Viajante Natural

O que ninguém perguntou sobre o tubarão branco que entrou na gaiola

Foto: Gansbaai Shark Cage Diving

Na última semana a internet se mobilizou com um vídeo que mostra um tubarão branco invadindo uma gaiola durante um mergulho com tubarões na Ilha de Guadalupe, na costa oeste do México. Felizmente, o único turista mergulhador que estava na gaiola escapou com vida. Mas, dentro da grande repercussão dada pela imprensa e pelas mídias sociais, a informação mais importante ficou esquecida: aquela operação era segura?

O mergulho em gaiolas para observar tubarões tem atraído cada vez mais turistas e aventureiros e é popular principalmente na Austrália (onde foi criado), na África do Sul, nas Bahamas e na Reserva da Biosfera da Ilha de Guadalupe, na Baja California, no México. Existem várias divergências sobre a ética, segurança e bem-estar animal que envolvem esta prática. Mas a mais questionada é oferta de iscas ao redor da gaiola para atrair os tubarões e tornar então a experiência mais “radical”.

Segurança no mergulho com tubarões

Para garantir a segurança dos mergulhadores e também a sobrevivência dos tubarões brancos, que reúnem espécies ameaçadas, foi publicado um Manual de Boas Práticas para a Observação do Tubarão Branco Mediante o Mergulho em Gaiola na Reserva da Biosfera da Ilha de Guadalupe, que orienta sobre práticas de segurança, manejo, proibições no contato com o animal e obrigatoriedades e deveres dos operadores turísticos. Entre as normas estão a proibição da captura ou retenção de animais vivos ou mortos e a proibição da oferta de qualquer tipo de atrativo, isca ou alimento para os tubarões a partir da gaiola.

Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas do México (Conanp) está investigando a possibilidade de a isca ter sido deslocada até dentro da jaula, o que fez com que o tubarão se confundisse, sofresse o impacto, rompesse as grades e depois saísse pela parte superior com o abdômen machucado. Além disso, a Conanp afirmou que foi concluído o processo de modificação do Programa de Manejo da Reserva da Ilha de Guadalupe, onde foi estabelecida a seguinte Regra Administrativa:

“Os materiais para elaboração das gaiolas e a estrutura para a elaboração das mesmas não devem afetar, ferir ou danar os tubarões, assim as articulações ou uniões das barras deverão ser soldadas a fim de evitar arestas cortantes e devem proteger os cantos com materiais macios que minimizem ou amortizem qualquer choque ou impacto. A abertura máxima das barras horizontais será de 30 cm”.

A Conanp informou que, após a investigação, os responsáveis serão punidos.

Veja outras regras para o mergulho com tubarões em gaiolas, de acordo com o Manual de Boas Práticas para a Observação do Tubarão Branco:
  1. mergulho com tubarõesEstá estritamente proibida a captura ou manipulação do tubarão branco.
  2. Está estritamente proibido o nado ou mergulho fora da jaula
  3. O operador ou permissionário deverá assegurar-se de que sua tripulação tenha o maior cuidado possível para evitar lesionar os tubarões brancos durante as atividades de mergulho na gaiola.
  4. É estritamente proibido utilizar qualquer atrativo que não tenha a autorização da SEMAR.
  5. Os operadores deverão assegurar que ao menos dois membros de sua tripulação, em cada viagem, contem com experiência e certificação de dive master.
  6. Está estritamente proibido oferecer qualquer tipo de isca ou alimento aos tubarões brancos de dentro de qualquer tipo de gaiola de observação.
  7. É estritamente proibido o uso de buzinas submarinas e hidrofones que perturbem o meio aquático mediante a emissão de música ou sons de baixa frequência, respectivamente.
  8. O operador responsável dará por terminada a prática de mergulho a qualquer pessoa que coloque qualquer apêndice corporal para fora da gaiola ou tente sair da gaiola enquanto ela está submersa.
  9. É proibido tocar os tubarões.
  10. Em caso de um tubarão apresentar insistência em aproximar-se das gaiolas ou com um comportamento potencialmente perigoso, tanto para os passageiros, quanto para o próprio tubarão, o operador responsável deverá remover os mergulhadores da gaiola e retirar as mesmas de imediato.

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?