Viajante Responsável

Estamos prontos para o fim da exploração de cavalos nos passeios de charrete?

passeios de charrete
Escrito por Ana Duék

Na última sexta-feira (23/2), a prefeitura de Paraty e a Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro assinaram um decreto que cria um grupo de trabalho para a realização de estudos para extinguir o uso de veículos de tração animal em passeios de charrete no Centro Histórico de Paraty. A iniciativa ganhou força depois que a ativista e influenciadora Luisa Mell publicou uma denúncia no seu Instagram, pedindo o fim da exploração dos cavalos no município. “Flip 2024 sem escravidão”, escreveu ela. A proposta da município é substituir as antigas charretes por modelos elétricos.

O fim da exploração de cavalos em passeios turísticos de charrete tem sido um passo importante para os destinos que querem se posicionar de forma mais responsável e caminhar para a sustentabilidade, já que o bem-estar e os direitos dos animais são aspectos essenciais nessa jornada. No Brasil e no mundo, temos visto cada vez mais destinos se mobilizando para substituir as charretes de tração animal por alternativas, como as charretes elétricas ou tuk-tuks. A mudança tem sido motivada principalmente após mobilizações, petições e denúncias de ativistas.

Em janeiro de 2024, após a morte de um cavalo em Morro de São Paulo, Bahia, Luisa Mell fez a denúncia nas redes. Em poucos dias, a prefeitura de Cairu publicou no Diário Oficial o decreto 1866, proibindo imediatamente o uso de veículos de tração animal para transportes e passeios. A prefeitura de Jericoacoara, no Ceará, seguiu o caminho e também emitiu um decreto, proibindo o uso apenas no turismo. Ainda não há decisões exatas sobre como as famílias de Cairu poderão recorrer a alternativas de renda e transportes.

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Passeio de charrete em Morro de São Paulo | Foto: Bahia Terra Turismo e Eventos

O município de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foi um dos pioneiros na iniciativa no Brasil, publicando decreto em 2019. Com a pandemia, a transição para o novo modelo de passeios foi adiada. Mas, atualmente, já não encontramos mais cavalos puxando charretes de passeio na cidade. Várias alternativas foram testadas e a charrete elétrica, com visual inspirado nas antigas carruagens, foi a escolhida. Antes de Petrópolis, a Ilha de Paquetá, na capital fluminense, já tinha proibido a exploração dos cavalos em 2016 e substituído o passeio por carrinhos elétricos, como os de golf. Nos dois destinos, os passeios de charrete eram super tradicionais – uma prova de que sempre podemos mudar e evoluir.

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Charrete elétrica em Petrópolis, RJ | Foto: CPTrans – Divulgação

Infelizmente, nem sempre as mudanças caminham rápido. Além das resistências do setor de turismo por falta de visão e preocupação com os animais, há também o medo de que os charreteiros fiquem sem emprego. Por isso, claro, é essencial que o destino busque logo uma alternativa. No caso de Paquetá, a cooperativa dos charreteiros recebeu 17 carros elétricos como doação para que pudesse começar a operá-los imediatamente.

Em Nova York, as carruagens do Central Park são tema de discussão há anos. Em 2014, a prefeitura falhou em uma tentativa de proibí-las. Em 2022, o debate retornou depois que um cavalo desmaiou e quase morreu em frente ao parque. Uma pesquisa identificou que 71% dos Novaiorquinos eram a favor da proibição de charretes puxadas por cavalos. No mesmo momento, um vereador apresentou um Projeto de Lei para banir as carruagens, mas, até hoje, os passeios continuam acontecendo normalmente. Cidades que já suspenderam os passeios em charretes com animais nos Estados Unidos incluem Chicago e Filadélfia. Em Dallas, no Texas, o debate entre ativistas dos direitos animais e americanos apaixonados por charretes está acontecendo no momento.

Na cidade mineira de Poços de Caldas o assunto também é pauta há alguns anos e, embora a prefeitura já tenha anunciado algumas vezes a substituição por charretes elétricas, tudo continua na intenção. Vamos ver se em Paraty os resultados acontecem rápido. Segundo o secretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca, a ideia é “criar um programa estadual para encerrar, definitivamente, o trabalho de tração animal no turismo do Rio de Janeiro. As charretes elétricas aparecem como uma solução relativamente simples, sustentável e factível economicamente”.

Paraty charretes

Paraty estuda proibição das charretes puxadas por cavalos | Foto: Fabrício Gomes

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?