Viajante Responsável

Quatro países, sete noites. Três cidades, um dia

“Circuito Londres e Países Baixos. (Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra) 07 noites. Roteiro­ – Dia 1: Café da manhã na cidade X e partida para cidade Y. Na chegada, ‘tempo livre”. À tarde, cruzeiro para desfrutar da maravilhosa paisagem. Continuação da viagem rumo à cidade Z. Tour panorâmico. Hospedagem” *

Acredite não é uma maratona. Talvez este tenha sido o roteiro da sua última viagem de férias ou da próxima (quem sabe?). Quatro países, sete noites. Três cidades, um dia. É certo que os avanços nos meios de transporte, tecnologia e mobilidade nos permitem diminuir distâncias. Nossa capacidade de movimento mudou. Estamos sempre on the move, mesmo estando em boa parte do tempo imóveis. Vide as imagens, informações de destinos que facilmente acessamos digitalmente em smartphones, tablets, notebooks, por exemplo.

Todo o processo do turismo demanda experimentação desde o primeiro contato, o deslocamento, conhecimento in loco e o retorno com expectativas atendidas ou não. Fato que a nossa percepção do tempo mudou. Estaríamos nos privando de vivenciar o turismo por esta nova percepção? Ou como diria um autor que admiro: “Perdemos a graça de viver os lugares com graça”. **

Tenho apreço por lugares onde estive e estarei. Respeito por suas manifestações culturais, existenciais. Gosto de pensar que cada lugar tem sua alma fruto do patrimônio (cultural, natural, histórico) ali existente. A cada retorno lembranças recentes se misturam com a motivação para novos roteiros. Esse turismo apressado e urgente não me encanta, não me fascina. Também não consigo parar de pensar no impacto na sustentabilidade local.

Quatro países em sete noites, leva­-nos a repensar nosso modo de vida e de se relacionar. Entre idas e vindas, roteiros ‘pré­-fabricados’ o que realmente levamos do lugar? O que fica em nossa memória?

Minha relação com o turismo é de longa data, talvez meu pensamento seja romântico num mundo ‘on the move / all time’, mas minhas melhores lembranças de viagem são as não engessadas por um roteiro inadequado. Sou adepta e defensora do slow travel***. Mais do que um modo de viajar para mim é um reaprender a viajar melhor. Sendo turismo experimentação, quero vivenciá­-lo com graça. E o que essa romântica pode te dizer é: Permita­-se o encantamento passo a passo!

Notas:

* Circuito (adaptado) disponível em site de Operadora de Viagens online.
** Frase de Eduardo Yázigi no livro: ‘A Alma do Lugar, turismo, planejamento e cotidiano’. Editora Contexto (2001)
*** Slow travel: modo de viajar com ritmo desacelerado, roteiros que priorizam a experimentação e conhecimento de determinada localidade, sem pressa.

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Sobre o Autor

Eliane Costa

Eliane Costa é Turismóloga, Mestranda em Turismo e entusiasta da educação ambiental. Escreve no blog redatoratour e no site Viajar Verde. Tem interesse em Turismo Sustentável, Slow Travel e Tecnologia. Acredita que toda forma de turismo deve ser sustentável.