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Rio2016 Amor e Indignação

Foto: Viajar Verde

Há sete anos, quando o Rio de Janeiro conquistou a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, os primeiros na América do Sul, muitos de nós estávamos inevitavelmente felizes e na grande expectativa pelo fim da violência, pelas grandes transformações, pelas vastas oportunidades. Falou-se em emprego para todos, transporte farto, Rio virar Barcelona, despoluição da Baía de Guanabara, turismo e economia proliferando e tantas outras promessas esquecidas.

Quem assumiu o compromisso fomos nós, por meio dos nossos governos. Exigências do Comitê Olímpico Internacional, mas que nossos governantes assumiram como prioridades na agenda pública. Enquanto cidades como Boston e Hamburgo têm se perguntando se sediar mega eventos esportivos ainda é realmente proveitoso retirando suas candidaturas, nós seguimos em frente. Nesse caso, não seguimos. Estagnamos.

Muitos estudiosos dizem que os eventos são ótimos incentivos para acelerar obras e ações já necessárias para a população, além de trazer legados importantes para a cidade nas áreas de infraestrutura, transporte, sustentabilidade e crescimento econômico. Aqui no Rio, há menos de 20 dias da Olimpíada, pouco se vê deste bom legado, concentrado em algumas transformações no Centro que não validam as necessidades primordiais da população: saúde, educação, saneamento, moradia, segurança.

As promessas ficaram somente no texto da candidatura ou têm servido para comprometer ainda mais a imagem do nosso país dentro e fora dele. Segundo o Datafolha, 63% dos brasileiros já acham que a Olimpíada vai trazer mais prejuízos do que benefícios. Somado ao nosso desânimo com a política e o retorno da violência, parecemos caminhar para o outro lado. Até mesmo o sorriso e a simpatia do carioca já andam comprometidos. Não tiro nossa razão.

Desde o primeiro momento, não fomos obrigados a sediar jogos. Nós nos comprometemos, porque fazemos parte dessa escolha. Mas, ao contrário de nossos governantes, nós somos capazes. Não somos obrigados a imitar Barcelona e ninguém espera encontrar aqui uma cidade de Londres, como o prefeito recentemente alertou. A nossa grande oportunidade era a de mostrarmos um Rio de Janeiro único, especial, bem humorado, criativo, mágico, cultural, gostoso, hospitaleiro e capaz. E nós ainda podemos mostrar esse Rio.

Não se trata de boicotar ou não os Jogos e muito menos de esconder nossos problemas. Precisamos, claro, falar sempre sobre eles. Mas se trata de bem-receber. De hospedar. De trocar, de cultivar, de informar, de ajudar e de fazer com que nossos visitantes queiram voltar. Melhor ainda, de poder restabelecer um pouco do nosso bom humor, de aprender, de respeitar e de superar. Não é para valorizar os que fazem errado e nos boicotam, mas para não punir ainda mais a todos nós que não merecemos.

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?

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