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A importância do cálculo de capacidade de carga turística

capacidade de carga
Foto: Parque Nacional do Iguaçú | Divulgação
Escrito por Victoria Leão

Dentro do universo de quem trabalha ou estuda o turismo não é novidade o termo “capacidade de carga turística”. Entretanto, poucos são os Bacharéis em Turismo que, durante a graduação, têm o tema como obrigatório na ementa, apesar de ser algo constantemente citado durante o curso e a vida profissional.

A capacidade de carga é aquilo que todo mundo conhece a necessidade, mas poucos são os que se aventuram a mergulhar nesse universo com tantas métricas e variáveis. O termo “cálculo” certamente contribui para o afastamento, visto que a maioria das pessoas que escolhem as ciências sociais/humanas querem distância de números!

Mas qual a real necessidade de mensurar a capacidade de carga turística?

O cálculo da capacidade de carga é uma importante ferramenta para o planejamento e gestão de áreas naturais. Através dele é possível definir indicadores e o manejo de áreas onde ocorrerá visitação, visando um melhor uso do solo pela atividade turística, minimizando impactos negativos nos recursos naturais e perda da qualidade da experiência do visitante. Deve ser encarada como uma variável dinâmica, pois pode mudar de acordo com as circunstâncias existentes, sendo necessário monitoramento contínuo.

A metodologia de Miguel Cifuentes – a primeira e mais utilizada – leva em consideração aspectos físicos como superfície total da trilha, número de vezes que uma aérea pode ser percorrida por um visitante em um dia. Também utiliza fatores de correção para chegar até a Capacidade de Carga Real, utilizando variáveis ambientais (precipitação, inundação, brilho solar); físicas (erodibilidade dos solos, acessibilidade); ecológicas (perturbações da fauna e flora); de manejo (fechamento de área por ter determinado para manutenção) e social (distanciamento entre grupos).

Apenas definir o número balizador de visitantes não é suficiente para atender as necessidades de manejo. É necessário levar em consideração o comportamento dos visitantes, orientando-os antes e durante a trilha sobre a necessidade de preservar o silêncio, não alargar o tamanho da trilha, não descartar resíduos ou retirar qualquer elemento da natureza.

Uma etapa posterior e de fundamental importância é o monitoramento. Feito de maneira constante, é uma forma de acompanhar as condições de uso de determinados pontos, visando levantar dados para minimizar impactos negativos e potencializar impactos positivos, quer seja relacionado ao ambiente ou à qualidade da experiência do visitante.

É preciso frisar que a capacidade de carga deve ser compreendida não como o número que se deseja alcançar, mas como um limite que não deve ser ultrapassado. Esta ferramenta ainda não foi apropriada em larga escala pelos gestores de unidades de conservação e ainda consta em poucos planos de manejo, além do fato de ser um conhecimento pouco difundido nos cursos de bacharelado em turismo.

Espera-se que a Academia dê mais atenção a este campo de suma importância para a manutenção dos ecossistemas que recebem visitação, seja na formação ou no incentivo a pesquisa. Através deste empoderamento o técnico terá maior segurança e respaldo para propor estudos e cobrar ações da gestão de unidades de conservação.

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Sobre o Autor

Victoria Leão

Victoria Leão é nascida no Rio de Janeiro, porém fixou residência e o coração em Salvador, Bahia. É Bacharel em Turismo e Hotelaria e atualmente cursa Especialização em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades. A crença de que é possível fazer um turismo limpo sempre impulsionou a busca pelo conhecimento das questões socioambientais e culturais.

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