Viajante Culinário

O que o Refettorio Gastromotiva nos ensina sobre fazer o bem

Foto: Tomas Rangel

Desde o dia 9 de agosto, nos primeiros dias dos Jogos Olímpicos Rio 2016, funciona no Rio de Janeiro a maior iniciativa de cultura e gastronomia solidária já vista no Brasil. O Refettorio Gastromotiva, um restaurante comunitário que trabalha com reaproveitamento de restos de alimentos e mão de obra voluntária, recebe diariamente mais de 100 pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade social, oferecendo acolhimento, dignidade e ainda os mais deliciosos e nutritivos menus elaborados por chefs do mundo todo.

A ideia, inspirada no Refettorio Ambrosiano desenvolvido pelo premiado chef italiano Massimo Bottura durante a ExpoMilão 2015, nasceu com o chef brasileiro David Hertz, fundador da ONG Gastromotiva, e logo ganhou o apoio da jornalista de gastronomia Alexandra Forbes e de Massimo. Juntos, conseguiram mobilizar outros chefs, artistas, ONGs, Prefeitura, empresas e inúmeros parceiros e transformar o projeto em realidade.

Durante os Jogos Rio 2016, os ingredientes das refeições vêm do excedente da pré-preparação dos alimentos que vão para o Parque Olímpico e voluntários. Outros alimentos são doados por parceiros, como o Grupo Benassi e o Carrefour. Ao final dos jogos, o Refettorio Gastromotiva pretende contar com outras parcerias para continuar sua a missão. Em menos de um mês de funcionamento, a iniciativa já nos trouxe grandes aprendizados sobre como é possível fazer e multiplicar o bem. Podemos nos espelhar:

“Sonho que se sonha junto é realidade”

As sábias palavras do Prelúdio de Raul Seixas cabem perfeitamente nessa empreitada construída a tantas mãos. Deu certo porque contou com a colaboração de muita, muita gente que acreditou na causa. Dos chefs, cozinheiros, ajudantes de cozinha e voluntários de todo o Brasil e do mundo, à Prefeitura e empresas parceiras. Dos artistas que construíram e coloriram a casa, aos que vieram se alimentar nela.

Foto: Angelo Dal Bó

Caridade não, inclusão sim

O chef Massimo Bottura garante: “esse é um projeto cultural, não de caridade”. É aí que começa o princípio da inclusão. Não julgue ninguém achando que ela não merece ou não precisa de alguma coisa. Qualquer pessoa é capaz de apreciar o melhor, à sua maneira. Sejam os pratos elaborados por grandes chefs, ou o espaço aprazível cuidadosamente criado por Vik Muniz, Irmãos Campana, Maneco Quinderé e o arquiteto Gustavo Cedroni.

Foto: Angelo Dal Bó

Grandes eventos podem e devem ser socialmente responsáveis

Sabemos que muitos eventos deixam de fora grande parte da população, além de contribuírem enormemente para a alta emissão de C02, consumo elevado e desperdício. O Refettorio e os Jogos Rio 2016, assim como a ExpoMilão, deram o exemplo de como é possível beneficiar também outra parte da população. Que sirvam de inspiração para muitos outros!

Foto: Monique Paoletti
Nosso desperdício pode alimentar pessoas

Todo o alimento desperdiçado no Brasil poderia alimentar 25 milhões de pessoas, além é claro de reduzir nossos gastos com novas compras. Isso sem contar o impacto que a matéria orgânica, gerando dióxido de carbono, causa ao meio ambiente. Com um pouco de pesquisa, estudo e bom senso, todos nós podemos criar lindos pratos aproveitando o alimento ao máximo!

Foto: Angelo Dal Bó

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?