Antes de mais nada gostaria de deixar bem claro que não, não é possível conhecer Santiago em apenas dois dias. A capital e maior cidade do Chile, hoje com mais de 7 milhões de habitantes, pode ser comparada a uma metrópole americana ou europeia, se considerarmos a diversidade de atrativos culturais, gastronômicos, parques, compras e atividades ao ar livre. Portanto, se você puder evitar os meses de inverno (junho, julho e agosto), quando as temperaturas podem beirar zero graus, vai poder aproveitar melhor a cidade. E, se possível, reserve mais dias para explorar Santiago!
Mas, porque então esse roteiro tem apenas dois dias? Porque foi tudo que consegui encaixar depois de 12 dias no Atacama e na Bolívia! E pensei que ele pode ser muito útil para quem também quer combinar Santiago com qualquer outro destino no Chile, como Atacama, Região dos Lagos, Ilha de Páscoa ou Patagônia, e não tem muito tempo disponível. É melhor então dedicar mais tempo no outro destino, já que Santiago é mais fácil de voltar, certo? 😉 E já vou avisando: você vai ficar com vontade de voltar!
Vamos então ao roteiro de dois dias em Santiago!
Véspera: petiscos à noite no Bar Liguria
Dia 1: vinícola Cousino Macul + almoço no Bocanáriz + caminhada por Lastarria + Museu da Memória e dos Direitos Humanos + jantar no La Mision
Dia 2: Parque Metropolitano de Santiago + La Chascona + Palácio de La Moneda + jantar no Boragó
SANTIAGO DIA 1
A manhã do nosso primeiro dia foi dedicada a uma vinícola. Ela nem estava na programação, mas entrou de última hora, quando descobri pelo Viaje na Viagem que é possível visitar uma vinícola ainda na Região Metropolitana de Santiago e sem gastar o dia todo. Então, a escolhida foi a Cousino Macul. Essa é a vinísola que fica mais próxima do centro, sendo possível alcançá-la em cerca de uma hora, com um metrô e um ônibus. Voltamos de Uber e o valor foi bem honesto. Não deixe de agendar sua visita com antecedência no site deles: http://www.cousinomacul.com/. Há tours em português, inglês e espanhol.
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Foto: Viajar Verde
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Fundada em 1956, a Viña Cousino Macul ainda é uma vinícola familiar | Foto: Viajar Verde
Seguimos direto da Cousino Macul para o vinobar Bocanáriz. Gostamos de fugir dos restaurantes clichês de turistas, mas o Bocanáriz é tão bem falado, que decidimos “arriscar”. E foi realmente uma grata surpresa. Talvez nossa melhor refeição de Santiago! Então, não se incomode de ser “mais um” a ir lá. Vale realmente à pena! O forte de lá são os vinhos, mas as comidas não deixam nada a desejar, com produtos realmente frescos e opções vegetarianas.
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Pratos à la carte ou menu harmonizado no vinobar Bocanaríz | Foto: Ana Duék
Depois do almoço fomos caminhando pelo bairro Lastarria, onde fica o Bocanáriz, até pegar o metrô na estação Bellas Artes. Infelizmente só tínhamos dois dias em Santiago e nossa caminhada foi curta e objetiva. Se você tiver mais tempo, não deixe de caminhar com calma pelo bairro (um dos mais charmosos e badalados da cidade), para apreciar as lojinhas, passear pela feira de antiguidades ou visitar o Museu de Artes Visuales (gratuito). Ali também estão ótimas opções gastronômicas para todos os bolsos. Aproveite ainda para subir o lindinho Cerro Santa Lucia, no caminho entre o Bocanaríz e a estação Bellas Artes, que para nós ficou para a próxima 😣
De metrô, alcançamos o incrível Museo de la Memoria y los Derechos Humanos (saltando na estação Quinta Normal). Ao reavivar as atrocidades cometidas pelo governo ditatorial de Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990, o museu abre um espaço para a valorização da democracia e a reflexão sobre direitos humanos. A vontade é passar o dia inteiro por lá.
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Fachada do Museu da Memória e dos Direitos Humanos | Foto: Ana Duék
Voltamos de lá para o hotel de ônibus. Foi bem interessante para observar a movimentação da cidade e ter certeza de que o trânsito lá é tão confuso quanto o de São Paulo. À noite tínhamos uma reserva no La Mision, um bar de vinhos e restaurante relativamente novo (inaugurado em 2016), que fica em Vitacura, um dos bairros mais chiques de Santiago. Novamente a carta de vinhos foi nosso chamariz, mas a comida, conduzida pelo chef francês Jonathan Michel, também é surpreendente!
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Foto: Ana Duék
SANTIAGO DIA 2
Começamos nosso segundo dia bem cedo no Parque Metropolitano de Santiago, considerado o maior parque urbano da América Latina e o pulmão verde da capital chilena. Com 700 hectares de extensão, ele abarca as comunas de Huechuraba, Providencia, Recoleta e Vitacura. Como estávamos hospedados no Ladera Hotel, pudemos ir andando, já que ele fica a 5 minutos a pé da estação inicial do teleférico (na entrada da Avenida Pedro de Valdívia Norte). Se você vier de metrô, basta descer na estação Pedro de Valdívia. Mas prepare-se para uma caminhada de 15 minutos até a porta.
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Foto: Ana Duék
A vantagem de entrar por este lado do parque é que você pode logo pegar o teleférico, que te dá vistas deslumbrantes de Santiago. Você pode descer na primeira estação, onde há uma piscina pública aberta durante o verão, um mirante e algumas trilhas para caminhada. Fomos em um sábado, então o parque estava cheio não só de turistas, mas de locais fazendo atividades físicas. Depois é possível subir até o topo do famoso Cerro São Cristóbal, onde está o Santuário de La Imaculada Concepción e a mais alta vista para a cidade.
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Piscina pública aberta no verão, no Parque Metropolitano de Santiago | Foto: Ana Duék
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Do teleférico observamos a Santiago lá embaixo | Foto: Ana Duék
Descemos do Cerro San Cristóbal pelo funicular, um pequeno trem em caminho de ferro que não tem emoção nenhuma, mas é estratégico porque nos deixa do outro lado do parque, no acesso Pío Nono. Dali é possível caminhar por 3 minutos até alcançar a Casa Museo La Chascona, a casa inspirada em um navio onde Neruda viveu com sua terceira esposa de 1955 a 1973.
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La Chascona, a casa que Pablo Neruda fez para sua amante | Foto: Ana Duék
Não é preciso mais de 1h30 para visitar La Chascona. De lá aproveitamos para fazer uma caminhada de 40 minutos até a Plaza de la Constitución e o Palacio de La Moneda, a sede da Presidência da República do Chile. Foi bacana para circular um pouco a pé por Santiago, cruzar a enorme avenida Costanera Norte e ver o contraste dos edifícios modernos com os antigos e os parques. Se você tiver preguiça, pode caminhar até a estação de metrô Baquedano e descer na porta, na estação La Moneda. O palacio carrega muita história, já que foi bombardeado durante o golpe que derrubou Salvador Allende, e é um lugar interessante para ser visto, mesmo que só do lado de fora. Quem quiser pode fazer uma visita guiada (http://visitasguiadas.presidencia.cl/) ou ainda assistir a troca da guarda.
Nosso dia foi corrido, então o almoço foi mesmo uma empanada pelo meio do caminho, que valeu à pena para saborear as iguarias chilenas! Mas à noite fomos à forra no restaurante Boragó, considerado o melhor do Chile e o quinto melhor na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina do 50 Best Restaurants 2017. Mas essa experiência eu vou contar para vocês depois!
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Foto: Ana Duék
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