Viajante Responsável

Como viajar na pandemia de maneira responsável?

como é viajar na pandemia
Foto: free rights
Escrito por Ana Duék

Temos passado os dias especulando sobre como será a retomada do turismo após a pandemia. Mas a verdade é que, por mais que muitos ainda defendam a quarentena como principal medida para prevenir a disseminação do novo coronavírus, as viagens já estão acontecendo. E, lembremos: ainda estamos no meio da pandemia! De acordo com a Organização Mundial do Turismo, mais de 40% dos destinos pelo mundo já reduziram as restrições de viagens e o Brasil segue pelo mesmo caminho, na preocupação pela recuperação econômica do setor.

O que fazer então? Se há pessoas dispostas a viajar na pandemia, melhor que elas façam isso da forma mais responsável possível, protegendo a si mesmas e a todos em sua volta, certo? A grande questão é que estamos voltando ao mesmo turismo de sempre, que busca satisfazer o viajante a qualquer preço, colocando-o como o centro do mundo e esquecendo dos impactos negativos causados aos destinos e pessoas que visitamos. Estamos deixando de ser turistas e viajantes? Nos tornamos predadores em busca da nossa própria satisfação, da nossa “saúde física e mental”, às custas da saúde e do espaço de viver dos outros? É o nosso comportamento, antes de mais nada, que precisamos revisitar.

Uma pesquisa conduzida pelo blog Viaje na Viagem com mais de 3 mil leitores identificou que 14% deles planejam retomar os planos de viagem entre outubro e dezembro deste ano e 53% ainda não sabem quando vão fazer a próxima viagem. Mas aposto que, olhando ao seu redor ou nas suas redes sociais, você conhece ao menos uma pessoa que já deu uma escapadinha por agora. Depois de estarmos presos por tanto tempo, a vontade de viajar parece ter ficado represada e há quem já chame estas fugas de “viagens de vingança“. 😳

“O turismo pode ser uma plataforma para superar a pandemia. Ao reunir as pessoas, o turismo pode promover a solidariedade e a confiança – ingredientes cruciais para o avanço da cooperação global que é tão urgentemente necessária neste momento”, apontou o Secretário-Geral das Organização das Nações Unidas, António Guterres. Mas, com as preocupações principais nesse momento sendo a segurança e a “minha própria saúde mental”, corremos o grande risco de colocarmos o egoísmo à frente de qualquer consciência coletiva e responsabilidade socioambiental. Mais do que nunca, o Turismo Sustentável e Responsável e suas práticas são essenciais para reconstruirmos um mundo com menos desigualdades, mais inclusão, e capaz de frear as mudanças climáticas e novas epidemias.

como é viajar na pandemia

Foto: free rights

Vamos pensar então em algumas ideias para viajar na pandemia, mas com segurança e responsabilidade?

1. Avalie a necessidade da sua viagem: temos usado a ânsia de manter a saúde mental como pretexto para nossas “flexibilizações”. E, em muitos casos, eles são válidos. Cuidar da nossa cabeça, nesse momento, é tão importante quanto cuidar da saúde física. Mas vale colocar na balança seu nível de urgência e as condições da sua viagem. Será que você não está se arriscando e colocando em perigo a vida de outras pessoas desnecessariamente? Você tem condições de fazer uma viagem segura?

Arte: @jennypaintswithpixels

2. Escolha seu destino com sensibilidade: o Turismo Responsável é sobre usar as viagens para fazer lugares melhores para as pessoas morarem e visitarem, nesta ordem. Portanto, ser um viajante responsável significa pensar, em primeiro lugar, nos impactos que a sua visita vai causar no destino. Antes de mais nada, confirme se o destino está realmente aberto para turistas e não force a barra quando não estiver. Respeite as exigências de uso de máscaras e não aglomeração.

Como está o número de casos no lugar? Há uma estrutura de saúde adequada para atender à população? Que tal evitar, por enquanto, pequenas vilas que você sabe que têm ficado lotadas e onde a fiscalização tem sido baixa? Se for viajar para o exterior, informe-se sobre os documentos exigidos, como testes negativos de Covid e seguros de saúde, e confirme se o país está aberto para brasileiros.

3. Não visite pequenas comunidades ainda: a grande maioria das pequenas comunidades tradicionais  brasileiras, que vivem mais isoladas, ainda não quer receber visitantes. Em geral, o acesso deles ao sistema de saúde é muito mais difícil e qualquer visitante externo pode ser um potencial vetor de transmissão para eles. Como se não bastasse terem que lidar com invasões, falta de direito a suas terras, queimadas e desmatamentos, essas comunidades não precisam de mais problemas.

Num triste episódio recente, dois turistas tentaram, forçadamente, entrar no território quilombola Kalunga. Vamos lembrar que estamos na casa de outras pessoas e respeitar os locais, seja onde for! 😉 Informe-se antes de visitar qualquer lugar. Mas fique de olho porque muitas comunidades estão com suas fontes de renda paradas e precisam de nossa ajuda nesse momento. Várias campanhas têm ajudado a apoiá-las.

4. Prefira viagens mais isoladas: dê preferência a viagens para locais mais isolados e perto de você. Se possível, procure hotéis que alugam casas e vilas independentes, evite os ônibus e transportes públicos e, se chegar em um atrativo ou ponto turístico e perceber que ele está lotado, seja consciente e saia imediatamente. Você não precisa ser mais um irresponsável naquela multidão.

5. Na natureza também é preciso consciência: vale lembrar que não é porque estamos em um espaço aberto e na natureza que significa que estamos seguros. Temos visto muitas aglomerações super irresponsáveis em praias e na entrada de parques. A máscara continua sendo exigida em todos os lugares.

A informação aqui também é essencial. Pesquise se o destino onde você está já permite ficar na areia e tomar banho de mar. Veja se você precisa reservar hora para entrar em algum parque ou atrativo. Os Parques Nacionais estão abrindo aos poucos. Você pode acompanhar quais já estão abertos no site do ICMBio. Acima de tudo, mais uma vez, tenha sensato e, se chegar em um lugar lotado: fuja!

Arte: @jennypaintswithpixels

6. Não confie somente em selos e protocolos: os selos e protocolos de segurança serviram como balizadores de emergência em uma situação sem precedentes para que meios de hospedagem, restaurantes, companhias aéreas, destinos, operadoras e outras empresas pudessem ter parâmetros para adequar suas operações a uma nova realidade de pandemia. Isso não quer dizer que eles são infalíveis, muito pelo contrário. Na pressa, muitos selos têm sido distribuídos sem nenhum controle, auditoria ou certeza de que o estabelecimento está realmente obedecendo às medidas.

Cabe muito a você e ao seu bom senso observar como cada empresa ou destino está se comportando e, na dúvida, perguntar diretamente aos responsáveis: “o que vocês têm feito para nos proteger”? Muitos hotéis e atrativos, por exemplo, estão demonstrando preocupação com a higienização, mas nenhuma com a lotação.

7. Apoie o turismo local: precisamos lembrar que, de ponta a ponta, todos os envolvidos com o turismo vêm sofrendo muito desde o início do ano. A grande maioria perdeu emprego, não tem mais receitas e nem vê uma luz no fim do túnel. Já que estamos viajando, é bem importante ficarmos atentos então a onde estamos deixando nosso dinheiro. Quem estamos beneficiando nesse momento? Isso vale inclusive para nossas ações no dia a dia. Quem queremos fortalecer para que ele consiga superar essa fase e continue operando? Entender onde vai parar nosso dinheiro é essencial.

Que outras dicas você dá para quem já está viajando? Deixe aqui nos comentários!

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?