extinção de espécies, são responsabilidade de todos nós.

E o que o turismo tem a ver com isso? Tudo! Embora ainda tenhamos poucos dados exatos, os impactos do turismo nos oceanos são os mais diversos, com as construções irregulares em zonas costeiras e excessos de lixo e esgoto em destinos de praia tradicionais; atividades de barcos e mergulhos não fiscalizados; emissões abusivas de CO2 de cruzeiros e até mesmo o volume de protetores solares tóxicos.

O outro lado da história é que as atividades de turismo não só têm ajudado na destruição dos oceanos, mas elas são diretamente afetadas por essas transformações. Afinal de contas, qual é o turista que quer frequentar praias cheias de lixo ou mergulhar em lugares onde já não se tem mais vida marinha para observar? De acordo com o relatório ‘The Ocean Economy in 2030‘, produzido pela OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development), o turismo marítimo e costeiro contribui com 24% do valor agregado das indústrias baseadas no oceano e fica atrás somente o petróleo e gás.

Mais do que nunca, o turismo responsável pode ser um dos setores essenciais para garantir a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e da economia azul, aquela formada pelas indústrias que dependem dos oceanos.

Estes são alguns dos impactos do turismo nos oceanos:

1. Turismo de massa e construções em regiões costeiras:

Como se já não bastasse o volume descontrolado de turistas em diversos destinos de praia, principalmente durante o verão, gerando níveis descontrolados de esgoto, falta d’água, lixo, trânsito, emissões de gases de efeito estufa e outros problemas, as construções ilegais para receber esses visitantes muitas vezes impactam diretamente nos ecossistemas costeiros e marinhos. Para se instalarem, muitos resorts e hotéis desmatam a costa, ocupam áreas de florestas de mangues ou recifes de coral e ainda despejam esgoto não tratado no mar.

impactos do turismo nos oceanos

Foto: Prescott Horn

2. Plásticos e outros resíduos:

Os oceanos recebem cerca de 8 milhões de toneladas de plástico (25 milhões de toneladas de lixo) por ano. Eles se tornam microplásticos, são ingeridos por peixes, aves e moluscos e depois voltam diretamente para o nosso estômago. Não se sabe exatamente quanto desse lixo é produzido pelo turismo, mas certamente muito. É preciso lembrar ainda que o lixo que chega nos mares vem dos lugares mais diversos, de interiores distantes, através de rios e esgotos.

Somente no Mar Mediterrâneo, mais de 220 milhões de turistas aproveitam suas férias todos os anos nas praias. De acordo com o WWF (World Wildlife Fund), eles contribuem para um aumento de 40% no lixo (principalmente plástico) no Mediterrâneo a cada verão.

impactos do turismo nos oceanos

Foto: Brian Yurasits

Leia mais: como seu consumo de plástico afeta os oceanos? (do blog Quero Trabalhar com Mergulho)
3. Cruzeiros:

Um estudo da Transport & Environment de junho de 2019 identificou que os 203 navios de cruzeiro que operavam em águas europeias em 2019 emitiam mais gases poluentes do que todos os carros da Europa. Além dos gases atmosféricos, essas enormes cidades flutuantes são uma importante fonte de poluição marinha, através do despejo de lixo e esgoto não tratado no mar. Isso sem contar com a falta de compromissos sociais, éticos e ambientais com os destinos onde param por curtos períodos de tempo. Muitas empresas de cruzeiros estão finalmente se dando conta dos impactos negativos que causam e procurando revertê-los com práticas e tecnologias mais sustentáveis. Mas é importante acompanharmos e exigirmos essas atitudes.

Foto: Peter Hansen

4. Atividades aquáticas, ecossistemas e vidas marinhas:

Snorkeling, mergulhos, passeios de barco, caiaque, todas essas atividades recreativas também podem ter um enorme impacto nos ambientes marinhos se não forem praticadas com responsabilidade. Muitos nadadores arrastam nadadeiras por recifes de corais, batem com câmeras em animais ou até retiram eles da água para tirar fotos; embarcações lançam âncoras em lugares inapropriados e a vida marinha é drásticamente perturbada por pessoas chegando muito perto. Em muitos destinos turísticos, locais de nidificação de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção foram destruídos e perturbados por um grande número de viajantes. Há ainda quem induza comportamentos, como os casos de alimentação de tubarões para mergulhos com jaulas. Qualquer atividade humana em um ambiente de natureza, tende a transformar aquele local. O importante é avaliarmos o quanto.

Foto: Maja Novak

6. Sobrepesca:

O excesso de turismo em uma região também pode aumentar o consumo de frutos do mar, pressionando as populações locais de peixes e às vezes contribuindo para a sobrepesca. Neste caso, é essencial o que os próprios restaurantes e hotéis trabalhem sempre com pescadores locais, produtos da estação e o consumo consciente. Na verdade, a pesca intensiva, o bycatch e, principalmente, as redes abandonadas são os maiores problemas da vida marinha. As redes são a grande causa da poluição nos oceanos.

Foto: Cassiano Psomas

7. Conchas e outros souvenirs:

Você talvez nunca tenha imaginado, mas os souvenirs e bijuterias de conchas também estão ajudando a matar a vida marinha. Pode não parecer, mas este é um mercado grande. Toneladas de conchas são retiradas do mar por mês. Muitas ainda novinhas, com o molusco dentro. Na maioria dos casos, elas fazem parte de um enorme mercado ilegal. As conchas são grandes responsáveis por balancear o ecossistema marinho fazendo a limpeza e servindo como alimento para outros animais.

Foto: Pedro Lastra

8. Protetor solar tóxico:

Mais de 14.000 toneladas de filtro solar tóxico alcançam os oceanos a cada ano. Junto com outros químicos e poluição, o uso de filtro solar leva a deformações nos corais jovens, branqueamento dos recifes e impede que os corais cresçam, se reproduzam e sobrevivam. A substância tóxica dos filtros, a oxibenzona, também afeta peixes, algas e outros animais. Em 2018, o Havaí, o México e Aruba anunciaram a proibição da venda de loções protetoras não biodegradáveis.

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?