Viajante Responsável

Como a natureza está reagindo a um mundo sem viagens

mundo sem viagens
Foto: Sadanand Iowanshi (ilustrativa)
Escrito por Ana Duék

Você pode não ter reparado ainda, mas certamente já leu notícias sobre como nosso isolamento social e um novo mundo sem viagens está permitindo que a natureza tome conta novamente do planeta. Os níveis de poluição estão diminuindo, muitos lugares ficando mais limpos, animais aparecendo nas cidades e ursos em cativeiro estão podendo acasalar em paz.

Em um mundo que está quase paralisado diante de uma pandemia, esses acontecimentos têm sido grandes alertas para lembrarmos que precisamos continuar lutando para reduzir nossa pegada ecológica e combater as mudanças climáticas. Principalmente considerando que nossas interferências na natureza e o consequente desequilíbrio na biodiversidade são a principal causa da disseminação de zoonoses, doenças transmitidas de animais para humanos, como o novo Coronavírus.

Mas vamos às boas notícias – e algumas não tão boas assim… Há algum tempo viemos questionando os impactos da nossas rotinas e viagens no planeta. Alguns deles são bem fáceis de observar, como o aumento dos níveis de CO2. Mas outros só estamos conseguindo entender agora, ao nos ausentamos. Veja algumas reações da natureza até agora:

Redução da poluição: diversos lugares já detectaram queda nos níveis de poluição depois que a quarentena nos obrigou a reduzir o uso de transportes, as viagens e a movimentação da indústria. O setor de aviação, responsável por cerca de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, talvez seja um dos maiores responsáveis pelas transformações. Na China, os níveis de poluição do ar caíram cerca de 25% entre janeiro e fevereiro. Em algumas cidades do Reino Unido, os índices de dióxido de nitrogênio já baixaram 60%. Em Nova Delhi, os indianos estão surpresos ao redescobrir como o céu é azul. No norte da Itália, as emissões de NO2 estão 40% menores e, em algumas regiões do Rio de Janeiro, a redução foi de até 77%. No Norte da Índia, os Himalaias, que estavam escondidos há mais de 30 anos pela poluição, já podem ser vistos novamente.

Canais mais limpos em Veneza: uma das cidades que mais vinha sofrendo com o excesso de turistas, Veneza parece estar respirando aliviada nesse mundo sem viagens. Várias pessoas relataram e fotografaram as águas azuis e transparentes nos canais que cruzam a cidade e até mesmo a presença de peixes. De acordo com especialistas, a limpeza é resultado da redução no movimento dos transportes de barcos, que normalmente é intenso por lá.


Tartarugas nascem no Brasil e Índia: estamos na época de nidificação de tartarugas em todo o mundo. Mas desta vez foi diferente. Sem aglomerações de turistas para assistir, 97 tartatugas-pente nasceram tranquilas na cidade de Paulista, em Pernambuco, e seguiram em direção ao mar. Na Índia, mais de 407 mil tartarugas depositaram ovos no santuário marinho no estado de Odisha.

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Foto: Frau Grau (ilustrativa)

Touros salvos na Espanha – com a suspensão de mais de 200 touradas em várias cidades da Espanha, centenas de touros já foram salvos do sacrifício.

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Foto: Stephane Yaich (ilustrativa)

Casal de pandas acasala – depois de nove anos tentando, o casal de pandas Ying Ying e Le Le, que vivem em um parque-zoológico em Hong Kong, finalmente conseguiram acasalar. Com o parque fechado e sem visitantes em função da pandemia, os dois finalmente tiveram paz para ficarem a sós.

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Foto: Ocean Park Hong Kong

Apesar dos impactos positivos, especialistas acreditam que também existam retrocessos para o meio ambiente diante da pandemia. A começar pelo excesso de lixo, principalmente hospitalar, que estamos produzindo agora. Há indicações também de que o consumo de gás e energia aumentou nas cidades, com todos ficando em casa. E, finalmente, não podemos ter certeza de que o comportamento e consciência das pessoas vão mudar depois da pandemia. Além disso, animais também estão sofrendo com a ausência de turistas:

Elefantes passando fome na Tailândia – alguns dos principais atrativos turísticos da Tailândia, os parques de elefantes, estão fechando as portas por causa da falta de visitantes e recursos. A triste notícia é que esses parques, a maioria já praticando atividades abusivas e exploratórias com os animais apenas para ganhar dinheiro, agora estão simplesmente deixando os elefantes abandonados e passando fome. De acordo com a organização Thailand Elephants, existem hoje 3.500 elefantes em cativeiro na Tailândia, a maioria servindo ao turismo. A ONG listou algumas sugestões de como podemos ajudar no momento, já que o governo ainda não se manifestou.

Macacos também sem comida – ainda na Tailândia, macacos que vivem no Phra Prang Sam Yot monkey temple, em Lopburi, invadiram uma praça em busca de comida. Acostumados a receber alimentos dos turistas, os macacos agora precisam se virar para ter o que comer. Vale para pensarmos se faz sentido continuarmos alimentando animais silvestres.

Só nos resta agora focar nos benefícios que a natureza está alcançando e fazer a nossa parte para que nosso comportamento fique mais consciente depois da crise.

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?