Imagine um país onde os visitantes são recebidos como convidados, as pessoas acolhem você com sinceridade, oferecendo seu doce chai e cafés com sabor de cardamomo, e onde você mergulha plenamente na mágica do oriente. Um país onde antigos sistemas de irrigação levam águas que correm de altas montanhas até exuberantes oásis e campos agrícolas, onde cascatas cintilantes te esperam depois de caminhar ou nadar por uádis (leitos secos de rios típicos de regiões desérticas), e onde você pode alcançar ásperas montanhas, mares límpidos ou desertos dourados em apenas algumas horas de distância. Nós encontramos recentemente um lugar inspirador como esse visitando o Sultanato de Omã, um país na extremidade oriental da Península Arábica, 25% maior do que o Reino Unido e com apenas quatro milhões de habitantes.
A melhor maneira de viajar pelo país é em veículo 4×4 com um guia local, que vai te ajudar a entender as diferenças e similaridades entre culturas, mas, acima de tudo, que pode criar pontes entre tradições e pessoas aparentemente tão diferentes. No primeiro dia de nossa viagem, nosso charmoso e experiente guia omani Salim orgulhosamente nos mostrou a Grande Mesquita do Sultão Qaboos, em Mascate, que é a quinta maior mesquita do mundo, e nos conduziu lentamente pelas ruas estreitas e repletas do mercado Mutrah Souk, ajudando-nos a barganhar por macias pashiminas.
O camelo mais bonito de todos
Diferente de outros estados do Golfo, Omã tem natureza e paisagens ricas e diversas. Uma das mais incríveis experiências de nossa viagem foi ver uma tartaruga verde gigante cobrindo seus ovos recém postos e desaparecendo lentamente mar a dentro. Ao mesmo tempo, observamos uma tartaruga recém-nascida ziguezagueando pela praia até alcançar a segurança das águas. Todos os dias, cabras de pelos longos cruzavam nosso caminho, tornando a direção cuidadosa primordial. Há uma regra simples para cabras e acidentes de carro: se o acidente for durante o dia, é responsabilidade do motorista; se acontecer à noite, o fazendeiro é considerado responsável. Por sorte, não tivemos que testar essa regra! Também encontramos lindos camelos se preparando para um dos concursos de beleza que são realizados regularmente pelo país.
Todas as sextas-feiras os bois e cabras mais fortes são leiloados no mercado animal Nizwa. Um verdadeiro espetáculo, onde diferentes tribos de perto e de longe reúnem-se para comercializar seus produtos, incluindo animais, artesanatos, temperos, tapetes (voadores?), frutas e vegetais, ou somente para um chá, após ver a reza de sexta na mesquita de Nizwa. Ver os locais em suas vestimentas tradicionais e alguns homens usando um khanjar (adaga tradicional em forma de J) ao redor da cintura, tornou a história ainda mais real. O Forte de Bahla, patrimônio da UNESCO, o Forte de Nizwa e o Castelo de Jibreen também merecem uma visita, trazendo uma sensação de viagem no tempo. Mas Omã, é claro, está muito longe de ultrapassada, com um organizado sistema assistencialista que oferece saúde e educação (incluindo universidades) gratuitos para todos, mulheres dirigindo automóveis e uma economia cada vez mais diversificada, que não depende mais só do petróleo e gás, mas passa a apostar também no turismo e outros serviços.
Chá no deserto
Passar a noite no arrojado Sama al Wasil Desert Camp, no deserto de Wahiba, nos conectou com as maravilhas do céu estrelado. Eles têm inclusive um telescópio para os hóspedes. Antes do jantar, o chef desenterrou uma carne de cordeiro embrulhada em folha de bananeira, que estava cozinhando por 26 horas sob a areia – nós nunca havíamos comido uma carne tão suculenta antes – nham!
Aprendemos durante a viagem que um convite de um omani para um chá não significa que necessariamente você vai tomar um chá. Pelo contrário. Esteja preparado para uma fartura de vegetais saborosos, curries e arroz seguidos por deliciosas halvas (doce típico do Oriente Médio), tâmaras e frutas, enquanto descansa em confortáveis almofadas no chão. Se você tiver sorte, pode até conseguir um chá. Mas certamente nunca sentirá fome enquanto estiver em Omã.
Em Bait Al Safrah, antiga vila de Al Hamra, um pequeno empresário omani teve a excelente ideia de transformar a casa de seu falecido pai em um charmoso museu vivo. Dentro da casa, mulheres idosas demonstram práticas tradicionais, como tecelagem, moagem de café e preparo de pão, e convidam os visitantes para arriscar também.
O Grand Canyon de Omã
Nosso tour continuou para as montanhas, trazendo paisagens de tirar o fôlego a cada curva, enquanto seguíamos em direção ao abismo do Grand Canyon de Omã, nossa casa por aquela noite. Pense no Grand Canyon americano, porém mais grandioso e íngreme e com poucos turistas, alguns hospedando-se no hotel local e outros acampando a beira do penhasco. Estonteante, incrível, impressionante, lindo, não são palavras suficientes para descrever o que sentimos ao caminhar pelo canyon. Para os bravos, há também uma caminhada por dentro do canyon com hospedagem noturna em uma das cavernas – nós optamos por uma cama adequada, porém.
No dia seguinte, deixamos as montanhas tomando um emocionante percurso pelas curvas pistas de terra do Wadi Bani Anif, um vale com penhascos íngremes e alguns assentamentos nos trechos férteis de terra. Depois de seis dias de aventura, finalmente passamos alguns dias relaxando na praia no Millenium Resort, na costa de Al Batina, no norte de Mascate.
Para nós, Omã foi uma das mais inspiradoras, saborosas, de tirar o fôlego e simplesmente maravilhosas férias que já vivemos – uma viagem onde a imaginação se torna realidade. Obrigada Travel Matters e Go Barefoot Viagens por recomendá-la! Graças a vocês tivemos o prazer de passar uma incrível semana com nosso amigável, divertido e experiente guia Salim e fizemos outros novos amigos pelo caminho. Certamente iremos voltar para viver mais!
Anke & Mig