O Espírito Santo é um destino muito conhecido por suas praias, mas o estado capixaba também abriga uma rica biodiversidade e uma surpreendente efervescência cultural e gastronômica em suas montanhas. Fizemos um roteiro para você que curte se conectar com a natureza, conhecer parques naturais, fazer trilhas e provar uma culinária cheia de afeto e história. Vem com a gente se surpreender com as Montanhas Capixabas!
Saindo do litoral: da capital capixaba até as montanhas
A porta de entrada do estado é sua capital, Vitória. Com pouco mais de 320 mil habitantes, Vitória é um arquipélago composto por 33 ilhas e uma porção continental. As praias de Camburi, da Curva da Jurema e do Canto, além das praias de suas cidades vizinhas, como Guarapari e Vila Velha, são os destinos mais conhecidos pelos turistas brasileiros.
A cidade, que foi fundada em 1551, é o destino de quem busca conhecer as praias da região metropolitana, as mais famosas do estado, além de outros atrativos, como o Convento da Penha e o Palácio Anchieta. No entanto, para quem busca viver novas experiências, a capital é apenas o ponto de partida para as outras nove regiões turísticas do Espírito Santo, como a que vamos apresentar hoje — as Montanhas Capixabas.
Acima do nível do mar: a região serrana do Espírito Santo
A região turística das Montanhas Capixabas é composta por 10 municípios e une natureza, cultura e gastronomia. Berço do agroturismo no estado e referência nacional neste segmento, as Montanhas Capixabas recebem mais de 500 mil visitantes no ano e acumulam mais de 50 experiências turísticas. É possível visitar (e degustar!) deliciosas produções locais, como de morango, café e mel; conhecer fazendas especializadas na fabricação de queijos, embutidos e doces; participar de eventos tradicionais, como a Festa da Polenta; viver experiências deliciosas nas cervejarias artesanais e restaurantes; além de realizar trilhas, contemplar a paisagem de mirantes e mergulhar na natureza.
De Vitória até o nosso primeiro destino, Domingos Martins, são cerca de 45 km de distância. No caminho, já é possível perceber as mudanças no clima e no cenário. Estamos indo em direção à região serrana do estado e a subida de altitude também requer novas atitudes: hora de trocar as roupas de banho por vestimentas de trilha e reforçar nos agasalhos. No inverno, algumas áreas mais altas podem chegar a menos de 5º!
Pedra Azul
Em Domingos Martins está uma das sete maravilhas do estado: a Pedra Azul. Essa formação rochosa de granito, com 1.822 metros de altitude, recebeu esse nome pois, dependendo da incidência do sol, os liquens presentes na rocha dão a ela uma tonalidade azulada quando vista de longe. A Pedra Azul fica dentro do Parque Estadual da Pedra Azul e, por lá, é possível fazer trilhas autoguiadas e escalar até o topo da Pedra Azul (ambas sob agendamento).
A agricultura e a influência cultural da imigração alemã e italiana são características marcantes desse município. A fusão do passado e do presente criou saberes e sabores únicos, que contam histórias e ajudam a construir um futuro mais sustentável. Na Cervejaria Azzurra, por exemplo, as cervejas são feitas com o café e mel da região, celebrando a parceria entre diferentes empreendimentos locais e garantindo maior rastreabilidade da cadeia produtiva. A Fazenda Camocim utiliza o sistema agroflorestal em suas plantações de café e adota soluções baseadas na natureza, como o uso de abelhas e fungos, para o aumento da produtividade. Além de praticar a agricultura orgânica regenerativa, os cafés também são biodinâmicos e, por isso, não utilizam adubos sintéticos, agrotóxicos, sementes transgênicas, antibióticos ou hormônios.
Biodiversidade e conservação nas Montanhas Capixabas
Um pouco mais distante da capital (130 km), Vargem Alta abriga reservas e programas de conservação de pássaros endêmicos da região, como a saíra-apunhalada. Por lá, fica a Reserva Ambiental Águia Branca, uma unidade de conservação privada criada pelo Grupo Águia Branca em 2017. Protegendo um importante remanescente de Mata Atlântica, a Reserva oferece trilhas e vivências em meio a natureza, como o banho de floresta e a observação de aves.
A proposta da atividade é ativar todos os nossos cinco sentidos. Sob a cuidadosa condução da bióloga da reserva, Aline, caminhamos em silêncio pela mata, observamos as espécies locais, sentimos os diferentes cheiros, texturas e temperaturas, ouvimos o barulho dos pássaros e das águas, respiramos.
Além de contribuir para preservação de mais de 800 espécies de plantas e animais, alguns deles raros e ameaçados de extinção, a Reserva também é um espaço de educação ambiental, sendo reconhecida como uma “Sala Verde” pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Dentro da Reserva Águia Branca também fica o primeiro ecolodge do Espírito Santo: o Natureza Ecolodge. Em meio à natureza e seguindo os princípios da sustentabilidade, desde sua construção até sua operação, o hotel adota práticas como o uso da energia solar, a gestão dos resíduos e a substituição do plástico. Além disso, o restaurante do hotel, que também é aberto ao público, utiliza ingredientes locais, sazonais, orgânicos e não processados, valorizando a agricultura familiar e regional.
Para quem curte observação de aves, Afonso Cláudio conta com mais de 300 espécies endêmicas. Conhecida como a “capital estadual da biodiversidade”, um de seus principais pontos turísticos são os “Três Pontões”, uma formação rochosa com três grandes pontas a 1100 metros acima do nível do mar. Um de seus guardiões, Itamar, realiza as trilhas com viajantes e também os recebe em sua pousada rural. Além do contato direto com a natureza, Itamar e sua família fazem questão de partilhar suas histórias e sua herança cultural. Ah e a comida é caseira, feita no fogão de lenha!
Os vales capixabas que valem a sua visita!
Castelo foi eleita a capital estadual do esporte de aventura. A cidade dos vales e das cachoeiras também é conhecida por suas sete maravilhas, um conjunto de atrativos naturais e culturais escolhidos pela população local.
Uma delas é o Parque Estadual do Forno Grande, que abriga um dos pontos mais altos do Espírito Santo: o Pico do Forno Grande. Imigrantes italianos que colonizaram a região viam no pico uma semelhança com os fornos de assar pães que usavam e daí surgiu o nome.
O parque possui um centro de visitantes com exposições sobre a fauna e flora locais, área de piquenique, auditório e trilhas. A trilha até os poços amarelos — piscinas naturais que, por conta da presença mineral nas rochas e da decomposição da matéria orgânica de plantas, possuem uma água de tom amarelado — é a mais curta (1,2 km). Já a trilha do Mirante da Pedra Azul (foto) possui um pouco mais de 2 km e tem duração estimada de 3h30 (ida e volta). Ao final do caminho, somos recompensados com uma vista incrível da Pedra Azul, Pedra do Lagarto e da Pedra das Flores. No verão, uma cachoeira temporária surge no início das trilhas e torna o caminho ainda mais especial.
É possível também escalar até o Pico do Forno Grande, em um percurso de 3,5 km (sob agendamento).
Outra “maravilha” do município é a Gruta do Limoeiro, que forma o maior e o mais importante Sítio Arqueológico do estado. A experiência começa no centro de visitação, que conta com um acervo fotográfico sobre a história do local e onde colocamos o equipamento de proteção. De lá, andamos alguns metros até a entrada da gruta, onde foram encontrados fósseis indígenas de cerca de 4,5 mil anos atrás. Há vários salões internos e galerias na gruta e a visita dura cerca de 1 hora. O espaço também conta com uma loja de artesanato e agroindústria da região.
As Montanhas Capixabas ainda guardam muitas histórias, sabores e experiências incríveis.
O repórter viajou a convite do Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau com apoio do Governo do ES (através da Secretaria de Turismo – SETUR) e do Sebrae ES
+ Mais: