Com paisagens de tirar o fôlego e atrativos para aventureiros e amantes da natureza, a Chapada Diamantina guarda também culturas essencialmente brasileiras. Pensando em trazê-las para mais perto dos viajantes, comunidades locais se reuniram e lançaram os roteiros “Em Cantos da Chapada Diamantina”. A proposta, recém-lançada, busca incluir experiências autênticas no turismo de natureza, mostrando o dia a dia das pessoas que moram e guardam os patrimônios ambiental e cultural da região.
Com duração de um a três dias, os roteiros integram atrativos naturais e culturais com alimentação e hospedagem na casa de moradores e oferecem opções para quem gosta de aventura ou passeios mais tranquilos. As comunidades anfitriãs são o Baixão, Europa e Rosely Nunes, localizadas no município de Itaetê. Todas se caracterizam pela agricultura de subsistência, culinária de raiz e hospitalidade, sendo a porta de entrada para atrativos famosos, como os poços Azul e Encantado, e imponentes cachoeiras como a do Herculano e a Encantada.
Os roteiros também incluem atrativos que estão fora do circuito tradicional. É possível, por exemplo, conhecer a fabricação artesanal de rapadura e o modo secular de se fazer a farinha de mandioca, herdado dos índios. Em alguns roteiros também está incluído o “colha e pague” em plantações agroecológicas, onde o visitante sai com a sacola cheia de frutas, legumes e verduras fresquinhas.
Segundo a moradora Jôse Moreira Souza, a viagem aos rincões de Itaetê é ideal para quem aprecia a diversidade: “Esse é o nosso encanto”, ressalta. “O nosso principal atrativo é o jeito simples de viver e conviver coletivamente, respeitando a cultura de raiz e a natureza”.
Além da vida tradicional do campo, a visita também traz para o viajante conhecimentos sobre a organização comunitária e democratização da terra, já que as comunidades rurais visitadas são assentamentos de reforma agrária do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
“Conhecer de perto a história de pessoas que se mobilizaram e lutaram, de forma pacífica, para garantir seu direito constitucional de viver e trabalhar da terra torna o roteiro ainda mais rico, pois contribui para dirimir estereótipos e preservar a memória local, objetivos do turismo de base comunitária”, afirma Marcela de Marins, analista ambiental do Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão gestor do Parque Nacional da Chapada Diamantina, que apoiou a iniciativa.
Turismo de Base Comunitária
Se sentir em casa, mesmo estando a quilômetros de distância e ainda ser recebido como uma visita especial é uma das principais qualidades das comunidades rurais anfitriãs. Característica capaz de proporcionar experiências realmente genuínas ao visitante que está na busca de um turismo mais solidário e inclusivo.
Para aproveitar ao máximo a viagem, é importante estar aberto para conhecer diferentes culturas e modos de vida, o que permite o estabelecimento de conexões verdadeiras e aprendizados, grandes diferenciais de viagens como essa. Além do valor intangível, este tipo de turismo, realizado de forma coletiva e protagonizado pela comunidade, está sendo reconhecido como uma forma importante de turismo sustentável.
O que conhecer
Assentamento Baixão: Possui pousada comunitária, fabricação de alimentos derivados do aipim realizada por jovens empreendedores e cultivo de alimentos agroecológicos. É o ponto de partida para o Rio Una e para a Cachoeira Encantada, localizada no Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Assentamento Europa e povoado da Colônia: Possui fábrica artesanal de rapadura orgânica, quintais com cultivo de alimentos agroecológicos e casa de Jarê, religião de matriz africana. É o ponto de partida para as cachoeiras do Roncador, Herculano e Bom Jardim, localizadas no Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Assentamento Rosely Nunes: Assentamento rural mais antigo de Itaetê. Abriga uma casa de farinha comunitária e sedia a brigada de combate e prevenção a incêndios florestais do Prevfogo/IBAMA. É ponto de partida para o Poço Encantado, Poço Azul, Lapa do Bode e também para a cachoeira Invernada, localizada no Parque Natural Municipal Rota das Cachoeiras.
Como chegar nos assentamentos da Chapada Diamantina:
A partir de Salvador:
O acesso mais rápido é através das rodovias BR-324 e BR-116 até Itatim, a partir da onde segue-se a rodovia BA-245 sentido Marcionílio Souza até a cidade de Itaetê, totalizando 386km. A partir de Itaetê a rodovia não está asfaltada e as distâncias para as comunidades são as seguintes: Rosely Nunes: 29km Colônia: 23km Europa: 27km Baixão: 28km
A partir da Chapada Diamantina:
Por Andaraí ou Mucugê segue-se a rodovia BA-142 até chegar a rodovia BA-245, que dá acesso à comunidade Rosely Nunes e à cidade de Itaetê. A rodovia BA-245 e a estrada de acesso às comunidades Europa, Colônia e Baixão não são asfaltadas. As distâncias a serem percorridas em estrada de terra a partir da BA-245 são as seguintes: Rosely Nunes: 8 km Colônia: 48 km Europa: 51km Baixão: 55km
Contatos:
Para mais detalhes e contratação dos roteiros, cada comunidade possui dois moradores locais que realizam o agendamento da visitação. Os contatos são via Whatsaspp:
Baixão: Raíza: 75 9161-7123; Cleidiane 75 9153-8291
Europa e Colônia: Cleuton: 75 9245-7069; Jôse: 75 9247-1699
Rosely Nunes: Flávio: 75 9162-1911; Nara: 75 8250-4440
Facebook: https://www.facebook.com/TBCItaete/
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Como surgiu a iniciativa:
“Em Cantos da Chapada Diamantina” foi um produto criado de forma participativa por meio de projeto executado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), autarquia do Ministério do Meio Ambiente responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais, através de recursos do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
O projeto foi dividido em três etapas: produção de inventário e diagnóstico do turismo local; elaboração do produto e comercialização. Todas as ações contaram com o protagonismo das comunidades.
Em 2017, o instituto disponibilizou recursos, através de edital, para as Unidades de Conservação, Centros Regionais e Centros de Pesquisa apresentarem projetos que fomentem o setor. Foram aprovados sete projetos semelhantes ao da Chapada Diamantina que irão compor um caderno de experiências de Turismo de Base Comunitária (TBC) do ICMBio.
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