Se você é apaixonado por animais, principalmente pelos marinhos, programe suas próximas férias para ir em busca de baleias pelo Brasil! Nosso país é considerado um dos 10 melhores para a observação de cetáceos, incluindo a Baleia Franca e a Baleia Jubarte. Um dos locais mais favoráveis para avistá-las é o estado de Santa Catarina, onde centenas de Baleias Francas chegam todos os anos, entre julho e novembro, para se reproduzir, fugindo das águas geladas da Antártica.
Entre as cidades de Garopaba, Imbituba e Laguna, foi criada a Rota da Baleia Franca, um destino que abrange alguns dos melhores pontos para se observar os animais. Estive lá em outubro e saí feliz com meu primeiro avistamento de baleias! Vou passar para você aqui as principais dicas.
Nesse guia você vai encontrar:
1. Como se preparar para avistar as baleias
2. Sobre a Baleia Franca no Brasil
3. Curiosidades sobre a Baleia Franca
4. Principais pontos de avistamento na Rota da Baleia Franca
5. Para aprender um pouco mais
6. Onde ficar na Rota da Baleia Franca
1. Como se preparar para avistar as baleias:
Antes de mais nada, a informação mais importante é: tenha paciência e dedique pelo menos 2 dias para a busca. Como qualquer animal na natureza, as baleias são imprevisíveis – podem aparecer, ou não, onde estiverem com vontade! Fizemos o avistamento em dois dias, mas sentimos que três teria sido o ideal.
Outra iniciativa essencial é contratar um guia especializado. Ele (ou ela!) está mais do que acostumado e sabe onde procurar as baleias de forma responsável, além de receber informações privilegiadas sobre os posicionamentos delas a cada dia. Se você for sozinho, pode ser como procurar agulha num palheiro! Fizemos nossos passeios com um guia e duas agências incríveis, com os quais aprendemos muito, e indico aqui: Julio Cesar Vicente, Ao Sul Natural e Amo Garopaba.
É importante também ter expectativas realistas para não se frustrar. As Baleias Francas têm um comportamento costeiro – ficam normalmente próximas às praias e à costa para fugirem de seus predadores, a Orca e os tubarões, em alto mar. Mas não pense que você vai observar uma baleia a 10 cm de você! Enquanto o avistamento embarcado em Santa Catarina ainda não está liberado, é preciso se contentar com uma distância maior. Constantes estudos e projetos avaliam o retorno da permissão para que barcos possam voltar a levar os turistas para verem as gigantes mais de perto. Mas, por enquanto, por questões de segurança para todos os envolvidos, essa ainda não é uma realidade.
Da praia, é possível ver as baleias a olho nu, mas um binóculo pode fazer toda a diferença. Se você tiver um drone, melhor ainda! Para não perturbar as baleias, o drone precisa estar a pelo menos 30 m de distância delas. Mas certamente você vai capturar imagens incríveis como esta que o Nasser e a Lyla, do Entre Filhos e Viagens, conseguiram – com direito a mamãe ao lado do filhote borrifando!
No mais, não deixe de levar um tênis para as pequenas trilhas até alguns pontos de observação, e um casaco corta-vento. Mesmo não embarcando, o vento aparece bastante por lá!
2. A Baleia Franca no Brasil
Houve o tempo em que as baleias francas ocupavam quase toda a extensão do litoral brasileiro, da Bahia à Santa Catarina. Mas evidências mostram que, desde o Brasil colônia, elas eram caçadas. Sua gordura era usada para produção de óleo para iluminação e as barbatanas que elas têm na boca, substituindo os dentes, eram usadas para a fabricação de espartilhos. Se você tiver curiosidade sobre toda essa história, confira o site do Instituto Australis.
A última baleia franca foi caçada em Santa Catarina em 1973. Mas a lei que proíbe a caça só foi sancionada em 1989. Anos depois, em 2000, foi estabelecida a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, com 156 mil hectares, 130 km de costa marítima e abrangendo nove municípios, desde o sul de Florianópolis até o Balneário Rincão. A APA da Baleia Franca tem o objetivo de proteger a baleia-franca-austral (Eubalaena australis) e seu habitat, ordenando o uso dos recursos naturais da região e as atividades de turismo, pesca e pesquisa.
Atualmente, mais de 100 baleias franca chegam ao Brasil por temporada. Em um record nos últimos 31 anos, o Instituto Australis registrou, em 2018, a presença de 284 baleias.
3. Curiosidades sobre a Baleia Franca
Antes de ir em busca delas, é interessante você saber algumas curiosidades sobre a baleia-franca-austral, considerada a mais dócil entre os cetáceos. Listei aqui algumas das coisas mais interessantes que aprendi sobre elas com nossos guias e também no Instituto Australis! Importante sabermos que também existe a baleia-franca-do-atlântico-norte que, como o nome já diz, circula pelas águas temperadas do norte do Oceano Atlântico.
- A principal caraterística para se identificar uma baleia-franca-austral (Eubalaena australis) é a cracosidade – verrugas brancas que ficam no topo e lateral da cabeça e funcionam como impressões digitais, permitindo que os pesquisadores identifiquem cada baleia individualmente;
- Esta espécie não tem a nadadeira dorsal, que é importante para o equilíbrio. Para compensar, suas nadadeiras laterais são mais amplas;
- Ela também é a única com borrifo em formato de um V. Ao contrário do que pensamos, o borrifo das baleias não é água, mas sim ar quente, que, ao encontrar o frio da atmosfera, se condensa, criando uma nuvem de gotinhas de água;
- A baleia-franca-austral vem à costa sul do Brasil para reprodução em águas mais quentes. Elas também se reproduzem na África do Sul, na Patagônia Argentina, Uruguai e Autrália;
- A baleia-franca-austral vive na Antártica, onde seu alimento, o krill, um pequeno crustáceo, é abundante. Por lá ela faz sua reserva de alimento para os meses seguintes. Ela chega a comer 2 toneladas de krill por dia!
- Como a gestação da baleia dura 12 meses e ela leva alguns meses para vir e voltar para a Antártica. O mesmo animal só é encontrado aqui de 3 em 3 anos;
- Uma baleia franca adulta pode alcançar até 18 metros, pesar 60 toneladas e viver por 80 anos;
- O bebê nasce com 4 toneladas e bebe 200 litros de leite por dia!
- Ao contrário dos peixes e tubarões, baleias não têm dentes – e isso vale para todas elas;
- As baleias francas são animais poliândricos – vários machos cortejam e acasalam com uma mesma fêmea. Quando ela não quer mais um macho, vira de ventre para cima;
- O testículo de um macho adulto pode chegar a 1.000 kg, o maior do reino animal.
É importante sabermos que também é possível avistarmos baleias-jubarte em Santa Catarina, uma vez que elas passam por ali no sentido do sudeste e nordeste do país. É mais raro, porém, que elas se aproximem da costa. De acordo com Eduardo Renault, gerente do ProFRANCA, “as francas crescem a uma taxa de 4,8% ao ano e as baleias-jubarte apresentam taxas que chegam a 12%”. Esse crescimento da população de jubartes pode ser uma das justificativas para que mais animais dessa espécie estejam aparecendo e permanecendo na região, ao invés de só utilizá-la como rota de migração.
4. Principais Pontos de Avistamento na Rota da Baleia Franca:
Como disse antes, a Rota da Baleia Franca se estende desde a cidade de Garopaba até Laguna, passando por Imbituba. Mas os guias que já estão acostumados têm dicas de locais específicos para observar as baleias – são as áreas refúgio. Em Garopaba, os melhores lugares para avistá-las são a Praia Central, Praia da Gamboa e Praia do Silveira. E, em Imbituba, na Praia do Luz, Ribanceira, Praia D’Água e Praia da Vila. Coloquei um mapinha abaixo com os principais pontos.
Fomos primeiro na Praia Central e na Gamboa, em Garopaba. Nos cantos das duas há pequenos morros, onde podemos subir e observar do alto. Na Praia Central existe um trajeto estruturado e curto com plataformas de madeira e é mais fácil de subir. Já na Gamboa a subida é mais roots e bem íngreme, apesar de muito rápida.
Infelizmente, não encontramos nenhum indício de baleia nessas praias. Nosso avistamento aconteceu na Praia da Ribanceira, onde conseguimos ver 4 baleias – duas mães com seus bebês 🐳. A mãe que conseguimos registrar com o drone nunca tinha sido batizada pelo Instituto Australis, que identifica e cataloga todas as baleias observadas. Com isso ganhamos o incrível mérito de dar nome a essa baleia! Ela agora se chama Trip, em homenagem à nossa incrível viagem! A ideia é ir lá daqui a 3 anos para ver se a Trip está de volta! 😜
5. Para aprender um pouco mais sobre a baleia-franca-austral
Já falei aqui do Instituto Australis. Ele é um instituto de pesquisas criado em 2015 para auxiliar na manutenção das atividades do ProFRANCA – Projeto Franca Austral. Eles monitoram e catalogam todas as baleias que aparecem na região, além de oferecerem cursos, palestras, pesquisas, expedições, voluntariados, coleta de lixo e projeto em escolas. O Instituto Australis fica em Imbituba, na Praia de Itapirubá, e precisa fazer parte do seu roteiro! Lá você vai fazer uma verdadeira imersão nos hábitos e características das francas, ver de perto um krill (alimento da baleia) e até ouvir um audio com o som delas!
Vale à pena também dar uma conferida no Guia Turístico – Observação de Baleias Franca em Santa Catarina, produzido pela Laguna Ambiental, que tem várias dicas e informações sobre a Rota da Baleia Franca e como tirar o melhor proveito do avistamento.
6. Onde ficar na Rota da Baleia Franca:
= Garopaba:
Fiquei hospedada na deliciosa, Pousada da Praia – como o próprio nome já diz, ela fica bem em frente à enseada da Praia de Garopaba, a 100m do Centro Histórico. São 20 suítes divididas em várias categorias, do apartamento standard à suíte premium. O café da manhã é um atrativo à parte, com uma diversidade de frutas frescas, bolos, pães, doces e frios, além de uma torradinha com ovo quentinha, preparada na hora!
= Imbituba:
O Praia Hotel Imbituba é a dica para quem busca um lugar charmoso, moderno e com conforto. Ele fica na beira da Praia da Vila e oferece piscinas (indoor e outdoor), saunas, quadra de paddle, restaurante, espaço kids e outros atrativos.
Se a ideia é se hospedar na famosa Praia do Rosa, nossa indicação vai para a Villa Seychelles, uma romântica pousada de apenas quatro cabanas e duas suítes, com fácil acesso a todas as praias da região e bela vista para o vale. Se sua proposta é mochilar, a gente sugere então o Rosa Surf Hostel, na mesma praia.
= Laguna:
Viajei em 2019 a convite do Sebrae Santa Catarina e da Rota da Baleia Franca
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