A 3.300 metros de altitude sob o nível do mar, em meio ao Parque Nacional Cayambe Coca, no cantão de Quijos, no Equador, está localizado o pequeno e tranquilo pueblo de Papallacta. A curta distância, a apenas 1h30 de carro de Quito, e os diversos atrativos deste destino encantador em meio às montanhas tornaram Papallacta uma das escapadas prediletas dos moradores da capital equatoriana. Papallacta é famosa por seus banhos termais, mas também oferece atividades de ecoturismo e uma gastronomia deliciosa. Apesar de sua popularidade nacional, o destino permanece relativamente desconhecido entre os turistas estrangeiros, guardando muitos segredos à espera de serem descobertos.

Pouco mais de mil pessoas vivem nesta paróquia de natureza abundante, banhada por águas termais que brotam do solo a mais de 40º C. Os moradores de Papallacta se consideram parte da Amazônia, já que a localidade faz parte de Napo, uma das seis províncias equatorianas que abrigam a floresta. Mas ali ainda prevalece o ecossistema dos páramos, característico de altitudes entre 2.900 e 5.000 metros e encontrado exclusivamente no Equador, Peru, Colômbia e Venezuela.

Os páramos não apenas desenham as paisagens espetaculares de Papallacta, mas também desempenham um papel vital no abastecimento de água da região. Funcionando como uma gigantesca esponja natural, esses ecossistemas retêm grandes volumes de água e são essenciais para abastecer a capital Quito, onde vivem mais de 2,6 milhões de pessoas, segundo o Instituto Ecuatoriano de Estadística y Censos (INEC).

Painel na entrada de Quijos | Foto: Viajar Verde

Turismo responsável para preservação da água

Com o turismo como principal fonte econômica na região, as viagens se tornaram uma importante ferramenta para mobilizar e conscientizar moradores, empreendedores, poder público e visitantes sobre o valor da água para Papallacta e também para o país. Como no mundo todo, o Equador viveu em 2024 a pior seca dos últimos 60 anos, gerando também uma crise energética, já que a maior parte de sua produção de energia depende de hidrelétricas.

O Gobierno Autónomo Descentralizado (GAD) de Papallacta, o Fondo para la Protección del Agua (FONAG) e os empreendimentos turísticos locais se reuniram em uma aliança estratégica para promover um turismo mais responsável e consciente, que ajude a preservar e cuidar deste ambiente tão rico, frágil e importante e a gerar impactos positivos e justos para os moradores. De acordo com a iniciativa, “sem uma abordagem responsável, o aumento do turismo poderá colocar estes ecossistemas em risco, afetando tanto a biodiversidade como a qualidade da água na região. Ao incentivar o turismo consciente, você não apenas oferece aos visitantes a oportunidade de vivenciar as belezas naturais de Papallacta, mas também contribui ativamente para a preservação desses valiosos recursos para as gerações futuras”.

Papallacta | Foto: Quinti Travel

O que fazer em Papallacta?

Diversas lagoas e cachoeiras, além de trilhas e uma biodiversidade única fazem o destino ser ideal para os amantes do ecoturismo, que se encontra em desenvolvimento. Mas o principal atrativo de Papallacta ainda são as águas termais, aquecidas naturalmente pela atividade dos vulcões Cayambe e Antisana, presentes na região. As propriedades relaxantes e terapêuticas da água, ricas em minerais, atraem viajantes de todas as idades às piscinas naturais privativas dos hotéis e também aos Termales Santa Catalina, que são públicos e pertencem à própria comunidade local. As águas quentes contrastam com o clima frio dos Andes, proporcionando um ambiente revigorante e ideal para descansar o corpo e a mente.

Mas os passeios pelo pueblo vão além, com oportunidades diversas de boa culinária, trilhas, aventuras e até mesmo avistamento de aves. Confira algumas dicas para a sua visita a Papallacta!

Termales Santa Catalina

Este complexo de piscinas termais naturais está localizado bem no centro do pueblo e é gerido pela própria comunidade, com o dinheiro sendo revertido para o destino. Além das piscinas de águas quentes, que ficam abertas diariamente, das 6h às 22h, o local oferece sauna, spa e restaurante com comida típica. O destaque na região e boa pedida são as trutas frescas.

Termales Santa Catalina, Papallacta | Foto: Quinti Travel

Cascadas del Duende

Uma pequena trilha pela mata nos leva a oito diferentes pequenas quedas do Rio Chalpi Chico com paisagens lindíssimas. O percurso todo leva cerca de 45 minutos e pode ser feito sem guia, mas conta com algumas subidas um pouco mais íngremes. Segundo a lenda, os viajantes que dormiam perto das cachoeiras encontravam, pela manhã, suas fogueiras apagadas com um chapéu de duende em cima.

Cascadas del Duende | Foto: Viajar Verde

Trilha – Sendero Ecológico “El Agua y la Vida”

Localizada dentro da Reserva Ecológica Cayambe – Coca, a trilha El Agua y la Vida percorre os páramos. Tem 7,5 km e leva aproximadamente 4 horas. É uma oportunidade de se conectar com esse ecossistema tão mágico. A trilha está a 4.300 metros acima do nível do mar, portanto prepare-se para o ar mais rarefeito. O caminho atravessa uma área montanhosa com diversas lagoas, onde vivem antas, raposas, veados, coelhos, ursos de óculos e inúmeras aves migratórias.

Páramos de Papallacta | Foto: Quinti Travel

Tortillas de Calamancha

Esta pequena cafeteria charmosa vende algumas das melhores tortillas de tiesto do Equador! As tortillas de tiesto são uma receita tradicional de povos indígenas equatorianos, preparadas em panelas de barro e feitas à base de farinha de trigo ou milho. Simplesmente deliciosas! Para acompanhar, não deixe de pedir um chocolate quente, também preparado com receita local.

Tortillas de Calamancha, Papallacta | Foto: Ana Duék/Viajar Verde

Laguna de Papallacta

A Laguna de Papallacta chama a atenção em meio às montanhas com suas águas escuras que alcançam a temperatura de 9,8 °C. Portanto, ali, nada de banhos. Além de caminhadas ao redor da lagoa, é possível fazer passeios de barco a remo ou motor, pesca desportiva e tirolesa. Essas atividades de ecoturismo são oferecidas pelo complexo turístico Termas de Jamanco, que também disponibiliza hospedagem, piscinas termais e um restaurante bem charmoso às margens da lagoa. Aproveite para experimentar um canelazo quentinho, preparado com canela, água, açúcar e aguardente (ou rum).

Complexo Termas de Jamanco, na Laguna de Papallacta | Foto: Viajar Verde

Termas de Jamanco

Termas de Jamanco 1 e 2 são dois complexos de hospedagem e piscinas termais. Além de quartos em pousada e camping, os empreendimentos oferecem a possibilidade de day use para quem quer apenas usufruir das piscinas termais, duchas e hidromassagem. Os restaurantes com comidas tradicionais também estão abertos ao público.

Termas de Jamanco | Foto: Quinti Travel

Onde ficar em Papallacta

Hostería Pampallacta

Fiquei hospedada na Hostería Pampallacta, uma hospedagem tradicional e pet-friendly da região, que também tem suas próprias piscinas termais. Os quartos são simples, mas super confortáveis e alguns possuem banheiras de hidromassagem. Tem um ótimo custo-benefício e você pode aproveitar uma piscininha até mais tarde!

Hostería Pampallacta

Mamallacta Paramo Lodge

Este é um charmoso hotel-container, com instalações modernas e muitos materiais reciclados, que fica em meio à natureza. Há quartos privativos, familiares, coletivos e cabanas, além de um delicioso espaço de convivência com bar, restaurante, biblioteca e cantinho de jogos.

Foto: Viajar Verde

Como chegar em Papallacta

Papallacta está localizada a aproximadamente 67 km, ou 1h30 de carro de Quito. Para chegar a Papallacta saindo da capital, você pode escolher entre as seguintes opções:

1. Carro alugado:

Pegue qualquer saída em Quito que leve a Cumbayá, depois siga em direção a Puembo e continue pela Rodovia 28 C em direção a Baeza. Uma boa opção é ir direto do aeroporto, que está mais próximo de Papallacta. Neste caso, pegue a rodovia E28 (Ruta Viva ou Interoceânica) em direção a Papallacta. A viagem dura cerca de 1h30 a 2 horas, dependendo do tráfego e das condições climáticas.

2. Transporte público ou Uber:

Pegue um ônibus no Terminal Quitumbe (ao sul de Quito). Procure por ônibus que seguem em direção a Baeza ou Tena e peça ao motorista para descer em Papallacta. A viagem dura aproximadamente 2 horas e é uma opção econômica.

A viagem de Uber pode custar a partir de US$ 25. Mas certifique-se antes sobre este valor.

3. Contrate uma agência de viagens:

Esta é sem dúvidas a opção mais confortável e segura para sua viagem. Eu fiz meu roteiro completo com a Quinti Travel, uma agência que desenha roteiros imersivos e autênticos e experiências sensoriais por todo o Equador, com uma preocupação genuína com o turismo responsável. Eles podem te ajudar a organizar todo o seu roteiro, com transfers, hospedagem e atividades, além das melhores indicações gastronômicas!

Viajei a convite do Gobierno Autónomo Descentralizado (GAD) de Papallacta e da Quinti Travel

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