O Turismo Sustentável tem sido visto como o caminho necessário no pós-pandemia. Embora a importância das viagens mais responsáveis já venha sendo discutida há décadas, finalmente parece que grandes empresas, muitos destinos, governos e a grande mídia estão prestando atenção no assunto.

Ainda não podemos ter certeza se esse movimento vai perdurar e realmente gerar resultados, ou se é apenas mais uma moda passageira. Mas o fato é que algumas ações efetivas vêm sendo tomadas, com várias companhias aéreas assumindo o compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e governos adotando políticas públicas que consideram o turismo sustentável. Aqui estão alguns países que têm tomado medidas inspiradoras na busca por um setor de viagens mais responsável. O que será que podemos aprender com eles?

1. Portugal:

Ainda no início da pandemia de COVID-19, quando muitos países estavam paralisados com a suspensão das viagens, o Turismo de Portugal lançou uma campanha para conscientizar viajantes sobre a pausa necessária e já começou a falar da importância de um turismo mais responsável no momento da retomada. A partir de então, eventos online, estratégias, políticas públicas e programas de incentivo voltados para o Turismo Sustentável, que já eram representativos antes, se multiplicaram. Em outubro de 2020, o governo anunciou o Plano Turismo + Sustentável 20-23, com o propósito de “posicionar Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos, seguros e sustentáveis do mundo através de um desenvolvimento econômico, social e ambiental em todo o território”. Com mais de 70 projetos e ações, o plano, que passou por consulta pública, contempla quatro eixos estratégicos: estruturar uma oferta mais sustentável; qualificar os agentes do setor; promover Portugal como um destino sustentável; e monitorar as métricas de sustentabilidade do setor.

O Turismo de Portugal também vem realizando diversos encontros virtuais, desafios e webinars de capacitação focados em sustentabilidade, acessibilidade e outros temas. É o caso dos programas Upgrade Sustentabilidade e Upgrade Digital. No dia 14 de maio de 2021 aconteceu o Fórum de Alto Nível para um Turismo Sustentável, realizado pela presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, sob a coordenação do Ministério da Economia e da Transição Digital. E, em 20 de maio, o Turismo de Portugal lançou diversos guias de boas práticas ambientais para as empresas do setor. Entre eles estão o “Guia de Boas Práticas para uma Restauração Circular e Sustentável“, “Guia de Boas Práticas para uma Economia Circular no Alojamento Turístico“, “Guia Neutralidade Carbônica nos Empreendimentos Turísticos“, “Guia para a Construção Sustentável em Empreendimentos Turísticos“, “Guia para o Alojamento Turístico: Vamos Reduzir os Plásticos de Uso Único” e “Guia para os Operadores Turísticos: Vamos Reduzir os Plásticos de Uso Único“.

Em 2020, o país se tornou membro do Conselho Global de Turismo Sustentável – GSTC. Além de vários reconhecimentos e prêmios anteriores, Portugal teve 11 lugares na lista dos “100 destinos mais sustentáveis do mundo”, eleita pelo Green Destinations em 2020. Continue acompanhando as iniciativas de Portugal por um turismo sustentável, porque são inspiradoras!

Ilha de São Miguel, Açores | Foto: André Mendonça

2. Colômbia:

A Colômbia está entre os principais países da América Latina a discutir e pensar a sustentabilidade no turismo nos últimos anos. Em dezembro de 2020, como parte da reativação do turismo, o Ministério do Comércio, Indústria e Turismo lançou a primeira ‘Política de Turismo Sustentável: Unidos pela Natureza‘, que “reconhece a importância do turismo como parte da conservação da biodiversidade, paisagens, ecossistemas e recursos naturais da Colômbia”, explica o Ministro do Comércio, Indústria e Turismo, José Manuel Restrepo. Ainda de acordo com o MinCit, “esta política, dada a situação gerada pela pandemia Covid-19, mostrou que o desenvolvimento do turismo sustentável deve ser um compromisso prioritário para a reativação e transformação do setor turístico na Colômbia. Ela reúne a cadeia de valor do setor em torno de uma mesma mensagem: o turismo deve buscar se reativar de forma responsável e crescer da melhor maneira para o planeta e para as pessoas”. Em janeiro de 2021, o Vice Ministério do Turismo da Colômbia, com apoio da ProColombia, lançou também o incrível projeto “Contemplar, compreender, conservar: um manual ilustrado para guias de turismo de natureza na Colômbia“, que contém 306 páginas com informações sobre a rica e exuberante natureza colombiana, trazendo uma leitura didática e acessível.

Cartagena | Foto: Ana Duék

3. Suíça:

A Suíça lançou recentemente a Swisstainable – Estratégia para o desenvolvimento sustentável da Suíça como destino de viagem. De acordo com o país, “a Swisstainable é o primeiro grande passo para garantir o sucesso de longo prazo da Suíça como destino de férias, viagens e convenções e para torná-la o destino mais sustentável do mundo”. Em parceria com o setor, o Turismo da Suíça pretende estabelecer um movimento que motive os prestadores de serviços a se comprometerem com o desenvolvimento sustentável do destino. O Conselho Federal Suíço se comprometeu com uma Suíça neutra em impactos para o clima até 2050 e atribuiu importância especial à sustentabilidade como parte da nova estratégia de turismo. As principais recomendações que a estratégia propõe aos viajantes são: “1. Desfrute da natureza de perto e em primeira mão; 2. Experimente a cultura local de uma forma autêntica; 3. Consuma produtos regionais; 4. Fique por mais tempo e se aprofunde”. Todas as empresas e destinos que realmente se engajarem na proposta receberão um selo Swisstainable. Em março de 2021, a Suíça também se tornou membro do Conselho Global de Turismo Sustentável (GSTC).

Melchsee frutt, kerns, Suíça | Foto: Ricardo Gomez Angel

4. Japão:

O Japão é outro país que vem dando seus passos rumo a um turismo melhor para o planeta. Em 2020, a Agência de Turismo do Japão passou a adotar os critérios do Conselho Global de Turismo Sustentável (GSTC) para orientar sua política de turismo sustentável e agora também é membro do conselho. Ainda no ano passado, o Japão firmou uma parceria com o Global Destination Sustainability Index para apoiar destinos no sentido de melhorarem o desempenho ambiental, social e econômico e se tornarem lugares mais sustentáveis e saudáveis para se visitar e morar. De acordo com Toshihiro Katayama, diretor de Melhoria da Experiência do Visitante da Agência de Turismo do Japão, “a agência busca tornar o Japão uma ‘nação de turismo sustentável desenvolvida’, maximizando os benefícios para as comunidades locais, turistas, recursos culturais e o meio ambiente”. Para a realização das Olimpíadas em 2021, o Japão desenvolveu um plano de ação de sustentabilidade baseado nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Vista de Nachi-san depois de caminhar no Kumano Kodo em Wakayama | Foto: Tom Vining

5. Noruega:

Em maio de 2021 foi oficialmente anunciado: “Noruega vai reiniciar o turismo com uma visão ousada e mais verde”. O Visit Norway e a indústria de viagens norueguesa aproveitaram a pausa forçada da pandemia para trabalhar na reconstrução do setor de uma forma mais sustentável, com foco em ser parte da solução para a crise climática. O resultado é a nova Estratégia Nacional de Turismo 2030, que entre diversas ações, propõe o compromisso com a redução de 50% de suas emissões climáticas até 2030 (com base nos níveis de 2019), e a redução das emissões anuais de transporte em 10%. “O crescimento sustentável do turismo deve ser combinado com uma pegada climática menor da indústria como um todo. O setor de viagens não pode ficar de lado enquanto a luta contra as mudanças climáticas continua. Devemos agir com responsabilidade e unir forças para fazer a nossa parte para salvar os alicerces de nossa indústria. É por isso que a estratégia afirma que a sustentabilidade não é negociável”, disse Bente Bratland Holm, diretor de Turismo da Visit Norway.

Dentro das medidas está o Sustainable Destination, um esquema de credenciamento nacional para destinos de viagem. O credenciamento não confirma que os destinos já sejam 100% sustentáveis, mas mostra aqueles que eles estão comprometidos com um processo de longo prazo para um desenvolvimento sustentável. Além dele, o «CO2rism» é uma ferramenta digital lançada pela Visit Norway em 2020 para calcular as emissões de CO2 causadas pelo transporte de turistas para e na Noruega. A calculadora pode ser usada por empresas e destinos interessados em conhecer as emissões causadas por seus visitantes.

Stegastein, Aurland, Noruega | Foto: Robert Bye

6. Costa Rica:

Não é surpresa encontrar a Costa Rica nesta lista, já que é um dos países pioneiros no ecoturismo e no turismo sustentável. Mas é interessante ver que ela mantém e avança sempre nesse compromisso. Há anos, diversas iniciativas de turismo já ajudaram a preservar e recuperar áreas degradadas, além de incluir comunidades na economia. As credenciais do país foram inclusive reconfirmadas recentemente, ao vencer o prêmio de Melhor Destino de Turismo Responsável na WTM Latin America. No final de 2020, o Instituto Costarricense de Turismo (ICT) lançou o Pura Vida Pledge, uma iniciativa que convida os viajantes a se comprometerem com a realização de uma viagem mais consciente pelo país. Recentemente, a Costa Rica também se aliou ao Paraguai, Equador e Alemanha em um projeto que pretende consolidar e divulgar os países como destinos de Áreas Silvestres Protegidas durante a reativação do turismo.

Parque Nacional Vulcão Irazu, Província de Cartago, Costa Rica | Foto: Alex Ip

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