Hospedagem reúne essência da Bahia gerando impactos positivos para a comunidade
As definições de pousada escondida no paraíso foram atualizadas. Uma praia quase deserta; nenhuma construção por perto; coqueirais; sons de passarinhos; bangalôs à beira-mar; uma lagoa de água doce com pôr do sol; alimentos frescos e orgânicos. Não precisaríamos de mais nada, mas temos. Além de todos os atrativos apaixonantes que a Península de Maraú, na Bahia, oferece, e da experiência de autocuidado e bem-estar, a Pousada Lagoa do Cassange nos dá a chance de retribuir para outras pessoas e para a natureza com iniciativas que nos deixam de bem com a nossa consciência e com o planeta.
Antes de chegar à Pousada Lagoa do Cassange, em outubro de 2020, acompanhei comentários dos fãs no Instagram e li avaliações no Booking.com. Confesso que não conseguia entender o entusiasmo e a paixão com que escreviam. Afinal, já tive experiências memoráveis em hotéis, mas foram poucos que me despertaram tamanho arrebatamento. O que posso dizer é: só estando lá para sentir e entender! Do carinho da equipe, que te chama sempre pelo nome, aos amenities naturais produzidos na própria pousada, cada detalhe é pensado com muita atenção. Vou tentar explicar para você nas linhas abaixo porque essa é a minha indicação número 1 de onde ficar na Península de Maraú.
Onde ficar na Península de Maraú: Pousada Lagoa do Cassange
A Pousada Lagoa do Cassange fica na homônima Praia do Cassange, uma das mais tranquilas da região. Para chegar até lá precisamos de um carro, que pode ser alugado em Ilhéus, ou transfer, disponibilizado pela própria pousada (veja aqui tudo sobre como chegar e o que fazer na Península de Maraú). Há quem diga que a Península de Maraú é difícil de chegar e mais difícil ainda de deixar. Pois pense assim: são justamente a distância e o isolamento fazem com que a região, e também a pousada, mantenham seu charme e essência. Essa é a hospedagem ideal para quem busca real desconexão – embora o wi-fi seja gratuito e funcione bem 😛. (Sou obrigada a abrir parênteses para contar aqui que tive problemas com a internet apenas em 2 momentos: quando algumas formigas entraram no roteador e quando um urubu se eletrocutou no fio de luz 😓. Ou seja, coisas da natureza!)
Catorze bangalôs independentes estão espalhados pelo jardim tropical e ficam a pouquíssimos passos da praia. A proposta é intercalar dias de descanso e preguiça por lá com passeios pela Península e seus outros atrativos. Além disso, em menos de cinco minutos de caminhada alcançamos a famosa Lagoa do Cassange, onde podemos tomar banhos de água doce, nos aventuramos em caiaques e pranchas de SUP e apreciamos um lindo pôr do sol.
O restaurante também é um destaque da pousada. Os produtos sempre frescos e orgânicos vêm de pescadores e produtores locais ou regionais. Consumidora e apoiadora da Rede de Agroecologia Povos da Mata, a Pousada Lagoa do Cassange não só incentiva a produção de famílias de pequenos agricultores, como tem acesso a alimentos da estação que, claro, têm um sabor especial. No menu, além de frutos-do-mar e pratos típicos baianos, há opções veganas e vegetarianas. Entre os destaques estão as moquecas, especialmente a de banana, e a pasta de cacau feita pelo Bio, que trabalha na pousada há anos, e é servida no café da manhã. Aliás, os pães, bolos e biscoitos do café, todos feitos em casa, são sempre indispensáveis! Ainda bem que temos a praia e a lagoa para compensar a comilança com alguma atividade física.
Interação responsável com a natureza
Desde que a pousada foi fundada, há mais de 24 anos, o cuidado com a natureza e com os moradores foram as prioridades. Os sócios da Lagoa do Cassange, atualmente Flavio e Janaína, mas que, até o início de 2020, dividiam toda a gestão e idealização com Marcelo e Isney, encontraram ali um pedacinho de paraíso que fizeram questão de preservar. Foram pioneiros não só junto ao desenvolvimento da Península de Maraú como um destino turístico, mas, principalmente, participando e criando iniciativas por transformações sociais e sustentabilidade ambiental pela região.
A Pousada Lagoa do Cassange é hoje o retrato desse olhar cuidadoso para o destino que os acolheu. Ela funciona toda com energia proveniente de painéis solares e os efluentes são tratados com fossas verdes, que transformam o material em adubo para as plantas e retornam a água limpa para o meio ambiente através da evapotranspiração. Os resíduos de alimentos orgânicos, aliás, também são usados como adubo ou para nutrição das galinhas, que fornecem ovos caipira para o restaurante.
O uso de produtos químicos para limpeza é mínimo e eles recorrem às alternativas naturais sempre que possível. Esse princípio está também nos amenities de banho, que são todos produzidos com ingredientes naturais locais pela própria Janaína. Na cozinha, os alimentos orgânicos, provenientes de produtores locais, além de apoiar moradores da região, têm pegadas de carbono mínimas, já que são produzidos de forma agroecológica e transportados por distâncias curtas.
Um refúgio para a fauna e flora
No início de 2020, a equipe da pousada aproveitou a pausa durante a pandemia de Covid-19 para investir em um projeto piloto de agrofloresta. Desenvolvida pelo pesquisador sul-africano Pieter Boshoff com apoio dos colaboradores da pousada, a agrofloresta está não só regenerando uma área que estava abandonada, como fornecendo alimentos e servindo de fonte de inspiração e aprendizados para os hóspedes.
Os animais também ganham um cuidado especial. Os sócios fizeram questão de manter a área verde de 50.000 m2 o mais preservada possível, construindo somente em 5% do terreno. Assim, o lugar se manteve como um refúgio para a fauna e flora local. Durante o dia, saguis e os mais diversos pássaros passeiam pelos jardins da pousada.
A Pousada Lagoa do Cassange também é uma das apoiadoras da iniciativa Coração de Tartaruga, um projeto desenvolvido por voluntários para a conscientização, monitoramento e preservação das tartarugas marinhas na região. Embora a Península de Maraú seja uma área de desova regular de tartarugas, ela ainda não é oficialmente reconhecida. A iniciativa vem fazendo um trabalho em busca desse reconhecimento. Durante a temporada, que vai de setembro até março, é possível acompanhar o nascimento das tartaruguinhas na Praia do Cassange, um dos locais de concentração de ninhos. Alguns deles ficam bem pertinho da pousada.
Escola Maramar: uma história de turismo, educação e comunidade
Desde que os sócios da Pousada Lagoa do Cassange chegaram por lá, as crianças e famílias da comunidade do Saleiro, onde vivem quase todos os colaboradores, ganharam também novos amigos e aliados. Ao longo dos anos, com o apoio de hóspedes, parceiros e da própria comunidade, a pousada ajudou a fundar o primeiro jardim de infância da região, o Jardim das Bromélias, e a Escola Comunitária Maramar, que se inspira na pedagogia Waldorf para educar mais de 100 crianças entre 1 e 14 anos.
Hoje, a visita à escola faz parte de um dos roteiros exclusivos da pousada e convida os hóspedes não só a conhecer mais de perto a história e dia a dia dos moradores, como também a apoiar a continuidade deste incrível trabalho de educação. Os visitantes podem ainda comprar uma das camisetas feitas pelos alunos da escola na própria recepção da pousada.
As novas perspectivas que se formaram na região ao longo dos anos, com as oportunidades de educação e emprego no turismo, ajudaram a reduzir muito a saída dos jovens para as grandes cidades, conta o sócio da pousada, Flavio Hauser. Segundo ele, hoje são os moradores das cidades que estão buscando refúgio na Península de Maraú.
Saiba mais em https://www.lagoadocassange.com.br/
a jornalista viajou a convite da Pousada Lagoa do Cassange
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