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Coração de Tartaruga: projeto de ciência cidadã apoia conservação das tartarugas marinhas

Coração de Tartaruga
Escrito por Lucas Oliveira

A Península de Maraú, no litoral da Bahia, abriga uma iniciativa de ciência cidadã que promove a conservação de tartarugas marinhas em todas as fases de seu ciclo de vida. Cumprindo com a meta das Nações Unidas para a chamada Década do Oceano (2021 a 2030), o Coração de Tartaruga vem ajudando a proteger esses animais, que são ameaçados pelas ações insustentáveis do ser humano e estão em risco de serem extintos.

Essenciais para o equilíbrio do ecossistema marinho — já que ajudam a controlar as populações de algumas espécies e fornecem alimento para outras — as tartarugas marinhas procuram o litoral baiano como lar temporário, nos períodos mais quentes do ano, para fazerem seus ninhos.

Nós já mostramos alguns dos impactos que o turismo pode causar nesse ecossistema, mas hoje vamos apresentar uma iniciativa que vem construindo uma relação mais consciente entre as pessoas e o oceano. Vem com a gente conhecer um pouco mais sobre o projeto Coração de Tartaruga e entender porque a Bahia também é o coração das tartarugas marinhas.

As tartarugas marinhas estão presentes em quase todos os oceanos do planeta. O Brasil abriga cinco das sete espécies de tartarugas marinhas do planeta. Indicadores da qualidade ambiental do ecossistema marinho, esses animais são fonte de alimento para predadores marinhos e terrestres, além de importantes consumidores de organismos marinhos.

Uma única tartaruga marinha leva e traz toneladas de nutrientes e energia vital à sobrevivência de dezenas de outras espécies. Por isso é tão importante protegê-las. Considerando ameaças naturais, como a predação de outros animais, de cada mil tartarugas-marinhas que nascem, apenas uma ou duas chegam à idade adulta. Apesar desse número assustar, essa não é a real causa de seis espécies estarem ameaçadas de extinção.

Entre as principais causas de morte das tartarugas marinhas estão a pesca incidental, quando esses animais ficam presos a redes de pesca ou são fisgados por engano; a poluição dos mares, a fotopoluição, colisões e as mudanças climáticas.
Coração de Tartaruga

Foto: Coração de Tartaruga

Coração de Tartaruga – iniciativa de conservação das tartarugas marinhas em Maraú

Criada em 2017, a iniciativa Coração de Tartaruga foi pioneira na Península de Maraú e trouxe uma grande descoberta logo em seu primeiro ano: 4 das 5 espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil desovam na região.

O projeto foi fundado pela educadora e gestora ambiental Mônica Panachão com o apoio dos médicos veterinários Damiana Pimenta e Rodrigo Grilo, e se fundamenta no conceito de ciência cidadã, que une a comunidade científica e o cidadão comum em prol da conservação. O Coração de Tartaruga atua em diversas áreas, como no monitoramento reprodutivo, educação ambiental em praias e escolas, monitoramento remoto com drones, orientações técnicas para pescadores artesanais, além do turismo.

Coração de Tartaruga

Ninho protegido pelos voluntários do Coração de Tartaruga | Foto: Ana Duék | Viajar Verde

Monitoramento de tartarugas marinhas:

No monitoramento reprodutivo, os voluntários do projeto percorrem 42 km de praias da Península à procura de rastros, ninhos e das próprias fêmeas desovando. Quando um ninho é localizado, são feitas marcações na praia, registrando aquele local, e a equipe avalia a necessidade de transferência ou não desse ninho.

Se o ninho estiver em uma área de risco de avanço de maré, ele é transferido para um local seguro. Caso contrário, os tartarugueiros (como são chamados os voluntários) protegem o ninho e permanecem acompanhando durante todo o período de incubação (que dura de 45 a 60 dias). Após o nascimento dos filhotes, os voluntários procuram identificar a espécie de tartaruga, o número total de ovos e a taxa de sucesso do ninho. Alguns filhotes ficam retidos e acabam precisando de um pouco mais de tempo para irem ao mar…

Coração de Tartaruga

Foto: Ana Duék | Viajar Verde

Ciência cidadã para a conservação:

Além do monitoramento, a o projeto atua com a educação oceânica, sensibilizando e educando moradores e turistas sobre a importância das tartarugas marinhas e da cultura oceânica. “O engajamento da população em atividades de pesquisa pode fornecer dados importantes sobre a biodiversidade local”, defende o Coração de Tartaruga.

Os turistas e moradores também podem participar da soltura de filhotes retidos (que não conseguem sair dos ninhos por conta própria) e os pescadores da região recebem orientação para soltura de tartarugas vítimas da pesca incidental. Toda comunidade é envolvida, inclusive as crianças, que realizam atividades de educação ambiental com os tartarugueiros nas pousadas da região.

Através do circuito “No Rastro das Tartarugas-marinhas”, foram criadas sete Estações de Cultura Oceânica (ECOs), localizadas em diferentes pontos turísticos da Península de Maraú. Com o apoio da Fundação Grupo Boticário, esse roteiro turístico-educativo reúne uma série de informações com o objetivo de estabelecer um diálogo sobre o oceano com a comunidade local e turistas. Quem visitar a Ponta do Mutá, por exemplo, vai aprender várias curiosidades sobre a tartaruga-de-kemp, espécie que não desova no Brasil.

Selo Amigo da Tartaruga marinha:

Outra iniciativa do Coração de Tartaruga foi a criação do selo “Amigo da Tartaruga-marinha”, um programa que reconhece, capacita, promove e divulga empreendimentos e moradores aliados na conservação das tartarugas marinhas. Com o objetivo de contribuir para um turismo mais responsável, o selo traz uma série de recomendações que atuam direta ou indiretamente sobre as principais ameaças às tartarugas marinhas. Além disso, ele ajuda a identificar empresas que e estão realmente comprometidas com um turismo mais responsável na Península de Maraú.

O selo é gratuito e, para se candidatar, basta preencher este formulário.

Cuidando das tartarugas marinhas

Antes do nascimento do Coração de Tartaruga não havia pesquisas ou qualquer documentação da ocorrência de tartarugas-marinhas na Península de Maraú. Após um ano de monitoramento, foi criado um banco de dados que é disponibilizado para a comunidade científica e para a população local.

A iniciativa conseguiu também a proibição do trânsito de veículos nas praias da Península, o que vem contribuindo para a preservação das tartarugas. Além disso, através do selo, turistas e moradores podem escolher empresas responsáveis e que direcionam esforços na conservação ambiental, formando uma rede de apoio na proteção dos oceanos.

Ainda há muitos desafios, tanto para a continuidade do projeto quanto para a conservação da biodiversidade marinha, mas o Coração de Tartaruga vem fazendo a diferença no cenário local e na conservação mundial, promovendo informação científica acessível e multiplicando conhecimento.

O conhecimento é um grande aliado da conservação. Democratizar o saber científico e incluir a população e seus saberes nesse processo é fundamental para um meio ambiente equilibrado e um mundo melhor. Você pode contribuir através de uma doação, “adotando um ninho”, se envolvendo no projeto e, principalmente, através de ações mais responsáveis durante suas viagens. Confira as dicas a seguir e, para contribuir, clique aqui.

  • Nunca compre produtos derivados de tartarugas;
  • Seja responsável pelos seus resíduos e mantenha as praias limpas;
  • Se for consumir pescado, procure produtos de pesca sustentável e local;
  • Na hora de se proteger do sol, utilize roupa com proteção ultravioleta e dê preferência por filtros solares naturais à base de óxido de zinco. Assim você protege os corais e as tartarugas também.
  • Reduza o uso de produtos químicos e industrializados;
  • Evite fazer fogueiras na praia;
  • Não dirija quadriciclos, bicicletas e outros veículos motorizados em praias com incidência de tartarugas marinhas;
  • Deixe a praia plana, cobrindo buracos de areia antes de ir embora;
  • Apoie ações e projetos de conservação que você admira.
Quando visitar a Península de Maraú, entre em contato com o Coração de Tartaruga para conhecer mais sobre o projeto!

+ Mais:

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Sobre o Autor

Lucas Oliveira

Turismólogo, mineiro e interessado pelas formas alternativas de vi(ver) a vida. Seguindo o caminho do turismo responsável, à procura de palavras, experiências e conexões transformadoras.

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