Viajante Responsável

Worldpackers, como funciona e o que é preciso para viajar fazendo voluntariado

Worldpackers como funciona
Escrito por Renata Ferreira

Aqui no Viajar Verde recebemos muitas dúvidas sobre como viajar o mundo fazendo turismo voluntário e também em relação à plataforma Worldpackers. Se você está cheio delas, relaxa! Para te ajudar a ter uma experiência incrível, preparamos esse artigo bem completo com tudo o que você precisa saber antes de se voluntariar e como funciona a Worldpackers.

Esse artigo vai trazer também um pouco da minha experiência sendo voluntária na Worldpackers e em outras plataformas. Então, além de você receber muita informação prática e útil, poderá conhecer a realidade de uma viajante praticante! 🤗

Instituto de bem-estar e permacultura de Portugal

Instituto de bem-estar e permacultura de Portugal | Foto: Worldpackers

O que é a Worldpackers?

A Worldpackers é uma plataforma que conecta viajantes com anfitriões – hostels, pousadas, ecovilas, famílias, etc. Ela foi fundada por dois amigos brasileiros, Riq Lima e Eric Faria, viajantes que, através da sua experiência, criaram a Worldpackers para democratizar as viagens e proporcionar momentos únicos para quem está com o pé na estrada.

A plataforma se destacou aqui no Brasil inicialmente por ser a primeira desse estilo que foi feita em português. Hoje ela ganhou proporção mundial e se transformou em uma grande comunidade, com oportunidade de voluntariado e work exchange, conteúdos educativos e até possibilidade de ganhos financeiros para os viajantes.

Como se voluntariar na WorldpackersComo funciona a Worldpackers?

A Worldpackers quer facilitar a vida dos viajantes, realizando o sonho de conhecer novos destinos, para quem busca uma conexão mais profunda, fugindo do turismo tradicional, aprendendo coisas novas e com o benefício extra de baratear muito os custos da viagem, já que você (quase) nunca precisará pagar hospedagem, e algumas vezes nem pela alimentação.

Falando de uma forma mais prática: no site você encontra anfitriões de várias partes do mundo que oferecem oportunidades de trabalho e voluntariado de vários estilos. Você poderá ter acesso à essa lista sem precisar se cadastrar no site, mas se quiser entrar em contato com esses locais, se candidatar a uma vaga e ter a experiência completa na comunidade, precisará fazer a assinatura do plano anual para se voluntariar na Worldpackers.

Ao ter acesso completo à plataforma, você poderá buscar o programa ideal, filtrando a pesquisa por localização, por propósito (intercâmbio de trabalho, iniciativas de impacto social e projetos ecológicos e ambientais), por tipo de acomodação (ONG, escola, ecovila, camping, pousada, hostel) e por habilidades (fotografia, permacultura, produção de conteúdo, limpeza, bioconstrução, ensino de línguas, talento artístico ou musical).

Como se voluntariar na Worldpackers

Quanto custa viajar pela Worldpackers?

A plataforma funciona através de uma assinatura anual e conta com 3 diferentes planos:

  1. Plano Trip Solo – para viajantes que estão sozinhos, por US 49,00 ao ano.
  2. Plano Casais/Amigos – voluntariado para quem está viajando acompanhado, por US 59,00 ao ano (atenção que nesse caso você precisa viajar sempre com essa pessoa).
  3. Plano Pack – para viajantes solo + 2 cursos online da Worldpackers Academy por US 99,00 ao ano

como funciona a Worldpackers

Preciso pagar alguma taxa extra para os anfitriões?

No início da Worldpackers todo voluntariado era sem taxa alguma, mas com o passar do tempo vi mais e mais anfitriões pedindo uma colaboração financeira. Isso acontece especialmente naqueles projetos que são sociais e/ou ecológicos, já que geralmente são lugares que não têm uma entrada financeira significativa para conseguir bancar os voluntários.

“Mas quando eu devo pagar taxas extras?” você deve estar se perguntando. Eu te digo que depende muito da sua possibilidade financeira e objetivo da viagem, mas o meu filtro costuma ser o quanto acredito que receberei de aprendizado ali e se vale à pena pagar a taxa. Já cheguei a deixar de ir em projetos SUPER bacanas porque achei a taxa abusiva. 

Agora, nunca nunca, eu pago taxa extra para hostel – e para falar a verdade nunca vi algum cobrando -, já que é um negócio com fins lucrativos e tem recursos para receber os voluntários.

Lembrando que os valores são sempre informados na plataforma e tudo deve ser negociado antes de ir para o projeto. Você não é obrigado a pagar nada se não foi avisado com antecedência. Por isso, leia bem a descrição da vaga. E, se quiser muito fazer voluntariado com um anfitrião e não pode pagar a taxa extra, entre em contato e negocie! Geralmente há abertura para isso. 🤗

voluntariado Bioconstrução

Bioconstrução em Pernambuco | Foto: Worldpackers

Diferença entre voluntariado e work exchange

Você reparou que em alguns momentos eu falo voluntariado e outros work exchange? Quero trazer esse ponto aqui, já que essa conversa é alvo de polêmicas e é importante você entender para não cair em problemas. Na legislação brasileira, o voluntariado implica única e exclusivamente em uma troca com projetos sem fins lucrativos. Esse detalhe faz com que muitas pessoas defendam que trocar trabalho por hospedagem não é trabalho voluntário e, além de poder ser uma exploração, pode estar comprometendo a empregabilidade de moradores locais.

Por outro lado, existe o termo work exchange que fala especialmente de troca de trabalho por um benefício. Não há uma legislação hoje para isso aqui no Brasil, mas seria a forma mais correta de reconhecer, caso você vá, por exemplo, fazer essa troca em um hostel.

Eu gosto de deixar cada coisa na sua caixinha, até para não correr o risco de tirar o objetivo raiz de um voluntariado: apoiar causas. Então costumo classificar as minhas experiências na Worldpackers desta forma: 

  • Quando vou para alguma ONG ou ecovila que tem objetivos ambientais e/ou sociais claros, chamo de voluntariado.
  • Quando vou para algum hostel ou ecovila que é mais fechada em seus processos, chamo de work exchange.

Essa clareza também é importante para que o viajante e o anfitrião entendam que nessa dinâmica há uma troca, que deve ser justa e respeitosa.

A Worldpackers é confiável?

A Worldpackers pode ser sim considerada uma plataforma confiável. Em seu site está tudo explicado com muita clareza e, ao assinar a parceria, tanto anfitriões quanto viajantes estão assumindo compromissos. O esquema de avaliação e certificação dos anfitriões faz com que a experiência seja mais segura do que voluntariar em projetos onde não temos referência.

É importante entender que estamos falando de relações humanas. Mesmo com a seriedade da empresa, não dá para garantir que não haja nenhum problema. Portanto, leia bem as avaliações e pesquise sobre seu anfitrião antes de ir para o local. Lembrando que a Worldpackers oferece um seguro, que é um suporte para encontrar um novo anfitrião, caso algo dê errado com o seu atual, com a possibilidade de receber até três noites de hospedagem em algum hostel enquanto essa troca é feita.

Quais habilidades/requisitos são necessários para me voluntariar na Worldpackers? 

Se você tem dúvidas se voluntariado é mesmo para você e se tem a idade ou habilidades necessárias, te conto que a Worldpackers é para todo mundo (desde que seja maior de idade 😉). A idade mínima para se voluntariar na Worldpackers é 18 anos. Mesmo que o menor de idade esteja acompanhado de adultos não é possível se cadastrar no site. Mas, não existe uma idade máxima. Eu mesma já encontrei voluntárias incríveis que se aposentaram e foram se aventurar pelo mundão sozinhas.

Sobre as habilidades, há vagas tão variadas que existe uma experiência ideal para cada pessoa – desde quem trabalha com mídias e conteúdos, até quem é bom em recepcionar, servir no bar, limpar, cuidar de crianças, colocar a mão na terra, etc. E lembre-se: o objetivo dessa experiência é aprender, portanto, a melhor habilidade que você pode ter é estar aberto e disposto a novas experiências!

turismo voluntário com animais

Ajude a cuidar de cães resgatados | Foto: Worldpackers

Dá para viajar pela Worldpackers e trabalhar ao mesmo tempo?

Quer viajar pela Worldpackers, mas não está em um ano sabático e precisa continuar gerando grana? É possível sim, mas é preciso planejamento e organização. Existem alguns formatos de trabalho que vejo os viajantes adotando. Descubra qual o tipo de trabalho nômade mais se encaixa com você:

  • Vender a sua arte: lendo poesias, contando contos, fazendo acrobacias, lendo cartas de tarô, produzindo artesanatos, pintando ambientes etc.
  • Ofereça seus dons culinários: escolha uma receita que você é especialista e ofereça para outras pessoas. Uma dica para quem está no exterior é oferecer receitas brasileiras, e outra dica é que, se for uma região turística e com um público “alternativo”, a procura por receitas veganas é grande.
  • Faça bicos em bares e restaurantes: se você está em um hostel pode ver se é possível, depois do seu turno de voluntário, trabalhar ali mesmo no local. Se não rolar, peça referência e procure lugares que precisam de uma mão extra – isso funciona especialmente nos finais de semana e alta temporada.
  • Nômade Digital: ofereça seus trabalhos online. Aqui o computador será seu melhor amigo.

Dicas de ouro para nômades que fazem voluntariado na Worldpackers:

  • Programe a sua estadia em um voluntariado considerando que precisará de um tempo para trabalhar nas suas coisas. Se for um trabalho de muitas horas, por exemplo, 6 horas diárias, pode ser que você não dê conta de fazer tudo.
  • Não é em toda cidade que você conseguirá gerar uma renda. Por isso, sempre tenha um dinheiro guardado para poder conhecer voluntariados mesmo fora da temporada ou afastados das cidades, como as ecovilas.
  • Se você é nômade digital, é necessário ter uma boa internet. Certifique-se antes de aceitar uma vaga
Compartilhando a minha experiência

Na estrada você encontrará seu ritmo. Com o tempo eu percebi que o melhor para mim é intercalar entre dias de voluntariado, com dias em hospedagem paga. Eu sou redatora e funciono melhor quando tenho tempo e foco em apenas uma coisa, então eu faço um voluntariado de 15 dias ou 1 mês e depois tiro 1 ou 2 meses para focar no meu trabalho, e assim vou viajando no meu ritmo.

Passei 3 meses na Colômbia, onde tive experiências incríveis. Veja o que você precisa saber antes de viajar para a Colômbia.

Posso ganhar dinheiro com a Worldpackers?

A Worldpackers oferece algumas opções de programas para que os viajantes possam ganhar dinheiro:

  • Blogger: escrever conteúdos para a plataforma recebendo entre R$60,00 e R$170,00 por texto.
  • Videomaker: produzir e editar vídeos ganhando até R$400,00.
  • Guru: produzir conteúdo para incentivar outros viajantes a entrarem na comunidade e ganhar US$10,00 por inscrição.
  • Scout: incentivar novos anfitriões a entrarem na comunidade e receber entre US$10,00 a US$20,00 por anfitrião aprovado.

Para o meu estilo de viagem esses trabalhos com a Worldpackers não são o suficiente para pagar as contas. Normal. Mas, mesmo assim, acho bacana poder aproveitar tudo o que você está vivendo nas viagens, dividir com as pessoas e ainda ganhar uma graninha extra.

Considere essas alternativas como uma excelente forma de somar nos seus ganhos.

Programas Worldpackers

É seguro fazer um voluntariado viajando sozinha?

Se você é mulher e nunca teve a experiência de viajar sozinha, o voluntariado pode ser a oportunidade ideal para dar esse primeiro passo. De 7 voluntariados que eu fiz até hoje, 5 deles eu fui sozinha e tive ótimas experiências e nenhum problema.

Foram ótimas experiências porque me desafiei, saí da zona de conforto, senti a liberdade de viajar sozinha, mas ao mesmo tempo tive a companhia de outras pessoas que conheci no projeto, aumentando a minha segurança.

Isso não quer dizer que não devemos ter cuidado. Para me sentir segura eu sempre busco avaliação de viajantes mulheres, pois, assim sei se é um ambiente acolhedor para nós. De qualquer forma, se você se sentir insegura ou assediada de alguma maneira, aconselho que se retire do voluntariado e informe à Worldpackers.

Worldpackers como funciona

Vale à pena viajar e se voluntariar na Worldpackers?

Isso dependerá muito do seu estilo de viagem. Você precisa ter em mente que o voluntariado é um trabalho: um trabalho voluntário. É necessário responsabilidade e comprometimento com o projeto que conta com você.

Vale à pena viajar pela Worldpackers se você está realmente disposto a se doar e a viver novas experiências que te vão te tirar da zona de conforto. 

Em termos de plataforma, vejo que eles estão se desenvolvendo cada vez mais e trazendo diferentes estilos de anfitriões, de diversos lugares. O maior destaque deles em relação às outras plataformas tradicionais, é que a variedade de projetos é maior, indo desde de o hostel mais badalado na grande cidade, ao sítio bem isolado na natureza.

Quais são os outros sites onde posso encontrar voluntariado em viagens?

Existem várias plataformas e inclusive agências onde é possível encontrar voluntariados, mas grande parte delas é voltada para ONG’s e trabalhos sociais, onde o viajante paga para ajudar uma iniciativa específica, por um tempo determinado.

Os maiores concorrentes diretos da Worldpackers hoje são:

  •  WWOOF – voltada para sítios de produção orgânica, tem uma variedade de anfitriões mais focada e limitada. O site é em inglês e das 3 principais plataformas achei essa a mais complicada de navegar.
  • Workaway – tem como foco iniciativas ambientais e sociais. Hoje ela tem opção do site em português, mas ainda acho a navegabilidade da Worldpackers melhor.

Agora que você já sabe tudo o que você precisa antes de se voluntariar na Worldpackers, quero deixar aqui registrados que, além desses sites, alguns dos meus voluntariados encontrei em grupos de Facebook e por indicação de outros viajantes. Eu gosto de assinar a Worldpackers pela facilidade e todo o suporte que existe ali, mas acho importante estarmos de olho também nas experiências bacanas que estão fora da plataforma.

Eu amo fazer essas viagens! Mesmo que eu não seja uma viajante que está 100% do tempo se dedicando ao voluntariado, de tempos em tempos incluo uma iniciativa no meu roteiro, para aprender muito, ganhar novos amigos e, especialmente, para retribuir um pouco do que a vida na estrada tem me presenteado.

Se tiver mais alguma dúvida sobre o tema, deixe aqui nos comentários!

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Sobre o Autor

Renata Ferreira

Graduada em psicologia e pós-graduada em Negócios da Moda, direcionou suas formações para a sustentabilidade. Após conhecer algumas iniciativas no Brasil e na ânsia de descobrir novas, colocou o pé na estrada. Através de viagens e experiências sustentáveis, facilita o caminho da transformação pessoal necessária para uma vida mais integrada.

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