Sou carioca de coração. Acho o Rio de Janeiro lindo, único, apaixonante, apesar de seus enlouquecedores e incontáveis problemas e questões. Por causa deles me pergunto: merecemos o título de Patrimônio Mundial da Unesco?
O status foi anunciado em 2012, e só seria confirmado dentro de 4 anos, com a condição de que as autoridades garantissem planos de preservação a importantes locais, como o Parque do Flamengo, Corcovado, Praia de Copacabana, Jardim Botânico, Pão de Açucar e Jardim Botânico. (Por sorte a Baía de Guanabara ficou de fora?) Talvez tenha faltado a visão de que o Rio de Janeiro é muito mais do que esses óbvios pontos turísticos.
Ontem, 13 de dezembro, quatro anos depois, confirmamos o reconhecimento em uma cerimônia na Floresta da Tijuca. A cidade ganhou o título de primeira paisagem cultural urbana declarada Patrimônio Mundial. Será que pontos turísticos individuais justificam a nomeação de toda uma cidade como Patrimônio? E, se for assim, será que tantas outras cidades ou destinos não merecem esse título muito mais do que o Rio de Janeiro?
De acordo a Unesco, “Patrimônio Cultural é composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham valor universal excepional do ponto de vista histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico”. Assim como o “Patrimônio Natural são as formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais, habitats de espécies animais e vegetais ameaçadas e áreas que tenham valor científico, de conservação ou estético excepcional e universal”.
Concordo que o Rio abriga monumentos, construções e paisagens de valor único, como uma das maiores florestas urbanas do mundo. Mas penso se declarar a cidade toda como um Patrimônio Mundial não seria, de certa forma, fechar os olhos para as tantas questões ainda a serem resolvidas, os tantos locais não preservados, as tantas pessoas negligenciadas. Por outro lado, será que isso não abre precedente para uma infinitude de Patrimônios que acabarão fazendo da causa algo menos especial?