Pousar nas Ilhas Galápagos é como se sentir chegando em outro planeta… Paisagens que eu nunca havia imaginado… Meus olhos logo se encheram d’água porque sabia que esta seria uma viagem de sonhos e, provavelmente, uma das mais marcantes da minha vida. Estar imersa naqueles locais de biodiversidade plena e abundante faz a gente se sentir parte, estando vivos, vivendo história, sendo natureza.
O arquipélago equatoriano, localizado no meio do Oceano Pacífico, é um paraíso para qualquer pessoa que ame estar na natureza e, principalmente, para os apaixonados por animais, já que os encontros com eles são frequentes. O isolamento e a distância do continente ajudaram Galápagos a preservar espécies únicas – são cerca de 2.000 espécies endêmicas de animais, que não podemos encontrar em nenhum outro lugar do mundo. Entre elas, as famosas tartaruga-das-galápagos, o lobo-marinho-de-galápagos, os tentilhões de Darwin, o cormorão-das-galápagos e as iguanas marinhas. Não foi à toa que a vida selvagem deste lugar foi a grande inspiração para Charles Darwin desenvolver sua Teoria da Evolução.
Mas estar em Galápagos também é voltar na história, descobrir paisagens surpreendentes, viver muitas aventuras e se sentir um pesquisador-cientista em campo. É entender sobre como ecossistemas naturais podem ser muito frágeis e refletir, diariamente, sobre nosso papel em ajudar a conservá-los.
Existem duas formas de visitar Galápagos: hospedando-se em terra ou a bordo de um cruzeiro. Cada uma tem suas vantagens. Ficando em um hotel você faz passeios diários. Tem mais oportunidades de conhecer o território e sua gente, mas também tem uma limitação de área, já que pode ser cansativo ficar muitas horas por dia para lá e para cá em uma lancha.
A bordo de um cruzeiro você tem a grande vantagem de ele circular e se aproximar das diversas ilhas. Portanto, o tempo de trajeto é menor e você alcança lugares mais diversos. O que você precisa ter em mente é que este é um arquipélago grande, com 19 ilhas e muitos atrativos incríveis. É impossível conhecer tudo em apenas uma viagem. E está tudo bem, porque todos os lugares que você visitar serão mágicos e apaixonantes!
Fiz minha viagem a bordo do iate La Pinta, da empresa Metropolitan Touring, em um roteiro de cinco dias pelas ilhas do norte. Vou contar aqui todos os detalhes de como foi essa aventura inesquecível!
Neste texto você vai encontrar:
1. Sobre as Ilhas Galápagos
2. Como chegar em Galápagos
3. O que é preciso para viajar para Galápagos
4. Qual a melhor época para ir a Galápagos?
5. Como são os cruzeiros em Galápagos?
6. Roteiro de 5 dias a bordo do iate La Pinta
7. O que levar na mala para Galápagos
Sobre as Ilhas Galápagos
As Ilhas Galápagos formam um arquipélago remoto com 19 ilhas, localizado no meio do Oceano Pacífico, a cerca de 970 km da costa do Equador. Galápagos é um arquipélago vulcânico com atividade, debruçado sobre três placas tectônicas (Pacífica, Cocos e Nazca) e, por isso, sua geologia e sua ecologia estão em constantes mudanças. Cada ilha tem características muito distintas e novas ilhas podem surgir ou desaparecer a qualquer instante.
O arquipélago ganhou este nome em homenagem às tartarugas-das-galápagos, que chamaram a atenção dos espanhóis quando invadiram as ilhas em 1535. As tartarugas, por sua vez, foram nomeadas a partir do antigo termo espanhol “galápago”, que significa “sela de montaria”, e remete aos cascos das tartarugas gigantes.
Em 1979, as Ilhas Galápagos tornaram-se o primeiro Patrimônio Mundial da UNESCO. Desde 1959, o Equador protege a região como um Parque Nacional. Com isso, apenas 3% de todo o território é habitado. São cerca de 40 mil pessoas que vivem em apenas cinco ilhas. As outras 14 ilhas são acessíveis somente em visitas guiadas e controladas.
Mas proteger este arquipélago de 45.000 km2, onde habitam tantas espécies únicas, ainda é um enorme desafio. O crescimento populacional, as mudanças climáticas, o lixo nos oceanos, a pesca predatória e o tráfico de animais são apenas algumas das ameaças à sobrevivência das ilhas. Soma-se a eles o turismo que, apesar de controlado e com muitas regras, aumentou significativamente nos últimos anos. No início de março deste ano (2024), o Ministério do Turismo do Equador anunciou o aumento das taxas de entrada no Parque Nacional, a partir de 1º de agosto, também como forma de controlar o número de visitantes.
Como chegar em Galápagos?
Galápagos passou a fazer parte do Equador em 1832. Para entrar no território, é necessário primeiro pisar no continente. A LATAM e a Avianca têm voos diários saindo da capital, Quito, ou da cidade de Guayaquil. Muitos dos voos que partem de Quito fazem escala em Guayaquil.
Eu fui com a LATAM, saindo de Guayaquil e voltando até Quito. É um voo super tranquilo de cerca de 2 horas (Guayaquil) e 2h30 (Quito). Lembrando que o fuso horário em Galápagos é de 1 hora a menos (GMT -6) do que no continente (GMT -5). Se você estiver embarcando em um dos cruzeiros da Metropolitan Touring ou se vai ficar hospedada (o) no hotel Finch Bay, a própria Metropolitan Touring pode se encarregar da compra das passagens para você.
O aeroporto que mais recebe voos é o Aeroporto Seymour, ou Aeroporto Ecológico de Galápagos, que fica na Ilha de Baltra, e foi por onde cheguei. É um aeroporto fortemente comprometido com práticas sustentáveis, construído com uma arquitetura bioclimática, funcionando 100% com energias renováveis e é o primeiro aeroporto carbono neutro da América Latina e Caribe. Outra opção é pousar no aeroporto de San Cristóbal, na ilha de mesmo nome. Baltra fica do ladinho da Ilha Santa Cruz, a terceira maior do arquipélago, e idealmente mais próximo e acessível ao seu destino final. San Cristóbal é uma ilha mais distante e só é recomendável se você for ficar por lá, em Puerto Baquerizo Moreno (capital de Galápagos).
No meu caso, pegamos um ônibus da empresa Lobito (US$ 5) no aeroporto de Baltra que nos deixou no canal Itabaca para atravessarmos de barco para a Ilha Santa Cruz. Se você for se hospedar em terra, em Puerto Ayora (Santa Cruz), este é também o caminho.
O que é preciso para viajar para Galápagos?
Brasileiros podem entrar no Equador com a identidade, já que o país é um estado associado do Mercosul. Mas, para entrar em Galápagos, é importante levar seu passaporte!
Coloquei abaixo o passo a passo para facilitar sua entrada no arquipélago:
- Antes de viajar, faça seu pré-registro online para adquirir seu cartão TCT (Tarjeta de Control de Tránsito) no site do Governo.
- Chegue no aeroporto de Quito ou Guayaquil com antecedência e, antes de despachar a mala, dirija-se ao guichê do controle migratório para fazer o pagamento da taxa de ingresso no valor de US$ 20. Tenha em mãos seu passaporte e a passagem aérea.
- É importante lembrar que o limite de bagagem para entrada em Galápagos é de uma despachada de até 23kg e um volume de mão de 10 kg.
- Não leve nenhum alimento fresco na mala, já que eles podem introduzir organismos indesejáveis no frágil ecossistema. Nossas malas são cuidadosamente inspecionadas antes do embarque.
- Ao pousar em Galápagos, você será direcionado para o guichê do Parque Nacional, onde deve apresentar novamente o passaporte, seu cartão migratório e pagar a tarifa do parque no valor de US$ 50 (até 31.07.2024) ou US$ 100 (a partir de 1.09.2024) para residentes do Mercosul.
Qual a melhor época para ir a Galápagos?
Sempre que fiz esta pergunta, a resposta que obtive é que as Ilhas Galápagos são incríveis o ano inteiro! Localizadas na Linha do Equador, elas têm um clima agradável durante o ano todo, com temperaturas médias entre 26° e 30°C. Ao longo do ano, o arquipélago recebe em média 12 horas de sol diariamente.
Os equatorianos consideram duas estações distintas: uma estação quente, com chuvas, de dezembro a maio, e uma estação seca, ligeiramente mais fria, entre junho e novembro. As estações são em grande parte determinadas pelos ventos alísios, que impactam as correntes oceânicas, afetando o clima e a vida selvagem. Durante a estação quente, a vegetação está mais verde e exuberante e alguns animais, como as iguanas terrestres e tartarugas de galápagos, estão mais ativos, porque há mais alimento disponível. O clima mais quente dá início à época de reprodução e nidificação de muitas espécies, como iguanas marinhas, tartarugas marinhas, tartarugas gigantes e leões marinhos. A visibilidade da água para mergulhos também está melhor.
A estação mais fria tem muito menos chuva. Eu fui em outubro e não peguei nenhum dia de chuva e o sol esteve sempre presente. Nesta época, a vida marinha está no seu auge. É o momento da chegada dos filhotes de leões marinhos (sim, vimos vários!), pois é quando os oceanos têm mais comida para as fêmeas que amamentam.
O que você realmente deve levar em consideração são as altas temporadas para os americanos e europeus. Entre junho e agosto, férias no hemisfério norte, as ilhas estão bem mais cheias e os preços também podem ser mais altos. O mesmo vale para o recesso de fim de ano, entre meados de dezembro e a segunda semana de janeiro.
Como são os cruzeiros em Galápagos?
Esqueça tudo o que você conhece sobre cruzeiros. Em Galápagos, estes barcos de expedição têm outro propósito: levar o viajante para conhecer as diversas ilhas em uma aventura de descobertas, aprendizagens e mínimo impacto. Ao contrário dos cruzeiros tradicionais, onde o objetivo é curtir o barco, aqui a proposta é realmente focada no destino. O barco, apesar de oferecer todo conforto e instalações incríveis, não é o protagonista.
Todos os cruzeiros que circulam em Galápagos são monitorados de perto pelo Parque Nacional de Galápagos, pelas autoridades marítimas e pelo Ministério de Turismo do Equador e precisam adotar várias medidas de compromisso com o meio ambiente e com os moradores locais, incluindo conservação de água e energia, reciclagem e tratamento de resíduos, aquisição de produtos de origem local e contratação de residentes das ilhas, oferecendo salários equivalentes e oportunidades de desenvolvimento profissional.
O número de cruzeiros que circulam por lá é limitado (aproximadamente 70) e as autoridades não têm dado permissões a novos barcos. A capacidade destas embarcações é de no máximo 100 passageiros, sendo a média de 50. Além disso, todos os itinerários são devidamente orientados e monitorados pelo Parque, para que não haja, por exemplo, sobrecarga de visitantes em um mesmo local.
Roteiro de 5 dias a bordo do cruzeiro La Pinta
Explorar as Ilhas Galápagos a bordo do iate La Pinta, um dos três barcos da Metropolitan Touring na região, é uma experiência mágica, de encontros únicos com a natureza e de conscientização sobre a preservação do nosso planeta. O La Pinta oferece três opções de itinerários diferentes: ilhas orientais (5 dias), ilhas do norte (5 dias) e ilhas ocidentais (7 dias). Esta é uma viagem all inclusive que, além de hospedagem a bordo, três refeições diárias, lanches e todos os passeios e atividades, também disponibiliza todos os equipamentos necessários para nossas aventuras, como snorkel, roupas de mergulho e caiaques.
O La Pinta tem capacidade máxima para 48 viajantes e é um cruzeiro exclusivo e moderno. 84% dos locais visitados a bordo La Pinta não são compartilhados com nenhum outro barco. É raríssimo encontrarmos com outros grupos de turistas e a sensação muitas vezes é de que somos os únicos visitantes por ali. No meu roteiro, éramos apenas 24 viajantes a bordo e nos dividíamos em grupos de mais ou menos seis para fazermos os passeios. Cada grupo é sempre acompanhado por um guia naturalista. Nossos guias eram realmente incríveis, divertidos e experientes e tornaram a viagem ainda mais rica!
Diariamente, nós temos duas atividades pela manhã e uma ou duas à tarde. Em alguns momentos você pode escolher entre duas opções. Todas as noites, na área social do barco, nossos guias fazem uma apresentação sobre o que vamos visitar no dia seguinte e nos orientam detalhadamente sobre o que vestir, o que levar e o que esperar de cada atividade. Nós saímos sempre do cruzeiro em botes infláveis, que eles chamam localmente de pangas, já que os cruzeiros não têm permissão para se aproximar de grande parte das ilhas. Podemos chegar nos nossos destinos em um desembarque seco (quando pisamos diretamente no solo) ou molhado (quando precisaremos pisar na água antes). Portanto, sapatilhas aquáticas e papetes são itens estratégicos nesta viagem!
Sustentabilidade a bordo do La Pinta
A estrutura moderna e tecnologia integrada no motor possibilitam que o La Pinta trabalhe com menor consumo de combustível possível. Além disso, ele tem sistemas integrados de dessalinização e tratamento de água, reciclagem de resíduos e eficiência energética. As emissões que não puderam ser eliminadas são devidamente compensadas, fazendo do La Pinta um cruzeiro carbono neutro. Os passageiros também são convidados a compensar as emissões de seus voos até Galapagos.
O La Pinta disponibiliza garrafinha retornável e bebedouros espalhados pelos corredores para todos os passageiros e plásticos de uso único não são bem-vindos a bordo. Nos banheiros, os amenities são 100% naturais.
Dia 1 – Ilha Santa Cruz e as tartarugas gigantes de Galápagos
Meu roteiro em Galápagos a bordo do cruzeiro La Pinta visitou as Ilhas do norte do arquipélago. Começamos nossa viagem com um encontro inesquecível com as tartarugas gigantes de Galápagos, talvez as mais ilustres moradoras do arquipélago. Depois de pousarmos na Ilha de Baltra e atravessarmos até Santa Cruz, pegamos um ônibus que nos levou até a “região serrana” da ilha. É surpreendente como, em poucos minutos e em uma altitude máxima de 800 metros acima do nível do mar, o microclima e a vegetação mudam completamente. Ali está o ambiente ideal paras tartarugas gigantes, onde a oferta de água doce e de alimentos é muito maior. Antes de visitá-las, almoçamos no delicioso restaurante familiar Aquelarre.
Segundo os pesquisadores, as tartarugas chegaram a Galápagos, vindas da América do Sul, há 2 ou 3 milhões de anos. Elas foram passando por adaptações e se diversificando em 15 espécies. A fartura de alimentos da época e a falta de predadores possibilitou que elas se desenvolvessem, chegando até os 350 kg. Hoje, 12 espécies sobrevivem em 8 ilhas do arquipélago, mas estão severamente ameaçadas. Ao longo dos anos, as tartarugas gigantes se tornaram alvo de humanos e de outros predadores (cães selvagens, porcos e ratos) introduzidos nas ilhas pelas pessoas, além de sofrerem com mudanças climáticas e alterações de seus habitats. Atualmente, esforços de conservação, como o Galapagos Tortoise Movement Ecology Programme, têm ajudado a proteger e recuperar estas espécies, mas elas ainda estão em perigo.
Nas reservas da Ilha Santa Cruz as tartarugas ficam soltas e você pode se aproximar para fotos, respeitando sempre a orientação do Parque Nacional: manter sempre uma distância mínima de 2 metros de todos os animais para evitar perturbá-los.
No fim do dia, chegamos em Puerto Ayora, na Ilha Santa Cruz, a cidade mais populosa de Galápagos, onde vivem cerca de 30 mil pessoas. No porto, pegamos então nosso bote “panga” em direção ao La Pinta, onde a incrível tripulação já nos esperava para um delicioso jantar e, claro, uma bela noite de descanso!
Dia 2 – Ilha El Éden e Ilha Sombrero Chino
Acordei de madrugada assustada. Já fazia uns 15 dias que estava viajando, tinha estado em Cuenca e Quito e acho que esqueci que estava em Galápagos, no meio do oceano! O La Pinta estava navegando para se aproximar do nosso destino da manhã seguinte. Esta foi a única navegação noturna que precisamos fazer e o balanço foi leve. Eu estranhei porque nunca tinha dormido em um barco antes! Aliás, para quem costuma se sentir mal no mar, o La Pinta disponibiliza comprimidos anti-enjoo e também tem um médico a bordo o tempo inteiro. Mas eu não precisei de nenhum dos dois 🙂
A programação começa bem cedo porque o objetivo é evitarmos estar em terra entre 12h e 16h. Além de ser horário do sol mais forte e quando muitos animais se recolhem, este é também um horário mais movimentado por pessoas que estão hospedadas em hotéis e fazem passeios de um dia. Portanto, nossa primeira atividade começa normalmente às 8h, logo após o café da manhã.
Nesta manhã fizemos um passeio de panga ao redor da pequena Ilha El Éden, localizada na costa da Ilha de Santa Cruz. Fomos em busca principalmente dos patolas-de-pés-azuis e fragatas, mas logo avistamos iguanas marinhas, pelicanos, aratus vermelhos e leões-marinhos. Foi realmente uma sensação inocente de ser recebida com carinho, como se não fôssemos uma perturbação para aquela paz.
Na segunda parte da manhã, tivemos a oportunidade de escolher entre caiaque ou um passeio de barco com fundo de vidro pela costa da Ilha de Santa Cruz. Eu optei pelo caiaque. Foi o momento de avistar tartaruga marinha, garças reais, arraia-pintada e um pelicano que nadava tranquilamente ao nosso lado.
Voltamos ao barco para o almoço e um período de sesta que, claro, eu aproveitava para trabalhar! Às 15h partimos então em direção à Isla Sombrero Chino, que tem uma formação vulcânica recente em forma de um chapéu chinês. Ali fomos recebidos por um casal preguiçoso de leões marinhos, que não deu a mínima para nossa presença. Fizemos uma caminhada curta e, em poucos metros, observamos várias outras famílias de leões marinhos, além de filhotinhos perdidos e muitas iguanas marinhas e aratus. A vegetação única, as formações rochosas do solo e a diversidade de animais com o mar turquesa ao fundo deixam a gente um tanto atordoados… Era realmente muita informação nova para meus olhos, meus ouvidos e meu coração!
Retornamos à praia para a oportunidade de um mergulho com snorkel e, infelizmente, o tempo foi curto, porque ficamos horas paralisados com a fofura dos leões marinhos. Mas, o meu rápido mergulho foi suficiente para uma grande aventura: um leão marinho veio nadando e brincando bem pertinho e eu fugi desesperada, meio sem saber se estava com medo dele e ou com medo de infringir a lei!
Dia 3 – Ilha Bartolomé e Sullyvan Bay (Ilha Santiago)
A Ilha Bartolomé guarda provavelmente uma das paisagens mais famosas e mais viscerais de Galápagos. É possível visitá-la por terra ou fazer snorkeling ao seu redor. Fizemos os dois. Ali está o famoso Pinnacle Rock, um cone vulcânico gigante formado pelo magma de um vulcão subaquático, e também o mirante no topo da escadaria de madeira que traz uma vista surpreendente da região. A subida tem 372 degraus, mas é relativamente fácil. Aliás, todas as aventuras em Galápagos são leves e não exigem preparo físico. Qualquer pessoa que consiga caminhar um pouco na areia, embarcar e desembarcar de um bote inflável pode ir com tranquilidade.
Em Bartolomé quase não há vida terrestre. Mas, na sua costa, pinguins de galápagos e leões marinhos estão sempre se divertindo.
Voltamos ao barco, colocamos nossas roupas de mergulho, pés de pato, máscaras, e fomos nadar ao redor da rocha Pináculo. Ali foi, sem dúvidas, o melhor mergulho da minha viagem! Centenas de peixes muito coloridos, estrelas do mar, tubarões, pinguins e, claro, eles, os meus amores, lobos marinhos, passavam o tempo todo na frente dos meus olhos! Como nadamos bem perto da costa, conseguimos ver os corais e peixes bem de pertinho, quase como em um mergulho de cilindro.
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À tarde seguimos para outro cenário inóspito: a estonteante Sullyvan Bay, localizada na costa leste da Ilha Santiago. A última erupção por ali foi relativamente recente, aconteceu em 1897, e nós temos a oportunidade de caminhar sobre os campos de lava solidificados. Além do cenário de cinema, é hora de aprendermos mais sobre as atividades vulcânicas e a geologia do arquipélago.
Voltamos ao La Pinta para banho e um fim de tarde com uma deliciosa palestra da nossa super guia Katy sobre os pinguins de Galápagos, os únicos que vivem ao norte da Linha do Equador, e que estão ameaçados de extinção.
Dia 4 – Punta Bowditch e Cerro Dragón (Ilha Santa Cruz)
Na última manhã nas Ilhas Galápagos fizemos uma caminhada pela Punta Bowditch, uma pequena baía pouquíssimo visitada na Ilha Santa Cruz, cercada por mangues e lagoas salobras, onde iguanas marinhas, aratus, garças azuis, fragatas e pelicanos descansavam tranquilamente. O tempo estava mais fechado e o vento bem forte, então não conseguimos fazer nem o snorkel, nem o caiaque.
À tarde desembarcamos na região do famoso Cerro Dragón (ou Morro do Dragão), que ganhou este nome por abrigar uma vasta população de iguanas terrestres de Galápagos. Fomos em busca dessas criaturinhas que parecem ter saído de tempos pré-históricos! A iguana de Galápagos é uma das três espécies de iguanas terrestres endêmicas do arquipélago (as outras são a iguana terrestre de Santa Fé e a iguana terrestre rosa de Galápagos). Eles são seres herbívoros e, na época em que o alimento e a água são mais escassos (seca), costumam ficar quase imóveis.
Não subimos até o topo do Cerro Dragón, mas a trilha que fizemos foi suficiente para vermos diversas iguanas terrestres e paisagens desérticas completamente diferentes. Ali há também uma lagoa onde flamingos vêm se alimentar. Infelizmente não encontramos nenhum desta vez.
Voltamos para o La Pinta já no fim da tarde com uma mistura de sentimentos de plenitude, realização e fim. Depois do banho, nos reunimos para o brinde do comandante, junto com a tripulação, e assistimos a uma deliciosa retrospectiva da nossa viagem através de fotos no telão.
Dia 5 – Desembarque na Ilha Santa Cruz e retorno ao continente
Finalmente chegou o dia da partida. Com o coração apertadinho, peguei meu último panga. Nossos incríveis guias nos levaram até o aeroporto em segurança e esperamos na sala VIP até a hora da partida.
Ainda é difícil descrever com palavras tudo o que senti nesta viagem. Ao mesmo tempo em que tudo ao seu redor parece te levar para um lugar de paz, desconexão e fantasia, os constantes paralelos com nossa história e nossas emergências atuais nos trazem para a realidade. Em um minuto eu estava completamente deslumbrada, frente a frente com uma nova espécie, e no outro, refletindo sobre o que fazer (e o que não fazer) para que ela continue existindo. Mas acho que é isso. Galápagos é sobre um encontro com extremos, com sonhos e com realidades.
Por mais que se espere de Galápagos, essas ilhas vão conseguir se superar e sempre te surpreender.
O que levar na mala para Galápagos?
A Metropolitan Touring preparou uma lista com dicas especiais do que não pode faltar na nossa mala. Compartilho ela com você!
- Mochila pequena de ataque
- Calçados confortáveis para caminhada (eu levei um tênis e uma papete). Como as trilhas são simples, não precisa de bota.
- Chinelo
- Shorts (2-3)
- Calças compridas leves (2)
- Camisetas (5)
- Camisas de mangas compridas (2-3)
- Biquíni ou maiô (2)
- Boné
- Kit de higiene pessoal (biodegradável, por favor)
- Protetor solar (biodegradável, por favor)
- Óculos de sol com alça de fixação
- Binóculos
- Câmera, câmera subaquática
- Capa de proteção para o celular
- Remédios
Viajei a convite da Metropolitan Touring e do iate La Pinta
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