Mercado

Resorts all inclusive excluem negócios locais?

Foto: Couples Hotel

por David Simpson – para o Travindytravindy-logo-square-green-red

Um artigo de 2015 de Gordon e Harris, recentemente integrado à base de dados IDEAS, analisa como foram as tentativas bem sucedidas do governo da Jamaica de ligar negócios turísticos a fornecedores locais.

No modelo all inclusive de turismo, hóspedes pagam antecipadamente por férias que incluem transfers de ida e volta do hotel ao aeroporto, acomodações com alimentação ilimitada, bebidas e entretenimento. É atrativo para os hóspedes de forma que eles sabem antecipadamente o custo total de suas férias, apenas com souvenirs e passeios precisando ser pagos por fora.

Mas, para os destinos onde as férias em resorts all inclusive são grande parte dos negócios do turismo, isso significa menos oportunidades para restaurantes locais, bares e outras empresas de lazer se beneficiando dos gastos dos turistas. Pode haver um grande vazamento de dinheiro do destino. Há um reduzido efeito multiplicador de turistas gastando, ao mesmo tempo em que o dinheiro deixa de entrar na comunidade e o modelo impede visitantes de experimentarem a cultura do destino, uma vez que eles raramente interagem com a comunidade. Para contrariar isso, existem resorts que oferecem excursões operadas por negócios locais e tentativas de promover o uso de fornecedores locais para alimentos e bebidas.

O modelo all inclusive na Jamaica foi iniciado pela SuperClubs, com o Couples Hotel em Ocho Rios, em 1978. Empresas controladas por Jamaicanos, a SuperClubs e a Sandals operam a maioria dos hotéis all inclusive, embora negócios espanhóis e internacionais também marquem presença no país. O turismo é parte dominante da economia da Jamaica, com total direto e indireto de contribuição para o PIB e emprego estimados em 27% e 25%, respectivamente. Mas a predominância do modelo all inclusive de hotéis isola visitantes de outros mercados locais e a Jamaica está entre os mais baixos países do hemisfério ocidental em termos de padrão de vida. Em 2010, o governo jamaicano, em colaboração com a indústria do turismo, desenvolveu um Plano Master estratégico para mobilizar a indústria no caminho do desenvolvimento e sustentabilidade. O Plano Master definiu cinco objetivos críticos: crescimento baseado em uma posição de mercado sustentável, aumentando a experiência do visitante, o desenvolvimento comunitário, a sustentabilidade ambiental e a promoção de uma indústria inclusiva. O artigo de Gordon e Harris avalia como o plano foi bem-sucedido em alcançar esses objetivos.

Foto: Turtle Bay Resort

No Havaí, o Turtle Bay é um dos resorts que já trabalham há bastante tempo com a sustentabilidade

Uma das inciativas destinava-se a desenvolver oportunidades para que os locais pudessem conduzir negócios com os visitantes. No entanto, o artigo ilustra que o nível de negócios experimentado por vendedores de artesanato e informais locais não reflete o crescimento observado nas chegadas de turistas na Jamaica ao longo dos últimos anos. Esses empresários reportam uma redução no tráfego de turismo bem como redução na quantidade de dinheiro sendo gasta pelos turistas que os visitam. Isso pode refletir a dominância do turismo all inclusive, onde vendedores locais são mantidos à distância de hotéis e praias privadas. Poucos turistas aventuram-se para fora dos resorts. Os que o fazem, devem ser alvejados de forma mais agressiva pelos vendedores, desesperados por fazer negócios, assim desencorajando ainda mais os turistas de saírem de seus resorts para não serem incomodados.

Grandes números de turistas visitantes deveriam em teoria trazer grande mercado potencial para fazendeiros locais fornecerem sua produção a hotéis e restaurantes. No entanto, o setor agrícola sofre de um inexistente sistema de gestão da cadeia de suprimentos e da oferta insuficiente necessária para atender à demanda, tanto da indústria hoteleira, quanto dos outros mercados locais. Como resultado, o estudo descobriu que foi feito um progresso limitado para aumentar a quantidade de produtos vendidos por fazendeiros locais para a indústria hoteleira e especificamente para resorts all inclusive.

Das três iniciativas delineadas para melhorar as conexões do turismo, a participação das vilas, guest houses e apartamentos foram as mais consistentes. A parcela de negócios de turismo contabilizados por esta categoria não diminuiu nem aumentou, mas permaneceu estável ao longo da última década. No geral, concluímos que ainda existem oportunidades consideráveis de reforçar o turismo.

Enquanto na maioria das áreas o progresso foi decepcionante, o autor sugere que ainda há oportunidades consideráveis de aumentar as ligações do turismo com a economia ampla, em conformidade com o plano estratégico do governo. Organizações ativamente envolvidas em desenvolver as várias conexões deveriam estar cientes do valor da infraestrutura bem mantida em mercados de artesanato local, bem como da importância das inovações nos itens vendidos. Investimentos em tecnologias agrícolas de redução de custos são também vitais para a manutenção de produtos de alta qualidade que são globalmente competitivos.

Leia o texto original de David Simpson e baixe o artigo de Gordon e Harris aqui

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?