Amazônia, Veneza, Alpes e Maldivas são alguns dos destinos afetados pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento global
Há quem ainda não acredite nas mudanças climáticas e seus efeitos devastadores para o planeta, a biodiversidade e os seres humanos. Mas também há quem já conviva com esses impactos diariamente. À medida que intensificamos nossa produção de gases de efeito estufa, influenciamos diretamente no aumento das temperaturas globais, degelo dos glaciares e elevação do nível dos mares, enchentes, chuvas, seca, queimadas e outras consequências. Em muitos lugares, esses fenômenos já são realidade e alguns deles são os destinos favoritos de férias de muitos viajantes.
De acordo com o IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, entre os destinos afetados pelas mudanças climáticas e o aquecimento global, os tropicais podem ser os mais atingidos. E neste grupo estão várias cidades e áreas verdes do Brasil. Se não reduzirmos rapidamente o volume de emissões de gases de efeito estufa e estabilizarmos a temperatura média global, a tendência é que, em breve, muitos destes destinos desapareçam. Regiões costeiras podem ser inundadas, grandes áreas verdes devastadas pelo fogo e famosas estações de esqui não saberão mais o que é a neve. Além de expulsar os moradores, as mudanças climáticas vão afastar os turistas dos destinos que eles tanto amam.
Para conhecermos alguns dos lugares onde essas transformações já estão acontecendo, listamos aqui destinos afetados pelas mudanças climáticas e suas consequências. Veja quais são:
1. Amazônia (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela):
Não é novidade para ninguém que as queimadas vêm devastando a Amazônia há muitos anos e grande parte delas tem origem criminosa, por iniciativa de garimpeiros e agricultores. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 1 de janeiro e 1o de junho de 2020, houve 5.655 focos de incêndio na Amazônia. Os números de junho foram os maiores registrados para o mês nos últimos 13 anos. Mas incêndios criminosos não são os únicos culpados. A seca e a mudança no padrão de chuvas contribuem gravemente para o alastramento rápido dos focos de incêndio, além de afetarem a disponibilidade de água para a fauna e flora e para a própria população.
2. Alasca (Estados Unidos):
No verão de 2019, a cidade de Anchorage, no Alasca, registrou a temperatura de 32° C, a mais alta dos últimos 50 anos. As calotas polares do estado estão derretendo seis vezes mais rápido do que nos anos 1990, provocando enormes deslizamentos cujos impactos são registrados na escala Richter. Outro efeito devastador de temperaturas mais altas são os incêndios florestais. Nos últimos dez anos, os incêndios destruíram mais florestas no Alasca do que em qualquer outra década e esse número deve dobrar até 2050.
3. Veneza (Itália):
Apesar de a cidade estar submergindo há mais de cem anos, suas ruas recebem inundações mais profundas e frequentes desde a década de 90. A Piazza San Marco, por exemplo, foi inundada sete vezes em 1900 e 99 vezes durante 1996. Um dos principais destinos turísticos do mundo, Veneza foi listada em um relatório de 2016 produzido pela UNESCO, como um dos patrimônios mundiais mais impactados pelas mudanças climáticas. Vários edifícios e monumentos históricos já foram danificados pela água salgada do mar.
4. Parque Nacional Glacier (Estados Unidos):
Como em outros glaciares pelo mundo, as mudanças climáticas vêm reduzindo gradativamente os que dão nome ao Glacier National Park, em Montana. Estima-se que eles já encolheram em mais de 85% em relação ao tamanho inicial, comprometendo o habitat de lobos, linces e flores silvestres. Placas que diziam que todas as geleiras iriam desaparecer completamente até 2020, baseadas em uma previsão de cientistas há dez anos, foram retiradas do parque em 2019. Alguns glaciares ainda estão lá. Mas podem não estar mais daqui a alguns anos.
5. A Grande Barreira de Corais (Austrália):
Entre os destinos afetados pelas mudanças climáticas, é um dos mais biodiversos e comprometidos. Reúne um ecossistema fascinante, mas também um dos mais vulneráveis ao aumento da temperatura da água, que é a maior responsável pelo branqueamento dos corais. Especialistas acreditam que 50% dos recifes de lá já foram afetados por esse fenômeno, que destrói as algas que fornecem nutrientes para os corais. A Grande Barreira ocupa uma área de mais de 2.300 km de extensão, incluindo centenas de ilhas no nordeste da Austrália, e é um dos destinos prediletos no país. Um estudo determinou que, se as mudanças climáticas continuarem seguindo o ritmo em que estavam até agora, a Barreira poderá desaparecer completamente nas próximas quatro décadas.
6. Rio de Janeiro (Brasil):
Acredite ou não, o Rio de Janeiro, como outras regiões do Brasil, também sofre impactos do aquecimento global. O aumento do nível do mar ainda não é um grande problema atualmente, mas especialistas acreditam que ele vai subir mais de 80 cm até 2100, inundando as praias, bairros e aeroportos. Além disso, as temperaturas seguem aumentando e as chuvas torrenciais, cada vez mais frequentes, vêm destruindo a capital e outras cidades, causando deslizamentos e espalhando doenças.
7. Os Alpes (Áustria, Alemanha, França, Itália, Mônaco, Eslovênia e Suíça):
Cientistas europeus preveem que parte do gelo dos Alpes pode desparecer até 2050 em função da diminuição na média de nevascas na região nas últimas décadas (que já afetou diversos centros de esqui). Em 2017, a temporada de esportes de inverno foi 38 dias mais curta do que a normal. De acordo com a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, os Alpes têm aquecido a cerca de três vezes a média global.
8. Ilhas Maldivas:
As Ilhas Maldivas, localizadas no Oceano Índico, são o país mais baixo do mundo – a uma média de apenas 1,3m acima do nível do mar. Diversos moradores já estão precisando se deslocar em função da elevação do nível do mar. Se as emissões de carbono continuarem, cientistas acreditam que, em 100 anos, as mais de 1.000 ilhas do arquipélago terão desaparecido do mapa.
9. Mumbai (Índia):
Uma das cidades mais populosas da Índia, Mumbai é outro destino que está ameaçado pelo aumento dos níveis do mar e tempestades frequentes. Se a cidade não se planejar e o aquecimento global não retroceder, a cidade indiana pode ter 2/3 de sua área invadida pelas águas do oceano até 2100, comprometendo principalmente o grande número de moradores que vivem nas favelas.
10. Triângulo de Corais (Indonésia, Malásia, Ilhas Salomão, Papua Nova Guiné, Filipinas e Timor Leste):
Nessa região do Pacífico que abrange diversos países e uma enorme biodiversidade, 85% dos corais já estão ameaçados de extinção com o aumento das temperaturas e acidez da água – um número bem maior do que a média mundial de 60%.
11. Monte Kilimanjaro (Tanzânia):
A neve no mais alto pico da África pode desaparecer em até 10 anos, de acordo com especialistas. As pessoas que vivem na base da montanha vão sofrer significativamente, já que dependem da água do degelo para sobreviver.
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