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Quem são os heróis invisíveis homenageados pela Mangueira?

Mangueira
Foto: Antonio Scorza / Agência O Globo
Escrito por Ana Duék

A Mangueira fez um desfile incrível, no segundo dia de apresentações 2019 na Marquês de Sapucaí, trazendo para o público a lembrança de heróis que a história brasileira apagou e fazendo uma crítica social ao anonimato de negros, índios, mulheres e pobres, que sempre fizeram parte da história do Brasil. Ok, admito. Sou mangueirense e suspeita para falar sobre o desfile. Mas estamos aqui para falar de história e, antes tarde do que nunca, reconhecer pessoas como nós, que deixaram marcos importantes no nosso país.

Confira alguns dos nossos heróis “que não estão no retrato”:

Dandara – Esposa de Zumbi dos Palmares, essa guerreira negra, lutou durante o século XVII para defender seu quilombo, Palmares, na Capitania de Pernambuco. Teve três filhos com Zumbi e era capoeirista. Também participava das estratégias de resistência e das atividades diárias do quilombo. Suicidou-se em 6 de fevereiro de 1694, depois de ser presa, para não se tornar escrava.

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Foto: Geledes

 

Cariris – Os índios Cariris são todas as etnias que falam a língua cariri ou kariri. Viviam em uma grande área da região nordeste. O enredo lembra a Confederação dos Cariris, também conhecida como a Guerra dos Bárbaros, um movimento de resistência indígena à dominação portuguesa na virada do século 16 para 17, envolvendo sobretudo nativos do Ceará, mas também do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

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Foto: Wikipedia

 

Luíza Mahin – O samba da Mangueira diz: “Brasil, chegou a vez, de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”. Luíza Mahin foi uma das líderes da maior revolta escrava ocorrida no Brasil – o Levante dos Malês, e ainda participou de inúmeras revoltas de escravos ocorridas em Salvador nos anos de 1830. Era mãe do poeta, advogado e abolicionista Luiz Gama. Em um país onde a maioria dos senhores era analfabeta, os malês, como ficaram conhecidos os negros muçulmanos de etnia nagô, tinham conhecimentos de matemática, sabiam ler e escrever em árabe e investiam na alfabetização dos filhos nascidos no Brasil.

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Foto: Arte Brasileiros

 

Marielle Franco – Essa todos conhecem, mas não custa lembrar. A vereadora Marielle Francisco da Silva, do PSOL, foi socióloga, ativista e defensora dos direitos sociais. Foi assassinada em 2018 por causa de denúncias que fez aos abusos de autoridade por parte da polícia em comunidades e favelas. Seu assassinato segue impune.

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Cunhambebe – Foi o líder indígena dos tupinambás durante a Confederação dos Tamoios, resistência à ocupação portuguesa no litoral do sudeste entre 1554 e 1567. Tamoio é a expressão tupi para indígenas mais velhos. Cunhambebe foi um grande líder para estes índios, que habitavam a região entre Cabo Frio, no litoral do Rio, e Bertioga, em São Paulo.

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Chico da Matilde – Francisco José do Nascimento foi um jangadeiro negro e abolicionista que viveu no Ceará entre 1839 e 1914. Ficou conhecido como o Dragão do Mar depois de liderar uma paralisação de jangadeiros, negando-se a fazer o transporte dos navios negreiros que chegavam no porto, no século 19.

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Confira o samba da Mangueira com o enredo História para Ninar Gente Grande

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?