Séculos de história, invasões e domínios de diversos povos e culturas fazem de Acre, Israel, uma das cidades mais interessantes do país. Localizada em uma península no Mar Mediterrâneo, no norte de Israel, Acre (ou Akko, em hebraico) é a capital da Galileia Ocidental e um lugar que faz a gente se sentir voltando no tempo. A cidade antiga, cercada por muralhas do século XVIII que estão praticamente intactas até hoje, reúne diversos atrativos históricos, uma gastronomia deliciosa e ainda muitas religiões convivendo em coexistência. Ou, como eles preferem dizer por lá, “em existência” 💖.
Chegar em Akko é sentir o ritmo desacelerar junto com a cidade. Até mesmo o mercado e o porto, os lugares mais agitados, têm seu ritmo próprio. Acre tem 53 mil habitantes, mas é na cidade antiga “onde as coisas acontecem”. Ali ainda vivem diversas famílias árabes remanescentes do período do Mandato Britânico na Palestina. E, mesmo com a maioria de judeus ao redor, cristãos, drusos e bahá’í, o clima por lá é de harmonia e tranquilidade.
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Acre, Israel, é uma cidade em camadas, ou talvez uma colcha de retalhos, que foram se sobrepondo ao longo da história. Depois de passar pelos domínios Persa, Bizantino, dos Cruzados, Mameluco, Otomano, Britânico e, finalmente, de Israel, ela ganhou um simbolismo especial e heranças das mais diversas culturas. Em 2001, por sua incrível riqueza histórica e arqueológica, a cidade velha de Acre foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade.
Na época dos Cruzados (século XII) Akko foi uma antiga fortaleza e fez parte do reino de Jerusalém. Era chamada de São João de Acre. Túneis e salões que faziam parte da fortaleza só foram redescobertos e escavados em 1994 e hojé é possível visitá-los! Desde então, a região começou a atrair cada vez mais turistas. Acre ficou famosa ainda pela famosa tentativa frustrada de invasão por Napoleão Bonaparte durante o ‘Cerco de Acre’, em 1799. Ali Napoleão oficialmente “perdeu a guerra” para os Otomanos.
O que fazer em Acre, Israel:
Cidadela de Acre e Forte dos Hospitalários
O principal e mais importante atrativo de Acre é a imponente Cidadela, também conhecida como Salas dos Cavaleiros, e local onde ficava o Forte dos Hospitalários, construído inicialmente pelos Cruzados por volta do ano 1110. O forte ganhou o nome em homenagem à Ordem dos Cavaleiros Hospitalários. Em 1187, os Cruzados foram expulsos de Acre pelo exército muçulmano, mas retornaram logo em seguida, em 1191, com a vitória do rei Ricardo Coração de Leão. Nessa época, a Ordem dos Hospitalários já não conseguiu mais reaver a cidade de Jerusalém e Acre tornou-se então a capital do segundo reino dos Cruzados. O forte virou o “quartel general” dos Cruzados e foi ampliado. Ganhou três andares, salões importantes, uma área subterrânea e um sistema de esgoto.
Quando Akko foi posteriormente tomada pelo império Otomano, o governador Pasha Al-Jazzar derrubou e reconstruiu grande parte do forte, tornando-o seu castelo. Mas muito ficou escondido embaixo da terra. Desde 1994, uma área de 5000 m2 já foi escavada. Ali foram encontrados artefatos e espaços incríveis da época dos Cruzados, como o refeitório, o Túnel dos Templários e o sistema de esgoto, usado também para fugas em momentos de guerra.
Ainda dentro da Cidadela, o Túnel dos Templários é um túnel subterrâneo de 150 metros que se estende do Forte dos Templários, no oeste, até o porto da cidade, no leste, servindo como passagem estratégica. Os Templários eram uma ordem monástica militar que, em nome do Papa, ajudavam peregrinos. O túnel também foi descoberto com as escavações de 1994 e é um dos lugares imperdíveis para serem visitados no castelo.
Valor da entrada | Dias e horas de visitação
Jardim Encantado
Conhecido como o lugar mais verde e fresco de Acre, o Jardim Encantado é um pequeno jardim que dá acesso ao Forte dos Hospitalários. Ele fazia parte do palácio do governador Al-Jazzar no período do Império Otomano e algumas plantas estão ali desde então.
Centro de Informações Turísticas Western Galilee Now
O Centro de Informações da associação Western Galilee deve ser na verdade sua primeira parada em Acre! Além de oferecerem informações e dicas para a sua visita à cidade e arredores, eles estão sempre com uma exposição gratuita de artistas locais. A exposição em cartaz no momento é a “Grandmother’s Wall” (“Mural da avó”) – uma homenagem à tecelagem, bordado, tricô e costura e outros artesanatos.
Horário de funcionamento: domingo a quinta: das 9h às 17h; sextas: das 9h às 14h; sábados e feriados: das 10h às 16h
Museu dos Tesouros da Muralha
O museu Treasures in the Walls guarda centenas de relíquias dos séculos passados, incluindo móveis, objetos e artesanatos. Ele fica dentro da muralha de Acre, que foi construída pelo poderoso líder Ahmed Al-Jazaar depois da tentativa de invasão de Napoleão Bonaparte à cidade, em 1779. O Tesouros da Muralha é um museu etnográfico dedicado à tradição de artesanato da cidade, com objetos que datam dos séculos XIX e XX. É um passeio interessante tanto para adultos, quanto para crianças!
Horário de funcionamento: de sábado a quinta: das 10h às 17h; sextas: das 10h às 15h
Mais informações
Mercado Central e Bazar Turco
Algo para se apaixonar em Israel são os mercados! Em diferentes cidades, eles vendem as mais incríveis comidas, artesanatos, roupas e tudo mais que você possa imaginar. Em Acre não é diferente. O que muda por lá é que os mercados, localizados também na parte antiga da cidade, são mais vazios e tranquilos de transitar. Vale muito à pena passar pelo Bazar Turco, um mercado do século XVIII que foi desocupado na época da indepêndencia de Israel, mas voltou a funcionar nos últimos anos. Os artesanatos por lá são bem diferentes do que você encontra no resto do país!
Galeria Art 192
A cidade antiga de Acre é cheia de lojinhas de artesanato. Fiquei realmente impressionada com a criatividade e a diversidade de técnicas e materiais que eles usam por lá. Da cerâmica ao bronze, das bijuterias às louças. Mas uma loja em especial merece sua visita: a galeria Art 192. Ela é formada por um coletivo de dez mulheres artesãs com histórias distintas e que trabalham com inspirações e materiais diferentes. Hedva Klein, por exemplo, faz bijuterias com papeis e livros reciclados! Lucy Bashan-Browne faz cerâmicas super coloridas e divertidas. Além dos dez talentos, todo mês elas recebem a exposição de um artista convidado e realizam workshops para visitantes.
Banho Turco
Durante o período Otomano (de 1743 a 1919), Acre foi transformada de uma vila de pescadores em uma importante cidade comercial e portuária. Foi nessa época que o então governador Al-Jazzar construiu o banho turco Hamam al-Basha. Ele é dividido em três seções: a sala de vestir de verão; os quartos intermediários, onde eram realizados tratamentos cosméticos e massagens; e a sala quente, que era o coração do hamam com piscina aquecida e banho a vapor. Hoje é possível entrar lá e conhecer a história do último cliente do banho turco. Para visitar você pode comprar tíquetes combinados com a visitação ao forte, ao Túnel dos Templários e até com Rosh Hanikra. Confira aqui os valores.
Mesquita al-Jazzar
Acre tem ao todo seis mesquitas. A Al-Jazzar foi construída por volta do ano 1781, no início do domínio do governador otomano Ahmed Al-Jazzar e, sendo a maior mesquita em Israel fora de Jerusalém, ganhou o nome do líder.
Restaurante Elmarsa
O restaurante Elmarsa, localizado no porto de Acre, foi uma das gratas surpresas culinárias na minha passagem pelo norte de Israel. Antes dele, eu nunca havia imaginado uma combinação entre gastronomia árabe e frutos do mar, com uma inspiração no melhor das cozinhas europeias. O chef Alaa Musa faz essa mistura com o maior bom gosto e ainda traz inspirações da cozinha contemporânea ocidental.
Fui carinhosamente recebida pelo seu sócio, o empresário Marwan So’ad, que comanda o Elmarsa junto com Alaa Musa desde 2012. Da janela do restaurante é possível observar o vai-e-vem de pessoas no porto, de onde saem passeios diários e o barco até Haifa. Recomendo muito o ceviche e o kibe de frutos do mar e, de sobremesa, o tradicional Knaffe. Se estiver com fome, aproveite o menu degustação do chef para experimentar um pouco de tudo!
O melhor hummus de Israel!
Akko tem a reputação de ter os melhores hummus de Israel. Eu confesso que não sou grande entendedora do assunto, mas realmente me encantei com o hummus de lá! Entre os moradores da região parece haver uma polêmica sobre qual o melhor restaurante para provar a iguaria. O mais famoso é o Humus Said. Desde manhã cedo uma fila se forma se forma na porta da frente para quem quer levar hummus e pão pita quentinho para casa! Se você quer garantir um lugar sentado, chegue cedo! Uma dica é tentar o acesso pela porta de trás, mas nada garantido.
Há quem diga que o Said só leva a fama, mas há hummus mais saborosos, como o do Abu Soil e o Hummus Issa. Experimente você e depois me conte de qual você gostou! 😉
Onde ficar em Acre:
Fiquei hospedada no Akkotel, um charmoso boutique hotel que fica na cidade antiga e tem a cara de Acre – você se sente dentro de um pequeno castelo medieval. Os quartos são simples e bem confortáveis e a vantagem é que dá para ir a pé para vários atrativos.
Confira aqui mais opções de hospedagens em Acre
Como chegar em Acre:
- De trem: trens saem regularmente de Tel Aviv, Jerusalém e Haifa com destino ao norte de Israel. Basta pegar um que pare na estação de Akko. Ela fica a 15 minutos a pé do centro histórico. A viagem de trem de Tel Aviv a Akko leva aproximadamente 1h20
- De carro: pegue a estrada 4 no sentido norte. Depois de passar por Haifa, vire à esquerda no cruzamento Ein HaMifratz e viaje ao longo da costa. Vire à esquerda no primeiro semáforo e siga as indicações para a Cidade Velha.
- De barco/ferry: se você estiver na cidade de Haifa, uma opção é pegar o ferry boat que vai direto até o porto de Acre. Mas preste atenção e confirme os dias e horários, pois ele só funciona quatro dias na semana e com poucas saídas diárias.
viajei a Akko a convite da Western Galilee Now
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