escrito por Elisa Spampinato, com a colaboração de Alberto Viana, do blog Turismo por um Mundo Melhor
Falando em sustentabilidade no Turismo, não podemos deixar de falar de duas importantes realidades que, especialmente no Brasil, estão crescendo e ganhando cada vez mais força e visibilidade internacional. O turismo de base comunitária e a economia solidária.
As duas áreas e as interseções entre elas, serão o foco central do Segundo Fórum Global sobre Turismo Sustentável que acontecerá entre 14 e 16 de março em Salvador, Bahia.
Essa edição do Fórum Global faz parte das atividades do Fórum Social Mundial 2018, e foi apresentada dentro do eixo Democratizar a Economia, pois pretende debater as questões do turismo de base comunitária à luz das experiências inovadoras da Economia Solidária.
As Universidades, os centros de pesquisa, as ONGs – nacionais e internacionais – e todos os outros apoiadores, parceiros e colaboradores que vem analisando, divulgando, dando suporte e visibilidade às pequenas, mas sempre mais numerosas experiências de turismo comunitário, esse ano serão apenas convidados. Serão as comunidades locais – do Brasil, da América Latina, da África e da Ásia – as verdadeiras protagonistas do evento.
A ideia é de trazer para a mesa, primeiramente, as experiências reais para que elas possam compartilhar entre elas os sucessos já alcançados e avançar na busca de soluções para os problemas comuns.
Assistimos a um movimento global de articulação das comunidades, reunindo-se em redes regionais, como o caso bem sucedido da Rede Tucum no Ceará – em rede nacionais, como o caso a Turisol, mas também internacionais, como no caso do Primeiro Encontro Latinoamericano de Turismo Comunitário (ELTC), organizado pela Travolution.org na Colômbia em Março de 2017.
As comunidades locais são as que sofrem em primeira mão pelos abusos e violências contra os territórios, culturas e tradições perpetrados pelo turismo. Inúmeras são as denúncias por populações indígenas, ribeirinhas, caiçaras e de todos os povos tradicionais contra um turismo de exploração que infelizmente ainda existe.
Mas as tendências estão mudando. Os turistas, em primeiro lugar, não só querem conhecer mais de perto as realidades onde viajam, querendo um contato mais direto com a natureza, mas também com as pessoas e as culturas daquele lugar. Os turistas, hoje em dia, parecem mais conscientes dos riscos de destruição e das problemáticas éticas presente no turismo, e estão também aprendendo a escolher com mais cuidados as agências e operadoras para suas experiências de viagem, e preferem as que sejam respeitosas com o meio ambiente e com os autóctones, segundo resultados de várias pesquisas de mercado.
Na realidade, já existem exemplos positivos de parceria entre comunidades e operadoras turísticas, como o caso da experiência do Turismo Étnico Roda da Liberdade de Cachoeira, Bahia, e acreditamos que mais parcerias irão se criando no futuro, porque a comunidade local é um fator crucial no discurso da sustentabilidade no turismo.
Durante o evento, queremos incluir na discussão os seguintes temas: as Políticas Públicas para um turismo mais sustentável; Caminhos para o desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária e o Fortalecimento do turismo nos espaços da Economia Solidária.
Esse encontro vai apresentar os experimentos de economia solidária (ESS) e mecanismos de financiamento social e solidário como preço justo, fundos rotativos e moedas sociais. Mas o II Fórum Social sobre Turismo Sustentável vai ser também o lugar de discussão de temas dentro do lema “Resistir é Criar, Resistir é Transformar”, do Fórum Social Mundial desse ano. Guiadas por esse tema, as comunidades querem se reunir e discutir as formas de resistências e as ações criativas e transformadoras que deverão ser implementadas para manter a sustentabilidade do turismo comunitário, no Brasil e no mundo.
O termo sustentabilidade não só nos fala de equilíbrio, na busca de um balanço entre todas as dimensões do desenvolvimento do Turismo, como também de qualquer outra forma de atividade humana.
E, como todos os equilíbrios, a Sustentabilidade nunca é atingida de uma vez por todas, mas precisa de um contínuo trabalho de manutenção, para que o balanço entre as dimensões econômica, ambiental, social e cultural continue no tempo.
Para ver o programa (preliminar) do Fórum Global sobre Turismo Sustentável, visite o seguinte endereço: https://www.projetobagagem.org/ii-forum-global
Também disponível na página oficial do FSM 2018
https://wsf2018.org/en/atividades/forum-global-sobre-turismo-sustentavel/
Como participar:
Qualquer pessoa envolvida com o turismo no nível da comunidade pode participar ou acompanhar o evento pela internet. Se você trabalha com turismo em comunidades e não poderá participar pessoalmente, mas gostaria de enviar suas contribuições, materiais e compartilhar suas experiências, entre em contato comigo diretamente no e-mail elisa@sustainabletourism.me.uk e podemos discutir a melhor maneira para incluí-lo no evento.
Como registrar-se no II Fórum Global sobre Turismo Sustentável:
O II Fórum Global sobre Turismo Sustentável é gratuito, mas devido ao registro limitado de espaço é obrigatório. Para completar o seu registro, use o seguinte link:
https://goo.gl/forms/0xmxyURRc7kUO2j02
IMPORTANTE!
Como o Fórum Global sobre Turismo Sustentável é um evento do Fórum Social Mundial 2018, você precisa se inscrever no Fórum Social Mundial primeiro, e você pode fazê-lo no seguinte link:
https://wsf2018.org/en/conta-da-assinatura/niveis-de-assinatura/
Para ficar atualizado com as últimas notícias sobre o FGTS, visite a página do evento no Facebook do Projeto Bagagem, no seguinte link:
https://www.facebook.com/events/284120492114442/
Elisa Spampinato é consultora e pequisadora na área do Turismo Sustentável e Desenvolvimento Local. Participou como consultora de Universidades e ONGs brasileiras e internacionais, no Brasil e na Itália, em projetos sociais e de desenvolvimento local. É pesquisadora do LTDS-COPPE UFRJ e participou em pesquisas de campo sobre turismo comunitário. Educadora e treinadora em nível local e de empresa, trabalha com metodologias participativas em projetos comunitários e de gestão local.
Publicou um livro sobre Turismo de favela e desenvolvimento local (Turismo em favelas cariocas e desenvolvimento situado: a possibilidade do encontro em seis iniciativas comunitárias pela Novas Edições Academicas). Escreve no Blog da Tourism Concern e colabora em pesquisas e campanhas internacionais de conscientização. É consultora para experiências de turismo comunitário e possui um Mestrado em Sociologia e Antropologia pela Universidade de Roma e um Mestrado em Engenharia de Produção pela UFRJ.