Cheguei lá nervosa. Era a primeira vez que eu serviria alguém e não fazia ideia se derrubaria algum prato naquela noite. Mas, na minha primeira experiência como voluntária no Refettorio Gastromotiva, minha maior preocupação era me sentir abraçando e sendo abraçada, fazendo parte daquilo. E abraços, sem dúvida, não faltaram naquela noite.
Há algum tempo acompanho de longe o maravilhoso projeto de gastronomia social do chef David Hertz e da Rede Gastromotiva, observando como a gastronomia tem um potencial tão forte para promover mudanças pelo bem. Ao incluirmos a gastronomia no setor de turismo e, claro, eles caminham cada vez mais juntos, me pergunto até que ponto ela tem conquistado um espaço só seu – um passo à frente das promessas e muito mais comprometida com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Desde 2006, a Gastromotiva atua no país investindo na transformação social, redução de desigualdades e geração de oportunidades por meio da comida. Cursos de formação profissional e empreendedorismo para jovens com baixa renda familiar, formação de redes, palestras, eventos e valorização de culturas e tradições são as bases que movem a organização para fortalecer e inspirar comunidades socialmente vulneráveis e menos privilegiadas, como os jovens de famílias de baixa renda, imigrantes e prisioneiros.
Em 2016, quando fui apresentada ao Refettorio Gastromotiva, um modelo de restaurante comunitário idealizado pelo chef Massimo Bottura e trazido para o Rio de Janeiro pela parceria com o chef David Hertz e a jornalista Alexandra Forbes, me encantei ainda mais com a força da gastronomia social. Era tempo de Olimpíada, os preparativos estavam atrasados e restava torcer para que aquele incrível encontro desse muito certo.
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Felizmente deu! Hoje, o Refettorio virou não só o exemplo de comida, cultura e dignidade (a que ele se propõe), mas inspiração para uma grande reflexão sobre o papel e o futuro dos alimentos em nossas vidas e no mundo. Cerca de 80 pessoas em situação de rua são servidas ali diariamente durante o jantar em um momento de troca, direito, aconchego e, claro, deliciosa gastronomia.
Meu papel como voluntária no Refettorio Gastromotiva era receber os convidados de braços abertos, fazendo com que se sentissem à vontade e servir com a mesma excelência (ou a melhor possível!) que gostaria de ser servida em qualquer restaurante. Chegamos mais cedo, às 17h, para conhecermos um pouco mais do projeto e recebermos as instruções. Quem nos recebe é a incrível Gisele Anselmo, responsável pela equipe de voluntários, que logo nos deixa à vontade.
Apenas dois segredos são necessários para fazer com que tudo dê certo entre a equipe de voluntários: uma coreografia pré-programada que mostrou-se mais do que eficiente na hora de servir os pratos e a conversa transparente e informal com Gisele sobre o Refettorio. Entender a história e a essência do que acontece ali é, sem dúvida, essencial para que nos sintamos parte.
No resto da noite, é a vez de os convidados e os pratos brilharem – tudo preparado por chefs convidados e pela incrível equipe da Gastromotiva com alimentos e sobras doados por parceiros. É como ver uma mágica acontecer: alimentos que iriam para o lixo passam a alimentar dignamente pessoas que dificilmente têm acesso a uma comida de qualidade.
Depois de ajudarmos em todo o serviço e nos despedirmos de nossos convidados, temos a oportunidade de também sentar à mesa, experimentar os pratos da noite, e o melhor: trocar impressões sobre a deliciosa experiência. É o momento de pensar um pouquinho mais sobre as transformações ali propostas e deixa nossa mente mais inquieta. E, agora? O que mais podemos fazer?
Para se inscrever como voluntário, envie um email para voluntarios@gastromotiva.org
Você poderá indicar seu dia (ou dias de preferência) e deve aguardar ser chamado.
A atividade acontece de segunda a sexta, das 17h às 20h
Mais informações: http://www.refettoriogastromotiva.org/
O Refettorio Gastromotiva fica na Rua da Lapa, 108 – Rio de Janeiro