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Ibiti Projeto: um refúgio de luxo, bem-estar e turismo regenerativo em Ibitipoca

Ibiti Projeto Vila Mogol
Vila Mogol no Ibiti Projeto | Foto: Ibiti Projeto
Escrito por Ana Duék

Em meio a 6 mil hectares de Mata Atlântica regenerada, onde pássaros, antas, macacos e até onças pardas habitam livremente, nasceu um incrível espaço de hospedagem, experimentação, aprendizagens e descobertas para uma vida melhor. Há mais de 40 anos, quando a palavra regeneração ainda não era “moda”, o município de Conceição do Ibitipoca, em Minas Gerais, ganhou uma enorme área de reserva particular que tinha o objetivo de resgatar e proteger uma região importante de transição entre a Mata Atlântica, o cerrado e os campos rupestres, dentro da Serra da Mantiqueira. Ali, às margens do Parque Estadual do Ibitipoca, nasceu a Reserva do Ibitipoca. Esse era o sonho de Renato Machado, mas tornou-se realidade de muitas outras pessoas. O projeto cresceu, a área protegida foi ampliada e o propósito da iniciativa se renovou até transformar-se no que é hoje o Ibiti Projeto: um projeto socioambiental dedicado a cuidar dos seres vivos e da sua casa: o planeta.

Areião Ibiti Projeto

Areião, uma das hospedagens do conceito Remote | Foto: Ana Duék

Eu tinha grandes expectativas para visitar o Ibiti, porque tenho ele como referência em turismo sustentável e regenerativo no Brasil. Mas precisava ver de perto para entender como tantas iniciativas juntas se combinam e dão certo! Fiquei apenas dois dias, para participar do 1º Fórum de Imersão Sustentabilidade, um Rito para a Hospitalidade, organizado pelo Ibiti e a BLTA – Brazilian Luxury Travel Association. Mas posso garantir: essa é uma experiência pioneira e inspiradora, que merece ser vivida por todos e replicada em todo o país. Aliar a conservação da natureza, regeneração da sociobiodiversidade, bioeconomia, inclusão social, educação, conexões humanas, impactos positivos, alimentação consciente, busca pela felicidade e bem-estar é, sem dúvidas, o único caminho para um turismo mais sustentável.

O Ibiti Projeto propõe também um novo modelo de negócios, que descentraliza a gestão e concentração de renda e incentiva o empreendedorismo local. Assim, ao longo dos anos, novos empreendedores têm se juntado ao projeto, com ideias criativas e inovadoras que se integram à ideologia do Ibiti e à economia da região. Ao lado de Claudia Baumgratz, empreendedora do Engenho Lodge, estão por exemplo o chef Mateus Abdo, à frente do restaurante Yucca, Kelly Lima e Janice Ventorim, que comandam a Gaia Produtos Ecológicos e o ciclista Miguel Giovannini, com as atividades de pedal da Bike House, além de tantos outros empreendedores que participam de eventos e outros projetos pontuais.

Casa Humboldt Ibiti Projeto

Casa Humboldt na Vila Mogol | Foto: Ibiti Projeto

Se estendendo pelos municípios de Lima Duarte, Bias Fortes, Santa Rita do Ibitipoca e Pedro Teixeira, o Ibiti Projeto faz fronteira com parte do Parque Estadual do Ibitipoca, criando um cinturão de preservação da Mata Atlântica. Embora em constante evolução e transformação, já se consolidou como um destino mágico para quem busca viajar com propósito, conexão com a natureza, bem-estar e relações humanas de qualidade.

Vila Mogol Ibiti Projeto

Recepção na Vila Mogol | Foto: Ana Duék

Onde se hospedar no Ibiti Projeto?

A estrada de terra que conecta o município de Lima Duarte (pertinho de Juiz de Fora) a Conceição do Ibitipoca nos leva ao coração do Ibiti – o Engenho Lodge – a primeira iniciativa de acomodação do projeto. Ali está um casarão colonial com apenas oito suítes que aproxima os hóspedes dos ares e sabores da autêntica fazenda mineira. No Engenho estão também o Spa Raízes, sauna, jacuzzi e a exclusiva Casa Carlinhos, ideal para grupos ou famílias. O Engenho é perfeito para quem busca mais luxo e conforto, mas outros dois conceitos de hospedagem fazem parte do Ibiti: o Village e o Remote.

Engenho Lodge

Engenho Lodge | Foto: Ibiti Projeto

Desde 2008, quando abraçou sua vocação para o turismo, o Ibiti investiu no desenvolvimento de acomodações e experiências que valorizassem o entorno e a cultura local, preservando a filosofia de bem-estar e sustentabilidade. Assim nasceram as vilas remotas imersas na natureza e as casas típicas da Vila Mogol, que incentivam o convívio com a comunidade local. As três casas do Remote oferecem experiências únicas de hospedagem para quem busca privacidade e desconexão. Acredite: você estará acompanhando apenas do som dos pássaros.

Remote Areião Ibiti Projeto

Remote: hospedagem Areião | Foto: Ibiti Projeto

A poucos quilômetros do Engenho Lodge está a Vila Mogol, uma antiga vila de moradores que estava quase abandonada pelo êxodo para as cidades. O Ibiti adotou a vila com o objetivo de resgatar a cultura e as tradições e gerar uma experiência que pudesse, ao mesmo tempo, promover a integração de visitantes com residentes e trazer motivos para que os moradores ali permanecessem, oferecendo educação, emprego e uma boa qualidade de vida. Já são mais de 20 pessoas morando na Vila Mogol e o objetivo é que mais pessoas da região se juntem. Na vila estão também as casas temáticas que hospedam os viajantes e trazem uma proposta minimalista, remetendo à vida no interior. Elas ganharam nomes como Guimarães Rosa, Tiradentes, Wangari Maathai e Freud, e mantêm o estilo de construção do local.

Não faltam também atividades para movimentar o dia. Além de 300km de trilhas exclusivas, que podem ser percorridas a pé, de bicicleta, ou a cavalo, cachoeiras, lagos, mirantes, grutas, cânions e atividades de ecoturismo, o Ibiti guarda algumas experiências super exclusivas, como um jantar à luz de velas dentro da gruta ou um glamping no meio de um lago.

 

Turismo e alimentação consciente

Em todo o Ibiti Projeto a preocupação com a saúde, a redução da pegada de carbono e os impactos locais se estende também à alimentação. A maioria dos alimentos servidos vem diretamente da Gaia Produtos Orgânicos, que planta localmente mais de 70 variedades de produtos, ou de pequenos agricultores vizinhos. Mas, no restaurante Yucca, a sustentabilidade deu mais um passo: o chef Mateus Abdo corajosamente apostou na ideia de criar um restaurante vegetariano em um destino onde a carne é carro-chefe. Ele pesquisou, estudou e conseguiu fazer uma fusão entre a culinária mineira, o vegetarianismo e a cozinha contemporânea. O resultado não poderia ser melhor! Tenho certeza de que qualquer carnívoro sobreviveria ali por meses com tantos pratos deliciosos. É um convite para que viajantes possam experimentar também uma vida ainda mais saudável e sustentável.

Restaurante Yucca

Restaurante Yucca | Foto: Ana Duék

Viagens que regeneram o destino

A conservação ambiental sempre foi uma das prioridades do Ibiti Projeto. Desde que nasceu como reserva particular, o local viu sua área verde crescer e também se regenerar. Hoje 98% da área de 6 mil hectares é de Mata Atlântica regenerada, onde espécies nativas do bioma vêm sendo monitoradas e reintroduzidas através de programas de rewilding (refaunação).

Ibiti Projeto

Mensagens nas paredes na Vila Mogol | Fotos: Ana Duék

Entre os projetos ambientais desenvolvidos e apoiados pelo Ibiti Projeto está a Muriqui’s House, em parceria com o Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), que faz um incrível trabalho de conservação do maior macaco das Américas: o muriqui-do-norte, ameaçado de extinção. Com agendamento, os hóspedes têm a oportunidade de visitar o projeto, saber mais sobre a preservação das populações de muriquis e avistar alguns dos animais que vivem transitoriamente em um semi-cativeiro ambientado com quatro hectares.

Outros projetos ambientais também estão em andamento no Ibiti. Entre eles o Projeto Asas, que recebe, hospeda e reintroduz aves e mamíferos resgatados; o Projeto Onça Parda, que trabalha com pesquisa e conservação da onça-parda, aliadas ao ecoturismo; o Projeto Desperdício Quase Zero, que trabalha a redução, reciclagem e compostagem dos resíduos; o movimento Eco Print, que atua na neutralização e regeneração da pegada de carbono do Ibiti por meio da adoção de áreas em processo de regeneração natural; e o Programa de Educação Ambiental, que recebe escolas e jovens para visitação e palestras, além de capacitar e conscientizar funcionários e moradores da região.

Muriqui Instituto de Biodiversidade

Fotos superiores: Muriqui Instituto de Biodiversidade – Ibiti Projeto | Fotos inferiores: Kai Abreu

Compromisso social e educação para o planeta

Missão: potencializar as condições para o florescimento da felicidade na região. Como parte da constante evolução do Ibiti está a proposta de estender seus impactos positivos a cada vez mais pessoas, especialmente na região onde ele está inserido. Mais do que gerar empregos, o projeto vem buscando envolver mais as comunidades locais com conscientização, aprendizagens e troca de ideias. Para isso, o Ibiti lançou a ComUniversidade, que traz sempre eventos e palestras para funcionários e moradores com reflexões relevantes sobre questões sociais, ambientais e de bem-estar.

Na Vila Mogol está também a Life School, uma escola rural com um modelo de educação que valoriza os saberes locais e a integração do homem com a natureza. A ideia é que mais crianças se juntem às que hoje estudam lá e o Ibiti possa impactar na educação de diversas crianças e jovens da região.

Life School Ibiti

Life School | Foto: Ibiti Projeto

Arte como caminho para o turismo e a preservação

A valorização da arte também está na essência do Ibiti Projeto e ela está claramente representada pelas já famosas estátuas gigantes da artista norte-americana Karen Cusolito, que ocupam o topo da Pedra do Tatu, a mais de mil metros de altitude. Feitas inteiramente de sucata industrial, as estátuas que formam a “Big Family” alcançam dimensões de 10 metros de altura e 9 toneladas. Elas vieram diretamente do festival Burning Man Festival, nos Estados Unidos e, no Ibiti Projeto, foram ressignificadas, passando a representar também as famílias mineiras. Nenhuma visita ao Ibiti está completa sem se conhecer essas surpreendentes estátuas.

Estátuas Karen Cusolito Ibiti Projeto

As estátuas “Big Family”, de Karen Cusolito | Foto: Ibiti Projeto

Em julho de 2022, a Vila Mogol ganhou um projeto ainda mais ousado e imponente: sete indígenas yawalapiti, do Alto Xingu (MT), chegaram ao Ibiti para construir uma autêntica oca xinguana – a primeira, claro, em meio à Mata Atlântica. Além de celebrar os povos indígenas, a oca se propõe a ser, de acordo com o Ibiti, um “lugar de paz, celebração e conexão com nossa ancestralidade”. Ela tem capacidade para 300 pessoas e segue a arquitetura da casa do cacique, representando o ser humano de braços abertos, pedindo paz. A proposta é que muitas boas trocas de energia ainda aconteçam por ali.

Oca Xingu Ibiti Projeto

A oca construída por indígenas do Xingu | Foto: Ana Duék

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?

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