Destino Internacional

Viajar pela Índia: 6 comportamentos naturais no país

viajar pela Índia
Foto: Ana Duék
Escrito por Ana Duék

Acabo de voltar da minha primeira visita à Índia, onde passei duas semanas para acompanhar a Adventure Travel Next, evento de turismo de aventura, realizado pela Adventure Travel Trade Association. Foi pouco tempo para viajar pela Índia, mas o suficiente para sentir a diferença em muitos comportamentos que, para nós do mundo ocidental, não parecem tão comuns. Ainda estou lendo, pensando e tentando entender muitos deles. Pode ser que na minha próxima ida ao país, eles pareçam mais naturais.

Posso dizer uma coisa: viajar pela Índia é uma experiência incrível e única. Mas não é tarefa fácil nem confortável, especialmente para as mulheres. Um país que parece estar se abrindo, com a chegada de muitos viajantes, mas ainda com uma cultura de muitos pensamentos machistas, e, contraditoriamente, de pessoas do bem, espiritualizadas, com essências fantásticas.

Decidi deixar aqui minhas observações e dicas de algumas atitudes e situações que me surpreenderam para você se preparar antes de chegar por lá e, quem sabe, entender melhor o que está acontecendo 😁. Lembro só que nada disso faz a Índia deixar de ter seu charme especial (aliás talvez até façam parte dele) e de merecer uma ou muitas visitas! Nos próximos posts você vai ver porquê!

1. Primeiro os homens, depois as mulheres:

Não sei se foi só comigo, que sou mulher, ou se realmente fila é uma palavra que não existe no vocabulário indiano. E olha que eu sou carioca e estou acostumada com nosso “jeitinho” especial de furar uma fila. Mas perdi a conta de quantos homens entraram descaradamente na minha frente nas filas, como se eu realmente não existisse. E filas existem muitas no segundo país mais populoso do mundo.

A aeromoça, na companhia aérea indiana, faz questão de servir primeiro o homem que estava ao meu lado e depois a mim, seguindo um sentido contrário ao usado normalmente pelas companhias por aqui (da janela para o corredor). Não crie expectativas. Nenhum homem nas ruas caóticas das grandes cidades irá parar e fazer a gentileza de deixar você passar. E é importante saber que, apesar de as mulheres serem 48% da população, nas ruas elas são muito menos e ainda estão ocupando seu espaço aos poucos. Nos hotéis e passeios turísticos, claro, a postura é bem diferente e posso dizer que fui mais do que bem tratada. 😍

 

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Há sempre muito mais homens que mulheres nas ruas das grandes e das pequenas cidades | Foto: Ana Duék

 

2. Segurança extrema nos aeroportos:

Se você acha que as checagens de segurança nos aeroportos dos Estados Unidos são as mais severas do mundo, então prepare-se para a Índia! Além de uma organização especial, que só eles mesmos entendem, você precisa apresentar seu bilhete aéreo umas 20 vezes até sair do aeroporto, e parte disso também é um cuidado para que você não entre no voo errado.

Preste bem atenção nas minhas dicas para você já chegar lá bem safo!

  1. Você só entra em qualquer aeroporto, desde o de Delhi até os pequenininhos, com seu passaporte e o comprovante de reserva ou bilhete aéreo do dia em mãos (ou no celular). Portanto, ninguém pode te acompanhar até dentro do aeroporto (somente do lado de fora) e nem dá para entrar lá quando você quiser. Acredite. Eu tentei ir comprar um chip de celular e dei de cara na porta! Já chegue com essas duas coisas nas mãos. Você vai precisar apresentá-las ao segurança na porta e também no check in. Mantenha os dois sempre em mãos. Eles ainda serão necessários mais algumas vezes!
  2. Em pequenos aeroportos da Índia é possível que você tenha que passar sua mala no raio x, antes de despachá-la. Nessa hora você precisa novamente apresentar seu cartão de embarque. Não esqueça de recolhê-la depois para despachar. São etapas diferentes.
  3. Siga para o raio x. Neste momento, preste atenção que existem 2 filas separadas para homens e mulheres. Suas coisas devem ser colocadas na esteira da mesma forma, com computadores e tablets do lado de fora, e na mesma esteira que a dos homens. Leve seu passaporte e cartão de embarque junto com você e siga para a fila feminina. Primeiro você passa em um sistema igualzinho ao dos Estados Unidos, naquela pose de “mãos ao alto”. Depois as mulheres seguem para uma cabine, onde são revistadas somente por mulheres, com mais privacidade. E seu bilhete aéreo vai ganhar um carimbo.
  4. Pronto! Ufa! Agora só falta mostrar o passaporte e cartão na hora de embarcar! Ah não! Melhor guardar o cartão de embarque para o desembarque. Eles podem pedir para conferir se é aquele mesmo o seu destino!

* Vou fazer uma pausa rápida aqui só para lembrar que todos os turistas internacionais precisam de visto para entrar na Índia. É um e-visa, fácil e rápido de tirar, que custa a partir de US$ 149 por pessoa, considerando uma taxa do governo + uma taxa de serviço.

Informações sobre o e-visa estão aqui: https://indianvisaonline.gov.in
Valores: http://bit.ly/2Gk2Iib

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Aeroporto de Nova Delhi | Foto: Ana Duék

 

3. Buzinas o tempo todo:

A primeira coisa que todo mundo te alerta quando você vai viajar para a Índia é sobre o trânsito caótico, certo? Mas você só se dá conta do tamanho da loucura realmente quando está lá. Além da quantidade e qualidade diferenciada de veículos, carros, caminhões, motos (muitas motos!), riquixás, bicicletas, carroças, os sinais de trânsito são quase inexistentes e pedestres, vacas, cachorros e cabras também disputam o mesmo espaço de forma quase caótica.

Um motorista contou a uma amiga. “Para dirigir na Índia você precisa de 3 coisas: boa buzina, bons freios e boa sorte!“. E, de fato, a buzina é a grande amiga de todos os motoristas. Eles tocam a cada 10 segundos, mesmo quando tudo está parado, e nós ficamos muitas vezes sem entender qual o sentido. Aliás, este é um dos pontos ainda mais intrigantes para mim… O jeito é entrar no clima, curtir o som, se jogar na frente dos carros para atravessar a rua e aproveitar a experiência. Afinal, incrivelmente, os acidentes são raríssimos.

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Um dos raros sinais de trânsito em Old Delhi | Foto: Ana Duék

 

4. Bebidas alcoólicas nem sempre:

Se você é daquelas pessoas que faz sempre questão de uma bebidinha para relaxar durante as viagens (ou mesmo fora delas), então reduza um pouco suas expectativas ao viajar pela Índia. Além dos hotéis ou estabelecimentos de proprietários muçulmanos, que normalmente não vendem bebidas alcoolicas, a Índia tem, no mínimo, 30 dias secos, os famosos Dry Days, por ano! Além de datas religiosas e comemorativas de grandes momentos, como a Independência da Índia (15 de agosto), as bebidas também são proibidas em dias de eleições. Alguns dias acontecem apenas em alguns estados, de acordo com celebrações locais. Se você já quer se preparar para 2019, aí vai uma lista inicial dos Dry Days na Índia: http://bit.ly/2LhKbSJ

5. Convites para selfies e fotos:

Ao viajar pela Índia, prepare-se para a sensação de virar famoso da noite para o dia. Fui avisada por um casal canadense, que conheci no metrô a caminho de Old Delhi, que as pessoas me pediriam para tirar fotos. Foi um bom aviso de última hora, então repasso a você! Não estranhe se alguém se aproximar pedindo uma selfie. E fique à vontade também para, quando quiser, negar educadamente. Muitas vezes, essas pessoas são casais, famílias, crianças. É uma boa oportunidade para você também levar uma boa foto para casa!

Foto: Viajar Verde

Foto: Ana Duék

 

6. Convivendo com a poluição:

Outra coisa que me surpreendeu bastante foi o nível de poluição em Nova Delhi e o excesso de sujeira nas ruas, rodovias e outras cidades. As recentes comemorações do festival Diwali, a mais famosa festa religiosa hindu, no início de novembro, elevaram ainda mais os níveis de poluição, deixando Delhi na primeira posição como a cidade mais poluída do mundo. O excesso de fogos de artifício, que fazem parte da festa, foram os responsáveis. O governo permitiu que os fogos de Diwali fossem estourados apenas durante um intervalo de 2 horas. Mas, aparentemente, a população estendeu bem o prazo.

Poucas pessoas nas ruas usam máscaras e eu não tive a oportunidade de entender até que ponto existe uma inquietação e uma conscientização com isso tudo. Muito menos se há uma proposta efetiva de mudança. O ar tóxico mata cerca de 1 milhão de pessoas por ano no país, de acordo com a ONG Health Effects Institute. A Índia vive ainda uma crise de gestão do lixo, com aumento constante da produção de resíduos. O lixo que vai para os aterros é queimado, agravando ainda mais os níveis de poluição. Só nos resta torcer para que tudo se resolva e fazer a nossa parte, evitando levar ainda mais lixo para lá!

Foto: Viajar Verde

 

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?