Dizem que o ser humano se adapta a qualquer situação imposta, haja vista a pandemia, que confinou (e ainda confina!) milhões de pessoas em suas casas por um determinado período de tempo e mudou hábitos. Então, será mesmo que a capacidade humana de se adaptar bem a diferentes cenários é tão grande a ponto de conseguir viver em plenas condições de saúde mesmo na ausência de estímulos naturais? Segundo a hipótese da biofilia, a resposta é não, pois a teoria afirma que a carência de elementos naturais na vida humana afeta silenciosamente a saúde das pessoas.

O que é biofilia?

Biofilia significa ‘amor às coisas vivas’, e refere-se à demanda genética evolutiva de estímulos vindos dos ambientes naturais para a manutenção da saúde física e emocional, bem como para a realização pessoal. E existe uma predisposição genética humana em haver uma forte afiliação com a natureza, incluindo plantas, fenômenos atmosféricos, animais e diferentes tipos de paisagem.

Para fugir das “selvas de pedra” em que vivemos nas grandes cidades é muito comum as pessoas buscarem refúgios naturais ou áreas menos urbanizadas ao viajarem, e se empenharem em colocar estímulos naturais no seu dia a dia. Essas práticas estão associadas ao fenômeno da biofilia, pois trazem benefícios para a saúde humana, como o bem-estar psicológico e físico.

Percebemos que durante o confinamento imposto pela Covid-19 muitas pessoas passaram a se dedicar mais à jardinagem, a cuidar mais de plantas em seus apartamentos, as viagens começaram a ser pensadas para lugares ao ar livre, e a procura por casas de campo nos finais de semana aumentou. Também percebermos uma jogada das construtoras imobiliárias de venderem apartamentos no estilo casa, oferecidas como grande aliada na busca por uma qualidade de vida melhor.

Saúde não é ausência de doença

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) fala que saúde não é ausência de doença, e sim o “resultado das complexas inter-relações entre os processos biológicos, ecológicos, culturais e socioeconômicos que se dão na sociedade, ou seja, é o produto das inter-relações que se estabelecem entre o homem e o ambiente social e natural em que vive.”

A conexão com a natureza traz inúmeros benefícios para a nossa saúde mental

Hoje, no mundo contemporâneo, percebemos o aumento do número de casos de estresse, burnout, transtorno de ansiedade, obesidade, depressão, síndrome do pânico, além de inúmeras doenças cardiovasculares e danos ao sistema imunológico que são provocados pela vida moderna urbana caótica e imediatista. Vários estudos apontam que a falta de estímulos naturais na vida diária afeta negativamente a qualidade da saúde da população.

Você também volta e meia sente a necessidade de se reconectar com a natureza? Depois de uma temporada na mata, suas energias ficam renovadas? Admirar um céu estrelado, pisar na grama descalço, dormir ouvindo o som do mar ou da cachoeira te reenergiza? Pois então, que tal oferecer sempre natureza para as crianças e começar desde cedo a estreitar esses laços tão fundamentais para o nosso viver bem?

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