Destino Brasil

Entre sol e espinhos

Foto: Victoria Leão

Praia, sombra e água fresca. Geralmente é o que as pessoas desejam quando tiram férias. Para visitar estas novas paragens é preciso vestir uma roupa leve que cubra os braços e as pernas, calçar um tênis confortável e proteger a cabeça do sol. Dessa maneira você estará pronto para embarcar com destino a um Brasil para além da zona litorânea.

A vegetação vai se transformando ao longo do caminho, o verde da Mata Atlântica aos poucos vai sendo substituído pelo cinza e o branco, proporcionalmente, a temperatura vai subindo. Seja bem-vindo à Caatinga! Do Tupi-Guarani “Mata Branca”. A paisagem árida, que está fora dos principais roteiros turísticos, tem muito o que mostrar para além do estereótipo de pobreza e carência.

Foto: Victoria Leão

O território em questão se estende do norte de Minas Gerais e engloba todos os estados do nordeste. O semiárido nordestino, apesar da falta de atenção dos poderes públicos e sobretudo, a falta de políticas públicas que mantenham o homem preso à terra, guarda um verdadeiro tesouro da história do Brasil. Sem contar com a inigualável beleza natural própria de um bioma exclusivamente brasileiro.

O escritor Euclides da Cunha, na famosa obra Os Sertões,  já dizia “o sertanejo é antes de tudo um forte”. E, sem dúvidas, o sertanejo tem muito para contar sobre sua vivência em um país esquecido. A peculiar convivência com a terra, a religiosidade, as manifestações culturais genuínas que sobrevivem à dinâmica do tempo e os sabores únicos da culinária são motivos de sobra para quem deseja sair da rota habitual e da zona de conforto.

Foto: Victoria LeãoA paisagem é uma contraditória convivência entre o agressivo e o delicado presente nas mais diferentes formas da vegetação e relevo. Xique-xique, mandacaru, juazeiro, pau-ferro, umbuzeiro, candeeiro são alguns nomes da flora que, além de servirem como alimento, têm poder medicinal de cura.

Em busca de conhecer uma realidade diferente, cada vez mais turistas têm visitado a região. De acordo com o Pós-Doutor Giovanni Seabra, referência no tema, o turismo sertanejo pode ser entendido como “uma forma de lazer fundamentada na paisagem natural, no patrimônio cultural e no desenvolvimento social das regiões interioranas do Brasil. […] (possui) ênfase na valorização da identidade cultural e na melhoria das condições de vida da comunidade local”.

Ou seja, esta forma de pensar o turismo permite que o núcleo receptor participe ativamente dos rumos da atividade, pois estes são responsáveis pelos meios de hospedagem que na maioria das vezes são em unidades familiares, além de fornecerem a alimentação de acordo com os costumes locais, beneficiando os pequenos produtores da região.

Esqueça o sertão parado no tempo, sem acesso à infraestrutura básica e fadado à pobreza e à miséria. O que o viajante vai encontrar é uma verdadeira riqueza de ensinamentos, cultura e respeito, fazendo com que repense seus hábitos e rotina. Não podemos deixar de alertar que o pôr do sol pras bandas de lá é inesquecível, bem como as noites de lua que, como cantava Luiz Gonzaga: “não há, ó gente ó não luar como esse do sertão”.

Foto: Victoria Leão

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Sobre o Autor

Victoria Leão

Victoria Leão é nascida no Rio de Janeiro, porém fixou residência e o coração em Salvador, Bahia. É Bacharel em Turismo e Hotelaria e atualmente cursa Especialização em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades. A crença de que é possível fazer um turismo limpo sempre impulsionou a busca pelo conhecimento das questões socioambientais e culturais.

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