“Destinos sustentáveis” foi o tema principal deste ano da Conferência do Conselho Global de Turismo Sustentável – GSTC, que aconteceu entre 6 e 9 de setembro em Aysén, no Chile e reuniu mais de 250 participantes de 29 países. O debate sobre a sustentabilidade dos destinos turísticos passou por diferentes temas atuais, como mudanças climáticas, turism0 comunitário na América Latina, certificações, marketing do turismo sustentável, visitação em áreas naturais protegidas, gestão de visitantes, gastronomia e alimentos sustentáveis no turismo e gestão sustentável de hotéis.
Abrindo a conferência, o presidente do GSTC, Luigi Cabrini, lembrou que sustentabilidade é uma jornada e não um destino e destacou: “Precisamos ver o turismo como parte da solução para nossos desafios. O turismo é um amigo, não o inimigo”. Randy Durband, CEO do GSTC explicou como trabalha o Conselho no incentivo e suporte a destinos e empresas de todo o mundo que buscam o turismo sustentável por meio dos Critérios GSTC para destinos e para a indústria.
Entre todos os temas discutidos, dois pontos ganharam mais destaque e permearam diversos dos debates: a importância da inclusão das comunidades locais no desenvolvimento sustentável do turismo e a mudança do foco da quantidade para a qualidade dos visitantes na gestão do destino. No painel “Turismo Sustentável em Destinos de Patrimônio Natural”, o líder global de Qualidade em Turismo Sustentável da Rainforest Alliance, Saúl Blanco Sosa, lembrou que seguimos pensando no turismo sustentável como uma forma alternativa de fazer turismo quando, na verdade “todas as formas de fazer turismo deveriam ser sustentáveis”. Saúl destacou a importância do envolvimento das comunidades locais (além dos outros stakeholders) no planejamento turístico e levantou a questão de como lidar com comunidades que não querem se envolver com o turismo.
Juan Marambio, CEO da Travolution, lembrou durante o painel de Turismo Indígena que “o turismo deve estar ao serviço das comunidades, e não as comunidades a serviço da indústria turística”. As questões que envolvem a gestão do destino e têm impactado diversos lugares com o turismo de massa e o sobreturismo também tiveram destaque. “Não queremos somente mais turistas. Queremos turistas que fiquem mais tempo e que tenham uma experiência mais completa”, disse Veronica Kunze, da subsecretaria de Turismo do Chile. “O problema da quantidade de turistas não está indo a lugar algum. Só está se tornando pior”, constatou Jonathan Tourtellot, diretor do Destination Stewardship Center.
Um painel focado em destinos reuniu representantes de destinos que já aplicam os Critérios de Destino do GSTC: Rosa Harris, diretora de Turismo das Ilhas Cayman; Beatriz Barreal, fundadora e gerente geral da organização Riviera Maya Sustentável (México); Dawson Ramsden, executivo de Marketing de Ecoturismo da Organização de Turismo de Botswana; Eduardo Gomez, diretor regional da Sernatur Los Lagos (Chile); e Tamara Ullrich, membro do conselho ZOIT Cchellenko (Chile).
Os palestrantes vieram de perto e de longe – de diferentes partes do Chile (incluindo representantes dos povos indígenas Mapuche e Yagan), América Latina e de outros continentes, como África, Austrália e Europa. Assim como nas conferências anteriores do GSTC, a pegada de carbono do evento está sendo compensada para transformá-lo em um “evento neutro em carbono” pelo esquema CO2 NEUTRAL SEAL através do patrocínio da Green Evolution SA. Outras práticas de eventos sustentáveis foram realizadas, como, por exemplo, a redução do uso de papel e plástico: crachás foram feitos em papel reciclado; brochuras e programa não foram impressas, mas fornecidos através de arquivos pdf; não foram utilizadas garrafas de plástico durante a conferência.
A Conferência também trouxe benefícios diretos e indiretos para empresas locais, já que os 250 participantes se hospedaram em diferentes tipos de acomodações em Coyhaique, com almoços e jantares distribuídos em um número de restaurantes que servem comida local. Estandes de artesãos locais também estavam presentes em no evento.
Ainda durante a Conferência, o GSTC anunciou que o sistema chileno de distinção em sustentabilidade turística, Sello S, foi reconhecido como padrão para hotéis e operadores turísticos pelo Conselho. Os membros do GSTC e líderes em seus países Jorge Moeller (Chile) e Beatriz Barreal (México) aproveitaram a ocasião para assinar um acordo de colaboração entre suas organizações, ONG Regenera e Riviera Maya Sostenible, para troca de experiências, conhecimentos e práticas.
Paralelamente, no dia 9 de setembro, no México, o Chile foi eleito pela terceira vez consecutiva como o melhor destino de turismo de aventura da América do Sul pelo prêmio World Travel Awards.
A Conferência do Conselho Global de Turismo Sustentável 2017 (GSTC2017) foi realizada na região de Aysén, no Chile, e organizada pela Sernatur e GSTC. As apresentações da conferência podem ser acessadas aqui.
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Sobre o GSTC
O Conselho Global de Turismo Sustentável (GSTC) estabelece e gerencia padrões globais de turismo sustentável com o objetivo de ampliar o conhecimento e práticas de turismo sustentável entre stakeholders públicos e privados. O GSTC é uma organização sem fins lucrativos independente e neutra, registrada nos Estados Unidos 501 (c) 3, que estabelece e administra padrões globais para a sustentabilidade em viagens e turismo. Os padrões são dois conjuntos de Critérios GSTC: Critérios de Destino e Critérios da Indústria, o mínimo de requisitos que empresas turísticas e destinos devem buscar para proteger e sustentar os recursos naturais e culturais do mundo, juntamente com a conservação e a redução da pobreza. O GSTC representa uma associação diversificada e global, que inclui agências da ONU, empresas líderes em viagens, hotéis, escritórios de promoção de destinos, operadores turísticos, indivíduos e comunidades – todos se esforçam para alcançar as melhores práticas em turismo sustentável.
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