No dia 9 de novembro, o Rio de Janeiro inaugura AquaRio Marinho do Rio, o maior aquário da América Latina. Uma promessa de um espaço único de visitação pública com atrações e tecnologias inovadoras pouco vistas no Brasil, dedicado à educação, pesquisa, conservação, entretenimento, lazer e cultura. Oito mil animais de 350 espécies estarão em exposição ao público.
Quando era mais nova, tive a oportunidade de visitar alguns aquários e zoológicos e pouco me lembro dessas funções tão múltiplas. Lembro deles simplesmente como uma oportunidade de lazer e de ver de perto algumas espécies que, tão cedo, ou talvez nunca, teria a oportunidade de conhecer. Naquela época, a preservação das espécies ainda não era tema de domínio público. Não havia nenhum programa educativo em nossas visitas.
Ao longo dos tempos, muitos aquários e zoológicos vêm se transformando de espaços de exibição de animais em centros de pesquisa e conservação. A Associação de Zoológicos e Aquários (AZA), que representa 230 instituições nos Estados Unidos e no mundo, tem como prioridades o bem-estar animal, a educação e a conservação de espécies ameaçadas. Todos os anos, seus associados investem mais de US$ 160 milhões em projetos de conservação.
Ainda assim, vale à pena questionarmos se efetivamente todos aqueles animais estão felizes vivendo em cativeiro e qual a verdadeira necessidade de eles estarem ali. Será que os tubarões ou os peixes pescados nas Ilhas Cagarras estarão mais felizes dentro do AquaRio?
Segundo a Proteção Animal Mundial, “a vida silvestre tem que ser protegida no seu habitat natural”. “Nós reconhecemos que aquários e zoológicos podem ter papel muito importante no esforço de conservação, quando trabalham com animais em risco de extinção ou animais confiscados em situações de perigo. Mas nada justifica o sofrimento animal. No cativeiro, em geral, você tem animais mais tristes, com comportamento alterado, mesmo que sejam usadas as melhores práticas para o bem-estar animal”, explica Roberto Vieto, gerente de Vida Silvestre para a América Latina da Proteção Animal Mundial.
Por outro lado, a proposta de aproximar as pessoas dos animais continua sendo encantadora e inclusiva. Quantos não são os que nunca terão a oportunidade de ver um tubarão de perto ou conhecer uma espécie ameaçada? Mas com um ingresso que custa R$ 80, ele continua deixando muita gente de fora.
“Educação também não é justificativa para ter animais em cativeiro. Hoje existem ferramentas tecnológicas muito avançadas para educar sobre meio ambiente e preservação”, defende Roberto Vieto. De fato, o AquaRio aposta no Aquário Marinho Virtual para permitir que “o visitante tenha acesso a conceitos e informações sobre as espécies que não podem ter contato direto com o público, por motivos de segurança, saúde pública ou mesmo para evitar estresse aos animais”.
O AquaRio vai trabalhar com um Centro de Educação Ambiental, que irá promover eventos, cursos relacionados ao meio ambiente e festivais, e um Centro de Pesquisa Científica, em parceria com Universidades. Acreditamos que esse é o caminho e esperamos que ele cumpra seu papel, pensando sempre antes no bem-estar animal e não no entretenimento.
Acabamos de fazer muito feio com o abandono no Zoológico do Rio de Janeiro e precisamos mostrar que nos preocupamos. Não precisamos importar coalas da Austrália, como acaba de fazer o Aquário de São Paulo, com o objetivo único de atrair público. Há muitas outras formas de fazê-lo. E, além disso, há muitos animais da fauna nativa do nosso Brasil que precisam da nossa atenção. Cuidemos deles!
E você? O que espera do novo AquaRio?