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Rishikesh: um roteiro pela capital mundial do Yoga

Rishikesh
Foto: Viajar Verde
Escrito por Ana Duék

Conhecida como a Capital Mundial do Yoga e da Meditação, a cidade de Rishikesh, no norte da Índia, atrai anualmente milhares de praticantes, além de peregrinos em busca de estudos e imersões na meditação e filosofia hindu. Durante todo o ano, Rishikesh saúda hindus devotos e que vêm à cidade para dar um mergulho nas águas sagradas do Rio Ganges e limparem pecados e karmas. Mas, cada vez mais, tem se tornado um reduto de aventureiros, com experiências de trilhas, rafting, tirolesa e até um balanço de cordas gigante com 83 m de altura.

Localizada no norte da Índia, no estado de Uttarakhand, nos pés dos Himalaias, quase na fronteira com o Nepal e a China, Rishikesh é considerada uma das cidades indianas mais sagradas. Mas prepare-se. Tudo isso não é necessariamente sinônimo de tranquilidade. As ruas estreitas, lotadas e o trânsito caótico refletem o mesmo cenário de outros lugares da Índia. A diferença é que em Rishikesh, tudo é ainda mais mágico!

Mapa da Índia Rishikesh

O estado de Uttarakhand, onde fica Rishikesh, está no norte da Índia | Foto: Maps of India

As margens do Rio Ganges, que ainda próximo de sua nascente é limpo e translúcido, estão repletas de templos, centros de yoga e ghats (escadarias que levam ao rio), nos quais moradores e visitantes participam de rituais cerimônias dedicados aos deuses hindus. Diversos ashrams (eremitérios hindus onde os sábios vivem em paz e tranquilidade no meio da natureza) recebem pessoas em busca da vivência diária das práticas de yoga e meditação. E, para quem ama natureza, a poucos minutos do centro, é possível aproveitar lugares mais tranquilos e ainda diversas opções de turismo de aventura.

Vale lembrar que, por ser sagrada, Rishikesh é uma das cidades da Índia onde comida não vegetariana e bebidas alcoólicas são proibidas. Portanto, aproveite o momento de desintoxicação para também embarcar em uma alimentação mais saudável e consciente!

Rio Ganges em Rishikesh

Pôr do sol no Rio Ganges em Rishikesh | Foto: Viajar Verde

Como chegar em Rishikesh:

🛩 O aeroporto mais próximo é o de Dehradun, capital de Uttarakhand, e está a 30 minutos de carro de Rishikesh. Do aeroporto de Nova Delhi (Indira Gandhi International Airport) saem voos diários para Dehradun com a Air India, Spice Jet ou Jet Airways.

🚌 Rishikesh tem uma boa rede de ônibus que a conecta com lugares como Haridwar, Dehradun e Nova Delhi e esta é a opção mais barata para chegar à cidade. A distância de Delhi a Rishikesh é de cerca de 230 km e a viagem pode levar entre de 6 e 7 horas, dependendo do trânsito (que é um tanto imprevisível). Você pode comprar o ticket em plataformas como o https://www.redbus.in/ ou https://www.makemytrip.com/ 

🚉 Para ir de trem, um transporte que funciona bem na Índia, seu destino inicial, saindo de Delhi, será Haridwar (a 35, 40 min de carro de Rishikesh). Você precisará então trocar de trem de Haridwar até Rishikesh. O trajeto de Delhi até Haridwar leva entre 4h15 e 5h30 e o segundo trecho, Haridwar – Rishikesh, cerca de 1h30. Compre seu ticket no site oficial da IRCTC – Indian Railways.

🚖 Você pode ainda contratar serviços de transfer ou táxis privativos de Delhi para Rishikesh. Não vou recomendar nenhuma empresa específica aqui pois não tive essa experiência (fui de avião). É sempre bom levar em conta que, além do tempo (mais de 4h30 de carro), o trânsito na Índia pode ser estressante para quem não está acostumado. Há muita buzinação e muitos motoristas são bem “aventureiros”. Por outro lado, essa é uma chance de ter uma experiência diferente e observar paisagens únicas.

Confira ideias imperdíveis para um roteiro por Rishikesh:

1. Caminhe pelas ruas e mercados de Rishiskesh:

Caminhar pelas ruas e mercados da cidade é uma atividade deliciosa, mas requer paciência. Apesar de menos caóticas que as ruas de Nova Déli, elas também são cheias de pedestres, vacas, cabras, motos e riquixás circulando. Atravessar estreita a ponte pênsil Ram Jhula, por exemplo, é para os fortes. Você não sabe se fica tenso com o balançar da ponte ou com o trânsito enlouquecido.

Mas vale muito à pena andar sem rumo e observar as lojas e barraquinhas. Comidas das mais diferentes, roupas, joias, tecidos, artigos espirituais, livros – tem de tudo por ali. Os mercados Lakshman Jhula e Ram Jhula, um de cada lado da ponte, são os mais famosos entre os turistas, mas também mais caros. Uma boa opção é visitar primeiro o Rishikesh Main Market, onde os preços são mais baratos. Mas lembre-se: na Índia é preciso barganhar sempre na hora das compras! E eles já estão acostumados com isso.

Rishikesh

Rishikesh vista do alto | Foto: Viajar Verde

RishikeshRishikesh

Rishikesh

Foto: haridwarrishikeshtourism.com

2. Visite o ashram dos Beatles:

Rishikesh ficou famosa em 1968 quando, a convite do guru Maharishi Mahesh Yogi, os Beatles fizeram um retiro espiritual na cidade. Em apenas alguns meses, entre meditações e palestras, o grupo produziu mais de 40 músicas, incluindo quase todas as canções do Álbum Branco. O retiro não acabou bem, com desentendimentos entre os músicos e o guru. Mas o local ficou marcado para sempre.

Durante os últimos anos o Maharishi Mahesh Yogi Ashram esteve abandonado e fechado, depois que o líder espiritual se mudou para a Europa e, posteriormente, faleceu. Ainda assim, muitas pessoas visitavam o local. Mas, a partir de 2016, o governo decidiu investir na sua recuperação. As cabanas foram parcialmente restauradas, foi inaugurado um pequeno museu dedicado aos Beatles e um edifício com murais e graffitis sobre a banda. Ele passou a se chamar oficialmente “The Beatles Ashram” e agora está aberto para visitação. Dizem que o ashram não é fácil de encontrar. Então, o ideal, é contratar um táxi/riquixá ou uma agência local.

Visitas: abre diariamente das 10h às 16h. Entrada para turistas internacionais 600 INR

Rishikesh

Beatles Ashram

Fotos: Christopher Porter

3. Aventure-se atravessando a ponte Ram Jhula

Em muitos lugares do mundo, pontes se tornaram um atrativo turístico, principalmente por sua arquitetura única que corta a paisagem. Mas a ponte suspensa de ferro Ram Jhula tem um significado especial e é respeitada pelos indianos. Além de atravessar o sagrado Rio Ganges, ela conecta dois ashrams: o Swarg e o Sivananda Ashram. A Ram Jhula tem cerca de 230 m de extensão e é a segunda ponte construída em Rishikesh (em 1986). A mais antiga, Lakshman Jhula, data de 1929 e foi completamente fechada em 2022, após ser declarada perigosa. Eu confesso que também não me senti muito segura na Ram Jhula 😅 Na verdade, o tráfego de pessoas, como em muitos lugares da Índia, é intenso, a ponte é estreita e balança bastante. Quando fui, em 2018, eram permitidos apenas pedestres, bicicletas e motocicletas na ponte. E, claro, os animais. Em 2019 as motos foram proibidas e imagino que a situação tenha melhorado um pouco. De qualquer forma, é uma aventura que vale à pena!

Ram Jhula Rishikesh

Ram Jhula, a famosa ponte suspensa sobre o Rio Ganges em Rishikesh | Foto: Viajar Verde

4. Assista a uma cerimônia Aarti na beira do Rio Ganges:

Pequenas cerimônias hindus de adoração acontecem todas as noites, a partir do pôr do sol, nas margens do Rio Ganges. As cerimônias Aarti, que envolvem a oferta de uma luz (normalmente fogo) às divindades, são um espetáculo incrível de se ver. Os sacerdotes hindus usam lâmpadas ou chamas que são circuladas no sentido horário e acompanhadas de cantos em louvor à deusa Ganga. Acredita-se que, após a conclusão do ritual, a Deusa lança sua bênção sobre cada indivíduo presente. Turistas podem assistir à cerimônia do lado de fora da corda, ou de dentro, se estiverem vestidos apropriadamente e dispostos a tirar os sapatos.

Cerimônia Aarti

Cerimônia Aarti à beira do Rio Ganges | Foto: Viajar Verde

5. Visite, faça um curso de yoga ou hospede-se no ashram Parmarth Niketan:

Parmarth Niketan, fundado por Swami Shukdevanandji Maharaj em 1942, é o maior e mais famoso ashram da cidade. Ele oferece mais de mil quartos para acomodar peregrinos indianos e estrangeiros em busca de ensinamentos hinduístas e práticas de orações, yoga e meditação. Todo fim de tarde também acontecem cerimônias no local, que fica na margem do Rio Ganges. Para conseguir assistir é preciso chegar cedo, pois fica lotado.

Informações: https://www.parmarth.org/
Para mais retiros de yoga, meditação e bem-estar no estado, confira o site do Uttarakhand Tourism

Os principais retiros de yoga em Rishikesh são:
• Paramarth Niketan
• SivanandAshram
• Yoga Niketan
• Omkaranand Ashram
• Vanprastha Ashram
• Ved Niketan Dayanand
• Vedanta Ashram
• Vanmali Gita Yogashram

Parmarth Niketan

Foto: Parmarth Niketan

6. Faça um rafting no Rio Ganges:

Nada melhor do que aproveitar que, ali aos pés dos Himalaias, o Rio Ganges ainda é limpinho! Rishikesh também é conhecida como uma região incrível para fazer rafting. Você vai encontrar diversos operadores por lá. Certifique-se de contratrar um seguro. Eu fiz meu rafting com a Snow Leopard Adventures e foi simplesmente incrível, com direito a banho de rio!

Pela região, ainda antes de chegar à cidade, onde infelizmente, as pessoas e rituais já começam a poluir o rio, há também algumas prainhas, como a Ganga e a Goa Beach. Quando eu estive lá, no mês de outubro, posso dizer que a água era beeem gelada. Mas, no verão, é possível dar uns mergulhinhos!

Rio Ganges

Foto: Snow Leopard Adventures

7. Bungee Jumping e outras aventuras:

Com 83 metros, Rishikesh tem uma das plataformas de bungee jumping mais altas do país. Lá também estão o balanço gigante mais alto da Índia e a tirolesa mais longa da Ásia, que “voa” em duplas ou trios. Por lá também é possível fazer trekking, mountain biking, escalada, parasailing e muitas outras aventuras!

8. Conheça o templo Bhootnath:

Localizado no topo da montanha, o Bhootnath é um templo hindu dedicado ao deus Shiva. Como fica um pouco afastado, é um templo muito tranquilo, com poucos visitantes. Ele tem vários andares e, do topo, é possível ter uma vista incrível do alto da cidade. A lenda conta que o lord Shiva descansou por ali antes de casar com sua primeira esposa, Sati.

Rishikesh

Templo Bhootnath, em Rishikesh, dedicado ao Deus Shiva | Foto: Viajar Verde

Rishikesh Templo Bhootnath

Templo Bhootnath, em Rishikesh, dedicado ao Deus Shiva | Foto: Viajar Verde

9. Explore o Rajaji National Park:

Localizado a menos de 20 minutos de carro de Rishikesh, o Parque Nacional Rajaji é famoso por sua vasta população de elefantes – são mais de 500. Está ali a limitação noroeste da existência de elefantes asiáticos. Mas, com sorte, também é possível observar tigres, leopardos, ursos-beiçudos, gauros, cervos chital, sambar, javalis, além de mais de 400 espécies de pássaros. O passeio vale também pela paz e tranquilidade do local, além das paisagens únicas. O parque tem uma área de 820 km2 e vegetação variada com diversos tipos de floresta. Ele ganhou o nome em homenagem ao último governador-geral da Índia, Chakravarthi Rajagopalachari, mais conhecido como Rajaji, que foi um grande ativista pela independência do país.

Sambar no Rajaji National Park Rishikesh

Sambar no Rajaji National Park | Foto: Ana Duék, Viajar Verde

Onde ficar em Rishikesh:

Fiquei hospedada no Panther Adventure Resort, que fica a 16km do centro de Rishikesh, na Shivpuri village. É na verdade um glamping imerso na natureza, com tendas com camas, calefação e banheiros privativos, piscina, diversas atividades de ecoturismo e uma das melhores comidas que comi em toda a Índia! Veja mais aqui

Panther Adventure Resort da Snow Leopard Adventures

Se você prefere ficar na cidade, mais pertinho de tudo, boas opções de albergues são o Shiv Shakti guesthouse e Sonu guesthouse. Opções de hotéis de luxo são o Aloha on the Ganges e o Neemrana’s Glasshouse on the Ganges, que também fica em Shivpuri.

Viajei a Rishikesh a convite da Adventure Travel Trade Association e da Snow Leopard Adventures

+ Mais:

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?