Aos nossos olhos, de turistas, esses cinco destinos brasileiros são paraísos. Daqueles que todos nós queremos ir ao menos uma vez na vida. Mas para quem mora e trabalha por lá a vida é bem mais complicada. Ou, em outros casos, a ameaça é que eles deixem de existir, como ecossistemas ou como destinos turísticos.
Em várias regiões do Brasil temos situações de emergência e pedidos de socorro para que autoridades abram os olhos para o abandono e para impactos ambientais. Em todos os casos as ameaças partem dos próprios seres humanos.
Veja esses cinco destinos brasileiros que precisam urgentemente de atenção:
Bonito, Mato Grosso do Sul
Há alguns anos o município de Bonito, no Mato Grosso do Sul, referência em ecoturismo e turismo sustentável entre os destinos brasileiros, já ligou o alerta vermelho para a preservação de seus rios e banhados – principais atrativos turísticos da região. O que acontece por lá é resultado da expansão exploratória e descontrolada do desmatamento e da agricultura, liderada principalmente pelo plantio de soja.
O desmatamento e as técnicas inadequadas de agricultura expõem o solo e facilitam que, durante os períodos de chuva, matéria orgânica e sedimentos alcancem os rios e córregos. Embora os turvamentos dos rios sejam fenômenos naturais, eles costumavam acontecer somente em situações esporádicas. Mas agora virou constante na região. O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) continuam permitindo que atividades com alto impacto ambiental aconteçam em áreas de nascentes e rios de águas cristalinas em Bonito e Jardim.
O Instituto Amigos do Rio da Prata, uma iniciativa do Instituto das Águas da Serra da Bodoquena – IASB, se reuniu para alertar sobre e melhorar a qualidade da água do Rio da Prata, um dos mais importantes rios locais. As principais ações estão voltadas para a restauração florestal das matas ciliares, medidas para correção e conservação de estradas e sensibilização da comunidade.
Ilhabela, São Paulo
Essa cidade-balneário no litoral paulista é o município mais rico do Brasil em orçamento por habitante, recebeu em 2018 mais de R$ 700 milhões em royalties, mas tem apenas 43% de seu esgoto tratado. O resultado do descaso foi um verão de 2019 com 100% de suas praias impróprias para banho. Além da falta de tratamento do esgoto, a parte que é tratada é feita de forma inadequada, de acordo com especialistas.
Ilhabela também sofre com o excesso de turistas durante o verão e a falta d’água. Em dias sem água na pousada, alguns hóspedes resolveram tomar banho no mar com shampoo e sabonete!
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Abrolhos, Bahia
No sul do estado da Bahia, o arquipélago de Abrolhos com suas cinco ilhas forma um Parque Nacional Marinho preservado, que abriga cerca de 1.300 espécies. Entre elas as baleias jubarte, que migram para a região para se reproduzir, espécies de corais endêmicas e tartarugas ameaçadas de extinção. Mas a ameaça no momento é outra. Ignorando o posicionamento técnico, o novo presidente do IBAMA, Eduardo Fortunato Bim, autorizou recentemente o leilão de sete blocos de petróleo em regiões próximas ao arquipélago. Algumas delas estão tão próximas que qualquer vazamento pode gerar impacto direto no bioma de Abrolhos.
Uma petição online, que você pode assinar (!), pede ao presidente do IBAMA e ao Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que excluam de licitação os blocos de petróleo próximos ao arquipélago. Diante da pressão, Salles informou que mesmo com as áreas no leilão, a autorização para exploração não é garantida.
Fernando de Noronha, Pernambuco
Por trás de todo o glamour da ilha pernambucana e das praias paradisíacas estão aparecendo, aos poucos, sinais da má administração, falta de cuidado e descaso com os moradores locais. Em abril de 2019, quando choveu em Noronha o triplo do esperado, a lama tomou a ilha, limitou o acesso às praias, a chuva estragou calçamentos e estradas e esgotos ficaram a céu aberto. Muitos denunciam ainda que, para quem mora na ilha, o transporte é precário, a iluminação, péssima, e faltam água e terrenos para moradores. Muitas pessoas vivem amontoadas em pequenas casas, onde o turista não vê.
O movimento Noronha Pró-Terrenos vem reivindicando junto à administração da ilha os direitos dos moradores por terrenos. Agora no fim de maio foi iniciada a limpeza das áreas determinadas para serem loteadas e o administrador de Noronha, Guilherme Rocha, prometeu entregar os primeiros Termos de Permissão e Uso (TPUs), documento de posse dos terrenos, a partir do dia 31 de julho.
Ilha do Mel, Paraná
Na Ilha do Mel, no Paraná, Patrimônio da Humanidade reconhecido pela UNESCO, moradores estão lutando contra a construção de um porto privado no município de Pontal do Paraná, a menos de três quilômetros da Ilha, que será viabilizado com mais de R$ 369 milhões de dinheiro público. Além dos impactos ambientais negativos, o porto não vai trazer nada de positivo a moradores, empresários e turistas da região.
O movimento #SalveAIlhaDoMel, criou uma campanha de financiamento coletivo que se encerra em 3 de junho, com o objetivo de fazer uma contra-proposta ao governo para que este dinheiro seja investido em outros pontos urgentes, como mais segurança por meio de iluminação padronizada; calçadas; melhorias paisagísticas; implantação de ciclovias e sistemas semafóricos inteligentes; instalação de quatro “ecoparagens temáticas” com geração autônoma de energia limpa e dotadas de áreas de comércio, lazer, serviços e valorizações socioculturais; uma completa infraestrutura de apoio ao turista e à comunidade local; e a construção de uma ciclo-rodovia interpraias que estimule o transporte sustentável por meio de ciclofaixas.
*Com informações do Conexão Planeta e do G1
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