Os legados deixados por megaeventos esportivos são sempre tema de divergências e polêmicas. Especialmente quando eles se referem à primeira Olimpíada realizada na América Latina. Muitos estudiosos garantem que benefícios em infraestrutura, crescimento econômico e promoção da imagem do destino são legados diretos dos eventos esportivos. Para os moradores da cidade que sedia os Jogos Rio 2016, resultados difíceis de se acreditar, num momento em que o país divide-se entre a crise política e econômica e notícias negativas multiplicadas diariamente pela imprensa nacional e internacional.
Do que parece um cenário pouco promissor, eu vejo surgir um legado positivo no Brasil. Ele se chama solidariedade. Diante de todos os obstáculos pelos quais estamos passando, somos capazes de descobrir a cada dia novas iniciativas ou pessoas dispostas a fazer o bem, compartilhar, incluir, multiplicar. E o melhor: muitas outras dispostas a ouvir, entender, dividir, conscientizar.
Pequenas ações e grandes histórias, sejam individuais ou coletivas, têm ganhado mais força e sorrisos de apoio. Encontramos cada vez mais empreendedores do bem, voluntários apaixonados, campanhas motivadoras, senso de responsabilidade e pessoas que têm a chance de encontrar um pouco de dignidade, oportunidade e inclusão.
Nesse momento em que o Rio de Janeiro está em evidência, nossa solidariedade é sem dúvida o melhor legado que temos para mostrar e multiplicar. Incríveis ações sociais e de sustentabilidade estão em andamento com os Jogos Rio 2016. É o caso do Refettorio Gastromotiva, um restaurante social que tem à frente grandes chefs como Massimo Bottura e David Hertz e vai servir refeições a pessoas em situação de risco a partir dos restos de alimentos da Vila Olímpica; do projeto Favelidade, que propõe a geração de emprego e renda para várias comunidades durante a Olimpíada a partir de roteiros de turismo nessas favelas; e das palestras sobre clima e meio ambiente no Museu do Amanhã.
Em parceria com o Comitê Rio 2016, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente também trouxe a campanha de conscientização Passaporte Verde para os Jogos. A iniciativa está construindo um diálogo inédito entre viajantes, família olímpica, anfitriões e todos os envolvidos no turismo para lembrar que todos podem fazer sua parte por um turismo mais responsável. Dando dicas, contando histórias e até indicando roteiros autênticos pela cidade. Essas e outras tantas ações do bem construídas diariamente são sim grandes motivos para nos orgulharmos e pensarmos que estamos caminhando para a frente!