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Caral, Peru: como visitar a civilização mais antiga das Américas

Caral
Foto: Viajar Verde
Escrito por Ana Duék

Quando pensamos no Peru e em civilizações antigas, lembramos imediatamente dos Incas, de Machu Picchu e do Vale Sagrado. Esquecemos que, antes dos Incas, muitas outras civilizações pré-colombianas habitaram a região e deixaram suas marcas, seu legado e também suas ruínas. Já tinha visitado o Peru em 2016 e, na sua capital, descobri a existência das culturas Ichma e Lima. Mas não fazia ideia que, a apenas 200 km dali, viveu a civilização mais antiga das Américas descoberta até agora – a Caral.

A Zona Arqueológica de Caral, localizada no distrito peruano de Supe, entre os Andes e o oceano Pacífico, foi encontrada em 1994 pela arqueóloga e antropóloga peruana Dra Ruth Shady Solís e a descoberta mudou a história. Acreditava-se, até então, que as Américas não tinham civilizações tão antigas quanto as da Índia ou Oriente Médio. Mas os Caral viveram ali há 5 mil anos, em 3.000 aC., na mesma época em que, no Egito, era construída a pirâmide de Giza.

Caral

Foto: Viajar Verde

A visita em Caral é mais impactante pela história em si do que pelas construções e ruínas. Mas vale muito à pena sentir a energia de estar no lugar onde viveu a civilização mais antiga de nosso continente. Você pode ir a Caral em um bate-e-volta de Lima (é uma viagem de quase quatro horas) ou dormir em Supe. São poucas opções de hospedagem por lá, então, dependendo do seu tempo e disposição (financeira também!), vale à pena considerar um dos vários tours de um dia. Fizemos nosso roteiro com a Viajes Pacífico e eu super indico!

Visitando Caral

A cidade sagrada abre todos os dias às 9h. Vale à pena chegar o mais cedo possível e levar chapéu e protetor solar, já que o lugar fica em um deserto, completamente desprotegido. A infraestrutura lá é mínima, mas tem um bom banheiro e uma lojinha, claro! Leve sua água e um lanche porque não há nada muito perto.

Caral

Foto: Viajar Verde

A visita dura em torno de 1h30, 2h. Vai depender do guia e da disposição do grupo. Você pode visitar Caral sozinho, mas vai perder todas as informações que poderia aprender com um guia. Minha indicação é: contrate um guia local! Nosso guia, o incrível Dino, nos contou que essa é uma prática que eles ainda estão lutando para incentivar. Os guias da comunidade de Caral estão se esforçando para aprender e melhorar o serviço porque entendem que ali há um potencial turístico enorme, mas ainda existe a questão de não falarem outro idioma. Mesmo indo com uma empresa de turismo, é praxe eles chamarem um guia de lá, que sabe muito mais de toda a história. Se a empresa que você contratou não indicar um, vale à pena questionar e entender por quê.

Caral

Dino foi nosso guia local em Caral | Foto: Viajar Verde

A Cidade Sagrada de Caral

A cidade sagrada de Caral, considerada Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2009, era na verdade o centro administrativo de uma civilização com 19 povoados. As evidências arqueológicas mostram que ali existiu uma sociedade organizada hierarquicamente, com a figura de um líder, e uma cidade desenhada e planificada. As pesquisas arqueológicas que começaram em 1994, continuam até hoje. Os trabalhos da Zona Arqueológica Caral (ZAC), que tem 626 hectares, envolvem atividades de investigação, conservação e difusão dos valores sociais e culturais do povo Caral e também têm o objetivo de incentivar o desenvolvimento socioeconomico das populações de Supe, Barranca e da região.

Caral

Foto: Viajar Verde

Na zona capital de Caral existiram 6 estruturas piramidais construídas com pedras e madeiras, que seriam prédios públicos, e mais lembram as construções Maias do que as Incas. Ali também existiam anfiteatro, praças públicas e residências de nobres, separadas das de funcionários. As descobertas arqueológicas, que incluíram ferramentas e instrumentos musicais, permitiram identificar que os Caral eram religiosos, especialistas em matemática, geometria e astronomia, faziam festas com música e já eram capazes de medir o tempo com a sombra das pedras.

Foto: Viajar Verde

Como chegar em Caral:

Como falei, em Lima existem tours de ida e volta para Caral. Separe um dia inteiro para ele.

Se você preferir ir por conta própria, provavelmente sairá mais barato, mas o trajeto não é tão simples. Você pode pegar um ônibus em Lima com direção ao norte. Desça no mercado do pueblo de Supe, quilômetro 184 da rodovia Panamericana Norte. A uma quadra do mercado há um ponto de taxis e ônibus que vão até o povoado de Caral e passam pela entrada da cidade sagrada.

Para quem vai de carro, basta seguir pela carretera Panamericana Norte até o quilômetro 184. Ali você vai entrar em uma estrada menor e ainda bem esburacada, por onde percorrerá mais 23km.

Horários e valor da entrada:

A zona arqueológica funciona de segunda a quinta, das 9h às 16h e de sexta a domingos e feriados das 9h às 18h.

A entrada custa 11 Nuevos Soles (S/) para adultos e S/. 1,00 para crianças (não inclui o guia).

Se você estiver indo de forma independente e quiser contratar um guia, recomendo entrar em contato com a zona previamente e agendar um guia local: webmaster@zonacaral.gob.pe

Onde ficar em Caral:

Fiquei hospedada no incrível Empedrada Lodge, um hotel charmoso, decorado com a cara do lugar, que fica localizado em meio a plantações de tangerinas e abacates e bem pertinho da zona sagrada. Se você tiver oportunidade, reseve um dia para curtir o hotel. Somente a paisagem e o restaurante já valem a visita! Vale visitar as plantações e ainda fazer uma trilha lá por perto.

Empedrada Lodge

Vista do incrível Empedrada Lodge, em Caral | Foto: Viajar Verde

Veja mais informações sobre Caral em https://www.zonacaral.gob.pe/

 

Viajei a convite da Promperú e da Adventure Travel Trade Association

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?

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