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Airbnb não beneficia comunidades negras

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Escrito por Ana Duék

Um novo estudo mostra que os benefícios econômicos do Airbnb para setores complementares à hospedagem, como alimentação e lazer, estão limitados aos bairros de maioria branca. Quando se tratam de bairros negros ou hispânicos, os pesquisadores não encontraram nenhum indício de impacto econômico positivo.

“O Airbnb fez repetidas alegações de que ajuda a economia local em bairros negros, especialmente na cidade de Nova York”, disse Mohammad Rahman, autor do estudo e professor associado de administração da Krannert School of Management da Purdue University. “Não encontramos nenhuma evidência desse efeito econômico positivo”.

Os resultados sugerem que os hóspedes do Airbnb, ao invés de explorar e gastar nos bairros de hospedagem barata, preferem gastar nos destinos turísticos mais tradicionais, disse Rahman. “Essas atividades de economia compartilhada seguem regulamentos como as leis de zoneamento, trazendo os visitantes para áreas onde eles não iriam normalmente”, disse Rahman. “Mas as pessoas que ficam em bairros minoritários provavelmente não andam por eles e gastam seu dinheiro. Elas ficam felizes em ficar nessas áreas porque é uma alternativa mais barata, mas elas não se sentem confortáveis em sair, ou os restaurantes não correspondem às suas preferências. Não podemos dizer com certeza que é o resultado do racismo. Nosso próximo passo é descobrir isso”.

Há algum tempo o Airbnb vem sendo questionado por incentivar a gentrificação, ocupando imóveis valiosos em bairros de baixa renda, e alugando para turistas ricos. O racismo também é uma acusação frequente à plataforma e a seus anfitriões e inclusive já levou o Airbnb a fazer parcerias para combatê-lo. Outro estudo de 2015 com 6 mil anfitriões mostrou que negros americanos tinham 16% menos chance de conseguir alugar um quarto ou apartamento.

Leia mais: um dia no quilombo com Diáspora Black

Os frequentes episódios de racismo e o desconforto, até mesmo por parte dos hóspedes, incentivou a criação da Diáspora Black, uma plataforma de hospedagem similar, mas com princípio de valorização da cultura e das comunidades negras. “A gente não tem nenhum tipo de distinção no critério de cadastro. Pelo contrário, a gente não quer fazer nenhum tipo de discriminação. É para todas as pessoas que têm em comum o interesse pela cultura negra”, explica o sócio-fundador Antonio Pita.

Com informações da EurekAlert e Inverse

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Sobre o Autor

Ana Duék

Jornalista de viagens com Mestrado em Gestão de Turismo e Hospitalidade pela Middlesex University (Londres). Desde 2015 defendendo um turismo mais consciente. Acredito que as viagens podem gerar mais impactos positivos para viajantes e para os destinos que nos recebem. Vamos descobrir como?