Viajante Urbano

Tuk-Tuks de Lisboa: sustentável para quem?

por Vanessa Tavares

Lisboa, capital de Portugal, encontra-se estrategicamente bem posicionada: à beira-mar plantada, com um clima invejável em relação às outras cidades europeias, e muito longe dos conflitos atuais. Há um acréscimo de turistas na capital, por quem não ousa em arriscar, por quem foge das praias da Europa Oriental e por quem escolhe o sol como seu parceiro de férias.

Lisboa tem tudo, e os novos empresários abriram os olhos finalmente: o histórico e antigo fez-se novo, ideias surgem de há uns anos para cá. Surgem hostels de charme vencedores de prêmios internacionais, surgem bares e atividade noturna variada para todos os gostos, surgem ruas repletas de comércio do mais barato ao mais requintado e novas formas de transporte: do hibrido que anda em terra e água, aos Segways com GPS, os carros elétricos com guia informatizado e os famosos Tuk-Tuks.

Foto: Vanessa TavaresPara uma cidade de apenas 500.000 habitantes bem equilibrada (nem muito, nem pouco) quanto ao restante pequeno país, Lisboa recebe cerca de quase 5 milhões de turistas anualmente. É ver mais turista, em plena alta temporada, que cidadão indo trabalhar! Nas suas ruas, suas sete colinas, percorrem centenas de Tuk-Tuks. Uma ideia genial para uma cidade cheia de caminhos íngremes, que virou moda e que já foi chamada de “epidemia”, veio afetar negativamente o negócio dos taxistas, e os habitantes dos bairros históricos, cujas casas tocam à porta no peão (pedestre) ou carro que passe na rua. Queixavam-se do barulho dos motores, que, sem dar tréguas, os Tuk-Tuks caraterizam, e do muito movimento de incomodava as pessoas mais velhas da região.

As queixas foram tantas que a Câmara Municipal teve que colocar regras onde não as haviam: a poluição sonora, os trajetos e os horários. A partir de 1 de janeiro de 2016 todos os Tuk-Tuks seriam obrigados a ser elétricos, seriam vedados às ruas mais estreitas da cidade (as mais adoradas pelos Turistas), e o horário encurtou-se das 9h às 22h.

E assim, ficaram todos satisfeitos?
Não! Depressa se concluiu que os turistas faziam falta às ruas, não à meia noite, não com o barulho da motorizada que o levava: mas com a sua contribuição para o comércio! Receitas, afinal é disto que o Turismo se sustenta. As lojas de acesso mais restrito ficaram à espera da próxima viagem, da próxima parada, ou daquele viajante que não tem medo de caminhar a pé!

Notas curiosas:

  • O Tuk-Tuk faz um percurso de 1 hora e para em pontos cruciais turísticos da baixa Lisboeta (ou onde o turista quiser ir), entre Miradouros com vistas magníficas sob a cidade, rio e Castelo.
  • O seu preço por hora varia entre 45 a 70 euros.
  • Há praças com mais de 10 veículos em fila à espera da sua vez de receber os turistas
  • Foi um português que levou a ideia para Belo Horizonte, onde tem os seus veículos na Pampulha e Centro.

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?

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