Bagagem Leve

Por que um elefante precisa morrer para acordarmos?

No último dia 22 de abril, a elefanta Sambo, que transportava turistas nos arredores do templo Angkor Wat, no Camboja, morreu de calor e exaustão, depois de horas de trabalho seguidas e altas temperaturas, que variavam entre 40 e 45°C. Há anos, organizações de proteção de animal, associações e operadoras de turismo responsável e iniciativas independentes alertam para os maus tratos e condições inaceitáveis do turismo e transporte com elefantes, especialmente em países do sudeste da ásia, como Tailândia, India e Camboja, e nós não damos ouvidos. O turismo com elefantes tornou-se uma atividade de massa e lucrativa na região. Faz parte dos roteiros de grande parte dos viajantes.

Pode parecer uma aventura incrível passear em um elefante, mas será que, sabendo das crueldades pelas quais eles passam, não pode ser muito mais interessante apenas observá-los em seu habitat natural ou até ser voluntário em um santuário de conservação de elefantes?

No documentário An Elephant Never Forgets (Um Elefante Nunca Esquece), do comediante Joe Keogh, é possível observarmos as condições de trabalho dos elefantes ao acompanharmos um grupo de turistas britânicos em uma viagem à Tailândia. Assim como o documentário, organizações também denunciam as práticas que envolvem longas horas de trabalho, afastamento dos bebês das mães, ausências e faltas do habitat natural.

Na contra-mão desta triste tendência, o turismo responsável surge com o papel de alertar, explicar, conscientizar e atuar para que tais práticas findem e prevaleçam somente as do bem. Em 2014, a ONG britânica Tourism Concern publicou um artigo alertando para a importância de se pesquisar e entender cada iniciativa antes de optar ou reservar seu passeio. Segundo a organização, assim como há práticas irresponsáveis, há também um número de santuários, iniciativas e operações de turismo responsável. Basta confirmar se eles estão seguindo algumas regras básicas como o máximo de peso e horas de trabalho.

Operadoras responsáveis como as internacionais Responsible Travel e Intrepid Travel optaram por não trabalhar mais com passeios em elefantes (a não ser em casos muito especiais e confiáveis). Em compensação, elas oferecem oportunidades incríveis de visitas e voluntariados em santuários e reservas de elefantes! 🙂

Confira o documentário:

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?